sexta-feira, 11 de julho de 2025

Jornal francês chama Trump de “mafioso internacional” por interferência na política brasileira

 

Lula, presidente do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Les Echos diz que Lula “subiu no ringue, ignorando a ameaça” e lembrou que seu governo pode responder na mesma moeda. O diário avalia que Trump está irritado pelo fato de o Brasil pertencer ao Brics, que busca uma outra solução ao uso do dólar nas transações comerciais e ao domínio dos Estados Unidos no comércio internacional.

✱ Incoerência das medidas

O canal francês BFMTV dedicou sua crônica de economia ao assunto. A análise da emissora cita “a incoerência” da futura tarifa imposta ao Brasil, sob a alegação errônea de Trump de que existiria um suposto excedente comercial com os Estados Unidos. “Não vemos onde está a injustiça já que são os Estados Unidos que registram um superávit com o Brasil, de US$ 7,4 bilhões em 2024”, apontou a emissora.

“Será que Trump está realmente cogitando interromper o julgamento de Bolsonaro ou esse é apenas um pretexto para encher os cofres dos Estados Unidos?”, questionou a jornalista Caroline Loyer. Para ela, qualquer uma das opções suscita o temor de uma grave crise diplomática entre os dois países.

Fonte: DCM

"Não há alternativa ao multilateralismo", diz Lula, em vários jornais internacionais

Presidente alerta para o risco de colapso da ordem global e propõe reconstrução das instituições multilaterais com justiça, inclusão e solidariedade

       Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou, nesta sexta-feira (11), um artigo de grande repercussão internacional em alguns dos principais jornais do mundo, como Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido), Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina) e La Jornada (México). No texto, Lula faz um chamado urgente à reconstrução do multilateralismo como resposta ao avanço das guerras, das desigualdades e da destruição ambiental.

Segundo o presidente brasileiro, 2025 deveria ser um ano de celebração pelos 80 anos da criação da ONU, mas corre o risco de ser lembrado como o marco do colapso da ordem internacional instituída em 1945. “As fissuras já eram visíveis há muito tempo”, afirma. Ele cita como exemplos a invasão ao Iraque, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, criticando o uso recorrente da força por membros permanentes do Conselho de Segurança. E acrescenta: “a omissão diante do genocídio em Gaza representa uma negação dos valores mais básicos da humanidade”.

Lula também denuncia a deterioração do sistema de comércio global. Ele afirma que o multilateralismo comercial está sendo ameaçado por medidas unilaterais, como tarifas protecionistas, que desorganizam cadeias de valor e geram estagnação com inflação. O presidente lamenta o esvaziamento da OMC e o abandono da Rodada de Doha.

Ao analisar os efeitos da crise financeira de 2008, Lula responsabiliza a agenda neoliberal pela decisão de “salvar os super-ricos e grandes corporações às custas de cidadãos comuns e pequenos negócios”, o que aprofundou a desigualdade social. Ele aponta que o 1% mais rico do planeta acumulou, na última década, US$ 33,9 trilhões — valor 22 vezes superior ao necessário para erradicar a pobreza no mundo.

Outro ponto central do artigo é o alerta contra o enfraquecimento do Estado e a perda de confiança nas instituições públicas, que abre espaço para o avanço de projetos políticos extremistas e autoritários. “A insatisfação tornou-se terreno fértil para narrativas extremistas que ameaçam a democracia e promovem o ódio como projeto político”, escreve.

Lula também critica o abandono da cooperação internacional em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apontando a burocracia e as condições abusivas impostas a países em desenvolvimento. “Não se trata de caridade, mas de reparar séculos de exploração, interferência e violência contra os povos da América Latina e do Caribe, da África e da Ásia”, afirma.

Sobre as mudanças climáticas, o presidente ressalta que os países pobres são os que mais sofrem com os impactos, embora os mais ricos tenham maior responsabilidade histórica pelas emissões de carbono. Ele lembra que 2024 foi o ano mais quente da história e denuncia o descumprimento das promessas financeiras feitas na COP15, enquanto os gastos militares da OTAN seguem aumentando.

