Presidente do Supremo rebate ataques feitos em ato pró-Bolsonaro e afirma que ditadura foi um “mundo de sombras” sem devido processo legal
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reagiu nesta segunda-feira (8) às críticas feitas contra a Corte durante as manifestações de 7 de setembro, em São Paulo. Durante o ato, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e autoridades políticas acusaram o STF de agir de forma arbitrária no julgamento da trama golpista.
O principal ataque partiu do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chamou o ministro Alexandre de Moraes de “ditador” e “tirano”. Em resposta, Barroso ressaltou que a Justiça brasileira atua de forma pública e transparente. “Não gosto de ser comentarista do fato político do dia e estou aguardando o julgamento para me pronunciar em nome do Supremo Tribunal Federal. A hora para fazê-lo é após o exame da acusação, da defesa e apresentação das provas, para se saber quem é inocente e quem é culpado. Processo penal é prova, não disputa política ou ideológica”, afirmou o ministro em mensagem enviada à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo..
Barroso destacou a diferença entre o funcionamento da democracia e o período da ditadura militar. “Por ora, o que posso dizer é que, tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem”, declarou.
Durante a ditadura militar, apoiada por Jair Bolsonaro, ministros do STF foram cassados, o habeas corpus foi suspenso e opositores políticos sofreram prisões arbitrárias, tortura e até assassinatos. Barroso ressaltou que o atual modelo de julgamento garante o acompanhamento da sociedade e da imprensa, reforçando a legitimidade das decisões.
No ato de 7 de setembro, realizado na avenida Paulista, Tarcísio de Freitas disse que Bolsonaro não estaria recebendo um julgamento justo e classificou como “mentirosa” a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que citou o ex-mandatário no planejamento de um golpe de Estado. Segundo o governador, a delação teria sido feita sob coação.
“Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega”, afirmou o governador em tom de desafio ao Supremo. Diante da multidão, que exibiu bandeiras de Israel e dos Estados Unidos, Tarcísio voltou a atacar Moraes: “Não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer”.
Quando o público entoou gritos de “fora, Moraes”, o governador reforçou as críticas: “Por que é que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país”.
As declarações do governador aumentaram a tensão entre os poderes e colocaram ainda mais pressão sobre o STF no julgamento que envolve Jair Bolsonaro e a acusação de tentativa de golpe. O julgamento será retomado nesta terça-feira (9).
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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