terça-feira, 9 de setembro de 2025

Defesa de Bolsonaro aposta na saúde para conseguir prisão domiciliar

Já cientes da provável condenação de Bolsonaro, advogados querem evitar que ele seja enviado para a cadeia

      Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/Print de vídeo da REUTERS)

Jair Bolsonaro (PL) prepara uma estratégia para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe seja concedida prisão domiciliar em caso de condenação no julgamento da trama golpista, informa a Folha de S.Paulo. O cálculo da defesa é que, diante de uma possível pena superior a 40 anos, a alternativa seria reforçar a tese de problemas de saúde e tentar evitar que o ex-mandatário seja enviado a uma unidade prisional.

Atualmente, Bolsonaro já cumpre prisão domiciliar, medida imposta desde o início de agosto por descumprimento de determinações cautelares do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O julgamento na 1ª Turma da corte deve ser concluído até sexta-feira (12), mas uma eventual prisão em regime fechado só ocorreria em novembro, de acordo com aliados.

☉ Defesa mira laudos médicos para reforçar pedido

Segundo pessoas próximas, a linha de defesa aposta em relatórios médicos já apresentados — e possivelmente em novos exames — para embasar a solicitação. As maiores dúvidas agora se concentram na dosimetria da pena e na definição do local de cumprimento: prisão domiciliar, carceragem da Polícia Federal ou o Complexo da Papuda, em Brasília.

Um interlocutor ouvido pela Folha destacou que “o Supremo não colocará Bolsonaro para cumprir sentença fora de casa porque haveria risco de morte, e isso politicamente seria ruim para todos”. Além disso, aliados relatam que seu quadro psicológico estaria fragilizado, embora não classifiquem o caso como depressão.

☉ Saúde em foco: crises e novos exames

Bolsonaro tem relatado crises de soluço e episódios de vômito que o impediriam de acompanhar integralmente as sessões do julgamento. Seus advogados alegaram problemas de saúde para justificar a ausência do ex-presidente no plenário. Mais recentemente, pediram autorização para que ele passe por um procedimento cirúrgico de remoção de pintas no próximo domingo (14), a fim de investigar um possível câncer de pele. Exame semelhante já havia sido feito em 2019, durante seu primeiro ano de governo, com resultado negativo.

☉ Família e aliados apontam desgaste

O estado de saúde do ex-presidente tem sido relatado também por seus apoiadores. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou em entrevista à Folha que Bolsonaro “sofre o tempo todo com soluço, passando mal, vomitando”. Segundo ele, uma prisão em regime fechado equivaleria a “querer matar o presidente”. Nogueira ainda ressaltou que Bolsonaro estaria em pior situação do que em 2022, quando enfrentou problemas de saúde como erisipela e um quadro de abatimento após perder a reeleição.

Seu filho Carlos Bolsonaro (PL), vereador no Rio de Janeiro, também relatou a fragilidade do pai: “O velho [Bolsonaro] está magro, não tem vontade de se alimentar e segue enfrentando intermináveis crises de soluço e vômitos. Dói demais ver tudo isso, mas sinto como obrigação compartilhar um pouco da realidade do momento com todos que estão sofrendo junto conosco”, escreveu em 29 de agosto.

☉ Visitas e relatos de abatimento

Desde a prisão domiciliar, Moraes autorizou que filhos e cunhados visitem Bolsonaro sem necessidade de aval prévio do Judiciário. Outros aliados que tiveram contato recente confirmaram o cenário de abatimento e fragilidade. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que o encontrou sereno, ainda que com crises de soluço. Já o presidente do PL disse que Bolsonaro estava “muito abatido”, acrescentando que “se estivesse livre, ele sarava na hora”.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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