Para Lula, as instituições multilaterais ainda são indispensáveis e seus benefícios são concretos, como demonstram os avanços na erradicação da varíola, a preservação da camada de ozônio e a proteção dos direitos trabalhistas. No entanto, ele reconhece que a arquitetura institucional atual está ultrapassada: “se as organizações internacionais parecem ineficazes, é porque sua estrutura não reflete mais a realidade contemporânea”.

O presidente encerra o artigo com um apelo à diplomacia e à reconstrução de um multilateralismo verdadeiro, capaz de responder às angústias da humanidade. “É preciso reencontrar os fundamentos do verdadeiro multilateralismo — aquele que possa responder ao clamor de uma humanidade angustiada com o seu futuro”, escreve. E conclui: “só assim deixaremos de assistir, passivamente, ao avanço da desigualdade, ao absurdo da guerra e à destruição do nosso próprio planeta”.

Com essa publicação em diversos jornais influentes, Lula reafirma a posição do Brasil como defensor de uma ordem internacional pautada pelo diálogo, pela justiça e pela cooperação entre os povos. Em sua presidência do G20 em 2024, e agora à frente dos BRICS e da COP30, o país tem buscado mostrar que é possível encontrar consensos mesmo em cenários adversos.

Fonte: Brasil 247

Além de Bolsonaro, proteção a big techs está por trás da guerra comercial de Trump contra o Brasil

Governo dos EUA reage ao julgamento do Marco Civil da Internet pelo STF e amplia tensão com o Brasil sob alegação de ataque à liberdade de expressão

           Jair Bolsonaro, de costas, e Alexandre de Moraes (Foto: Antonio Augusto/STF)

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi motivada também pelo julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que ampliou a responsabilização das plataformas digitais, segundo a Folha de S. Paulo.

Segundo três fontes com conhecimento das tratativas internas da Casa Branca, a decisão foi interpretada por aliados de Trump como mais um movimento do Judiciário brasileiro contra a liberdade de expressão, especialmente após a Corte impor novas obrigações às empresas de tecnologia por meio da reinterpretação do Marco Civil da Internet.

★ Julgamento do STF gerou desconforto em Washington - O STF decidiu que, a partir de agora, as redes sociais poderão ser responsabilizadas por conteúdos nocivos mesmo sem ordem judicial prévia, desde que estejam listados como manifestamente ilegais. Essa mudança foi classificada por membros do governo Trump como uma tentativa de silenciar a liberdade de expressão e desestabilizar a democracia a fim de sustentar um governo "impopular”.

Essa avaliação foi compartilhada por aliados de Jair Bolsonaro (PL), que vêm articulando nos Estados Unidos uma campanha contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo interlocutores citados pela reportagem, as redes sociais foram cruciais para a mobilização da base bolsonarista, inclusive durante os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, e o novo entendimento do STF foi visto como censura.

★ Retaliação americana ganhou força após pressão bolsonarista - Antes da decisão tarifária, a resposta cogitada pelos assessores de Trump limitava-se à aplicação de sanções individuais, como a proibição de visto e o congelamento de ativos do ministro Alexandre de Moraes. Mas, nas reuniões da semana passada, que contaram com a presença de Trump, o grupo decidiu intensificar a ofensiva. O julgamento do STF e outras decisões judiciais contra empresas americanas, como a Rumble — que hospeda conteúdos da Truth Social, rede do próprio Trump — serviram de catalisador.

A carta enviada por Trump ao governo brasileiro cita “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”. O presidente também afirmou que o STF teria adotado “centenas de decisões secretas” para remover conteúdos e suspender contas de redes sociais, expulsando assim empresas americanas do país.

★ Tarifas surpreenderam até aliados de Trump - A imposição da tarifa de 50% não era a recomendação técnica do USTR, órgão do governo americano responsável por comércio exterior. Até a sexta-feira (4), negociadores dialogavam com representantes do Brasil sobre medidas comerciais mais específicas, mas a orientação para uma tarifa ampla não partiu do setor técnico.

