“Não é razoável achar normal um general quatro estrelas do Exército, ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas”, afirmou
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez duras críticas nesta terça-feira (9) à atuação do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), durante a análise do julgamento que envolve Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados acusados de liderar uma conspiração golpista.
Segundo Moraes, Heleno teve participação ativa na organização criminosa chefiada pelo ex-presidente, que tinha como objetivo deslegitimar o processo eleitoral e se perpetuar no poder. “Não é razoável achar normal um general do Exército, general quatro estrelas, ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas, preparando a execução de atos para deslegitimar as eleições, o Judiciário e para se perpetuar no poder. Não consigo entender como alguém pode achar normal em uma democracia, em pleno século XXI, uma agenda golpista”, afirmou.
◉ Organização criminosa e ataque à democracia
Moraes destacou que, a partir de junho de 2021, a organização criminosa iniciou atos executórios com o objetivo de enfraquecer o sistema de freios e contrapesos e atacar diretamente o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral. O ministro explicou que o grupo se dedicou a criar e divulgar narrativas falsas sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas, colocando em xeque a credibilidade do processo eleitoral.
“A finalidade era a perpetuação no poder, seja mediante um controle do Judiciário e do TSE, seja desrespeitando as regras da democracia e as eleições de 2022”, ressaltou o relator.
◉ Abin paralela e uso da máquina pública
Outro ponto sublinhado por Moraes foi o uso ilegal da estrutura do Estado para favorecer o projeto golpista. O ministro citou a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do próprio GSI, sob comando de Heleno, na criação da chamada “Abin paralela”, utilizada para monitorar adversários políticos e disseminar desinformação.
De acordo com Moraes, essa estrutura paralela serviu como ferramenta para alimentar a narrativa de vulnerabilidade das urnas eletrônicas e reforçar ataques à Justiça Eleitoral. “Os integrantes da organização criminosa utilizaram ilicitamente a Abin para concepção do seu projeto de manutenção no poder, sem a existência de freios e contrapesos por parte do Judiciário”, declarou.
Fonte: Brasil 247
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