Já cientes da provável condenação de Bolsonaro, advogados querem evitar que ele seja enviado para a cadeia
Jair Bolsonaro (PL) prepara uma estratégia para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe seja concedida prisão domiciliar em caso de condenação no julgamento da trama golpista, informa a Folha de S.Paulo. O cálculo da defesa é que, diante de uma possível pena superior a 40 anos, a alternativa seria reforçar a tese de problemas de saúde e tentar evitar que o ex-mandatário seja enviado a uma unidade prisional.
Atualmente, Bolsonaro já cumpre prisão domiciliar, medida imposta desde o início de agosto por descumprimento de determinações cautelares do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O julgamento na 1ª Turma da corte deve ser concluído até sexta-feira (12), mas uma eventual prisão em regime fechado só ocorreria em novembro, de acordo com aliados.
☉ Defesa mira laudos médicos para reforçar pedido
Segundo pessoas próximas, a linha de defesa aposta em relatórios médicos já apresentados — e possivelmente em novos exames — para embasar a solicitação. As maiores dúvidas agora se concentram na dosimetria da pena e na definição do local de cumprimento: prisão domiciliar, carceragem da Polícia Federal ou o Complexo da Papuda, em Brasília.
Um interlocutor ouvido pela Folha destacou que “o Supremo não colocará Bolsonaro para cumprir sentença fora de casa porque haveria risco de morte, e isso politicamente seria ruim para todos”. Além disso, aliados relatam que seu quadro psicológico estaria fragilizado, embora não classifiquem o caso como depressão.
☉ Saúde em foco: crises e novos exames
Bolsonaro tem relatado crises de soluço e episódios de vômito que o impediriam de acompanhar integralmente as sessões do julgamento. Seus advogados alegaram problemas de saúde para justificar a ausência do ex-presidente no plenário. Mais recentemente, pediram autorização para que ele passe por um procedimento cirúrgico de remoção de pintas no próximo domingo (14), a fim de investigar um possível câncer de pele. Exame semelhante já havia sido feito em 2019, durante seu primeiro ano de governo, com resultado negativo.
☉ Família e aliados apontam desgaste
O estado de saúde do ex-presidente tem sido relatado também por seus apoiadores. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou em entrevista à Folha que Bolsonaro “sofre o tempo todo com soluço, passando mal, vomitando”. Segundo ele, uma prisão em regime fechado equivaleria a “querer matar o presidente”. Nogueira ainda ressaltou que Bolsonaro estaria em pior situação do que em 2022, quando enfrentou problemas de saúde como erisipela e um quadro de abatimento após perder a reeleição.
Seu filho Carlos Bolsonaro (PL), vereador no Rio de Janeiro, também relatou a fragilidade do pai: “O velho [Bolsonaro] está magro, não tem vontade de se alimentar e segue enfrentando intermináveis crises de soluço e vômitos. Dói demais ver tudo isso, mas sinto como obrigação compartilhar um pouco da realidade do momento com todos que estão sofrendo junto conosco”, escreveu em 29 de agosto.
☉ Visitas e relatos de abatimento
Desde a prisão domiciliar, Moraes autorizou que filhos e cunhados visitem Bolsonaro sem necessidade de aval prévio do Judiciário. Outros aliados que tiveram contato recente confirmaram o cenário de abatimento e fragilidade. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que o encontrou sereno, ainda que com crises de soluço. Já o presidente do PL disse que Bolsonaro estava “muito abatido”, acrescentando que “se estivesse livre, ele sarava na hora”.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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