Martin de Luca, advogado da plataforma Rumble, declarou que “quando se trata de liberdade de expressão e empresas de tecnologia, acho que primeiro é preciso reconhecer que as ordens de Moraes deveriam ser rescindidas”. Para ele, esse seria um gesto que poderia reverter a escalada das tensões.

Contudo, ministros do STF e integrantes do governo brasileiro descartam completamente a possibilidade de retroceder nas decisões contra as big techs. A chance de isso acontecer é nula, disse uma autoridade em condição de anonimato.

★ Pressão pode aumentar, mas Brasil evita recuar - A expectativa de Trump e seu entorno é de que a medida leve o Brasil a rever suas posturas em relação às plataformas digitais.

Na mesma carta, Trump sinaliza que o Brasil poderia evitar a continuidade das tarifas caso empresas nacionais decidam abrir fábricas nos EUA. No entanto, não está claro se haverá interlocução oficial para negociar os termos dessa flexibilização.

Por ora, sanções pessoais a autoridades brasileiras, especialmente a Moraes, continuam sendo estudadas, mas ainda sem data para serem anunciadas.

Fonte> Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Governo Lula cogita taxar etanol dos EUA como retaliação seletiva a tarifa de Trump

Medida busca evitar impacto na inflação ao focar em produto com baixa sensibilidade econômica no Brasil

  (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Diante da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda medidas de retaliação. Segundo a Folha de S. Paulo, uma das alternativas em análise é aplicar tarifas sobre o etanol importado dos EUA, considerado um item com baixo impacto no abastecimento interno e nos preços dos combustíveis.

A estratégia brasileira, em formulação por autoridades da área econômica e diplomática, é evitar uma retaliação generalizada. A ideia central é adotar uma resposta seletiva, mirando produtos norte-americanos que tenham menor sensibilidade para a economia brasileira, com o objetivo de preservar a estabilidade dos preços no mercado interno, especialmente dos combustíveis.

☆ Etanol e petróleo na mira, mas com cautela - Apesar de o pacote tarifário anunciado por Trump afetar uma gama ampla de produtos nacionais, técnicos do governo avaliam que a exportação brasileira de petróleo bruto, principal item vendido aos EUA, não será fortemente impactada. Isso porque o mercado de petróleo é altamente líquido e a Petrobras, maior exportadora da commodity, teria facilidade em redirecionar a produção para outros compradores.

Por outro lado, as importações de combustíveis são vistas com mais atenção. Uma retaliação direta sobre derivados como gasolina, diesel, gás de cozinha (GLP), querosene de aviação (QAV) e gás natural liquefeito (GNL) poderia encarecer esses itens no Brasil, elevando a inflação.

O GNL, por exemplo, é uma preocupação especial. Como o Brasil depende fortemente da importação desse insumo, e os Estados Unidos são seu principal fornecedor, a inclusão do produto em eventuais tarifas recíprocas está praticamente descartada. Já o etanol aparece como uma alternativa viável de retaliação, justamente por não representar risco para o mercado interno nem para os preços ao consumidor.

Também está em avaliação a possibilidade de taxar o petróleo bruto de origem americana. Autoridades avaliam que, se necessário, o Brasil pode substituir essa importação por petróleo africano, de características semelhantes.

☆ Diplomacia em curso e possíveis impactos no setor aéreo - As discussões ainda são iniciais e há incertezas quanto à abrangência real do pacote tarifário de Trump, sobretudo se ele incluir ou não produtos energéticos. Em episódios anteriores, os Estados Unidos optaram por excluir esse setor das medidas protecionistas, sinalizando que o mesmo pode ocorrer agora.

Nos bastidores, há dúvidas sobre como as novas tarifas impactarão setores específicos. Um exemplo citado é o querosene de aviação. Como o abastecimento de aeronaves americanas no Brasil é considerado operação de comércio exterior, a tarifa pode elevar significativamente os custos de empresas como United Airlines e American Airlines, tornando os voos mais caros em comparação com os das concorrentes.

☆ Outras possíveis retaliações - Além dos combustíveis, o governo Lula discute a adoção de medidas sobre áreas como serviços e propriedade intelectual, atingindo licenças farmacêuticas e produtos do setor audiovisual, como filmes e séries norte-americanos. No entanto, a prioridade atual é manter o diálogo diplomático e buscar soluções negociadas antes de avançar com qualquer medida tarifária mais ampla.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

'Trump ataca qualquer país que não reconheça sua supremacia', diz Nobel de Economia após tarifaço contra o Brasil

Paul Krugman afirma que "não há nada de econômico" no ataque de Trump e vê retaliação política, que vai penalizar a indústria e os consumidores dos EUA

      Paul Krugman (Foto: Reuters)

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008, criticou duramente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. Segundo Krugman, a medida vai além de questões econômicas e revela um uso político do poder comercial norte-americano, com motivações autoritárias.

“O Brasil teve a ousadia de insistir em julgar Bolsonaro, que Trump claramente enxerga como um espírito afim. Não há nada de econômico na carta de Trump”, declarou o economista. Em artigo recente publicado em sua página pessoal, Krugman classificou a decisão como “maligna e megalomaníaca”, ironizando que o presidente norte-americano estaria implementando um programa informal de proteção a ditadores.

☆ Retaliação política com impacto global - Krugman afirmou que não há precedentes na história dos Estados Unidos para o uso de tarifas como forma explícita de coerção política. Segundo ele, o caso brasileiro é emblemático porque escancara a tentativa de Trump de impor sua visão hegemônica ao mundo. “Acho que ele se sente ofendido por qualquer país que pareça contestar a sua visão de poder dos EUA”, disse.

Ao ser questionado sobre o impacto das relações diplomáticas no bloco dos BRICS, especialmente após o fortalecimento dos laços entre o Brasil e outros países emergentes, o economista evitou especulações sobre as intenções de Trump, mas reforçou o caráter punitivo da medida.

☆ Defesa de Bolsonaro e ataque à democracia - Krugman também reiterou sua crítica a Jair Bolsonaro (PL), apontando o apoio de Trump como mais uma evidência da afinidade autoritária entre os dois. “Bolsonaro é claramente um autoritário —e tentar reverter uma eleição que perdeu mostra que ele não aceita a democracia quando não gosta do resultado”, afirmou.

Segundo ele, o gesto de Washington visa proteger figuras que seguem um modelo antidemocrático de poder. “Trump tem atacado qualquer país que não reconheça sua supremacia”, completou.

☆ Impacto sobre consumidores e indústria dos EUA - De acordo com Krugman, a política tarifária de Trump —que atinge também produtos como cobre, essencial para a indústria— vai na contramão de qualquer estratégia para fortalecer a economia americana. “Ele está sistematicamente tornando a indústria americana menos competitiva”, alertou.

Mesmo com o peso das exportações brasileiras representando apenas 2% do PIB nacional, Krugman afirma que os efeitos podem ser significativos para setores específicos. Produtos como suco de laranja, café e açúcar —em que o Brasil é um dos principais fornecedores dos EUA— poderão encarecer no mercado americano, penalizando os consumidores.

“Pessoalmente, posso viver sem suco de laranja e açúcar, mas mexer com o café é um insulto pessoal”, ironizou.

☆ Alternativas para o Brasil e reações no mercado - Diante da agressão comercial, Krugman acredita que o Brasil possui instrumentos para responder. “Tarifas recíprocas são, de fato, uma ferramenta relativamente eficaz”, avaliou, lembrando que o país tem déficit na balança comercial com os EUA. Ele ainda sugeriu o fortalecimento de laços com outros mercados, como uma alternativa estratégica.

O economista prevê ainda que o câmbio e os termos de troca brasileiros devem sofrer impactos, mas pondera que “isso não é um choque de primeira ordem”. Para ele, a médio prazo, a postura errática de Trump pode trazer prejuízos políticos ao próprio governo. “Em algum momento, os mercados vão reagir contra essa arbitrariedade”, concluiu.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

“Brasil vive capítulo histórico da resistência democrática”, diz Gilmar Mendes

Ministro do STF destaca ataque sem precedentes às instituições, com planos de assassinato, sabotagem digital e tentativa de golpe à luz do dia

Ministro do STF Gilmar Mendes (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF)

Em publicação no X nesta quarta-feira (10), o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes fez um diagnóstico da conjuntura democrática brasileira, que classificou como “singular” em relação a qualquer outra democracia contemporânea.

“Aquilo que se escreve no Brasil hoje é um verdadeiro capítulo inédito na história da resistência democrática”, afirmou Gilmar. O ministro destacou o que considera ameaças sem paralelo à ordem institucional no país, incluindo a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, que qualificou como um episódio “orquestrado e planejado por grupos extremistas que se valeram indevidamente da imunidade irrestrita das redes sociais”.

◆ Tentativa de golpe, sabotagem digital e ameaças de morte

O magistrado enfatizou que nenhuma democracia ocidental passou por situação semelhante. “O que nenhuma outra democracia contemporânea enfrentou: uma tentativa de golpe de Estado em plena luz do dia”, escreveu. Para ele, a radicalização promovida por setores derrotados nas urnas se deu com apoio de empresas de tecnologia que, segundo denunciou, promoveram uma “colossal campanha de desinformação” para desestabilizar o debate democrático e impedir a modernização das leis que regulam o setor digital.

Outro ponto sublinhado por Gilmar Mendes foi a gravidade dos ataques dirigidos à Suprema Corte. “Nenhuma outra Suprema Corte no mundo sofreu ataques tão virulentos à honra de seus magistrados, incluindo planos de assassinato arquitetados por facções de grupos eleitorais derrotados”, declarou. A afirmação amplia o alerta institucional sobre o grau de violência política que atingiu o Judiciário brasileiro no contexto recente.

◆ Defesa constitucional como imperativo civilizatório

Para o ministro, esse cenário exige respostas firmes das instituições. “Essas singularidades definem o momento histórico da democracia combativa brasileira: quando a defesa irredutível de preceitos constitucionais se transforma em imperativo civilizatório diante de forças que ameaçam não apenas as instituições nacionais, mas o próprio conceito de Estado de Direito no século XXI”, escreveu.

A fala de Gilmar Mendes, que também já presidiu o STF, soma-se à mobilização da Corte em defesa da Constituição e das instituições democráticas, diante de ameaças que se agravaram no governo Jair Bolsonaro e que culminaram na invasão golpista às sedes dos Três Poderes no início de 2023.

Ao usar o termo “democracia combativa”, o ministro sublinha não só a excepcionalidade do momento vivido pelo país, mas também a necessidade de uma atuação firme, vigilante e articulada entre os Poderes para proteger o Estado Democrático de Direito de investidas autoritárias que atentam contra os pilares civilizatórios do século XXI.

Fonte: Brasil 247

Bolsonaro se curva a Trump com postura de traição nacional diante do tarifaço

Enquanto Lula reage com firmeza e defende a soberania nacional, ex-presidente minimiza agressão dos EUA e presta reverência ideológica a a Trump

         Donald Trump e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | PR)

Em um dos episódios mais simbólicos de submissão de um ex-presidente brasileiro a interesses estrangeiros, Jair Bolsonaro voltou a demonstrar fidelidade incondicional ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mesmo diante de um grave ataque à economia brasileira. Após a imposição de tarifas de 50% sobre produtos nacionais anunciada pelo atual governo norte-americano, Bolsonaro declarou publicamente que mantém “respeito e admiração” pelos EUA e justificou o tarifaço como consequência das escolhas diplomáticas do governo Lula, aponta o jornal O Estado de S.Paulo.

Em vez de se posicionar ao lado do Brasil e criticar a retaliação injusta promovida por Trump, Bolsonaro preferiu usar o episódio para atacar o Governo Lula, afirmando que o Brasil "se afastou do mundo livre" e abandonou “compromissos históricos com a liberdade e o Estado de Direito”. Trata-se de uma declaração gravíssima, que revela a total incapacidade do ex-presidente de separar suas afinidades ideológicas pessoais dos interesses concretos da nação.

A postura de Bolsonaro contrasta fortemente com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que repudiou imediatamente a ação unilateral do governo dos Estados Unidos, classificando-a como “inaceitável”. Lula anunciou a aplicação da Lei da Reciprocidade contra os EUA e afirmou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando apoio de outros países que também foram afetados por tarifas semelhantes. Mais do que isso, Lula reforçou a necessidade de fortalecer alianças com outras economias do Sul Global e defendeu uma ordem internacional baseada na cooperação e no respeito mútuo.

Enquanto Lula atua como estadista e protege a soberania nacional, Bolsonaro reafirma sua vocação para a vassalagem. O episódio é uma demonstração explícita de traição aos interesses brasileiros. Em nome de uma aliança ideológica com Trump e da disputa política interna, Bolsonaro prefere a rendição à defesa do Brasil.

Neste momento, em que a soberania nacional é desafiada, fica claro quem se posiciona com altivez e quem se ajoelha diante dos poderosos. O povo brasileiro saberá reconhecer quem luta pelo país — e quem o entrega.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo

Lula anuncia mobilização internacional para enfrentar tarifaço de Trump

Líder brasileiro defende união de países contra medidas unilaterais dos EUA e promete responder com ação na OMC e reciprocidade se a diplomacia falhar

      Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)

Em resposta à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em entrevista à TV Record nesta quinta-feira (10), que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) e buscará uma frente comum com outras nações prejudicadas. Lula propôs a formação de um bloco de países atingidos pelas sanções tarifárias dos EUA em favor de uma reação coletiva. A ideia é transformar o caso brasileiro em um exemplo de resistência coordenada ao protecionismo de Washington, que tem prejudicado nações emergentes e enfraquecido as regras do comércio internacional.

A medida hostil do governo Trump reacende o debate sobre a autonomia comercial dos países do Sul Global e a necessidade de reformas no sistema multilateral de comércio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo a medida como “inaceitável”. Lula afirmou que a medida unilateral norte-americana é uma violação das regras do comércio internacional e uma agressão à soberania econômica do Brasil. “O Brasil não aceitará passivamente esse tipo de retaliação comercial. Vamos mobilizar todos os instrumentos legais e diplomáticos disponíveis para defender nossos interesses”, declarou.

O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já iniciaram consultas técnicas para elaborar a queixa junto à OMC. O governo também avalia acionar mecanismos regionais de concertação econômica, como o Mercosul e o BRICS, em busca de respaldo internacional.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) manifestaram apoio às ações do governo federal e divulgaram notas públicas repudiando as tarifas norte-americanas. O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que “o empresariado brasileiro está unido na defesa de um ambiente comercial justo e previsível, conforme preconizado pelos tratados multilaterais”.

Entidades populares também reagiram com manifestações e críticas ao governo de Trump.

Analistas ouvidos pelo Valor Econômico apontam que a medida adotada por Washington tem motivações políticas e reflete a estratégia protecionista unilateral de Donald Trump. O Brasil, por sua vez, busca manter sua postura de defesa do multilateralismo e da legalidade internacional, sem ceder a pressões de curto prazo.

A reação do Palácio do Planalto se insere em um contexto mais amplo de realinhamento geopolítico do Brasil, que tem priorizado parcerias com países do Sul Global e reiterado seu compromisso com a reforma das instituições internacionais. Em reuniões recentes do G20 e da cúpula do BRICS, o presidente Lula tem enfatizado a necessidade de uma nova governança econômica mundial baseada na equidade e no respeito mútuo.

A expectativa do governo é de que o processo na OMC seja aberto nas próximas semanas. Paralelamente, o Ministério da Fazenda acompanha os impactos econômicos da medida e avalia eventuais compensações setoriais. O Brasil exporta anualmente cerca de US$ 3 bilhões em produtos siderúrgicos aos EUA, dos quais uma parte significativa será afetada pelas tarifas.

O governo brasileiro reafirmou que seguirá dialogando com os EUA, mas que não abrirá mão de defender sua indústria e seus trabalhadores. “Nossa política externa está baseada no respeito mútuo, mas também na firmeza quando os nossos direitos são violados”, disse Lula.

A ofensiva de Trump se dá em meio a crescentes tensões com os países do BRICS e críticas abertas à proposta de criação de uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais entre os países do grupo. “Nós temos interesse de criar uma moeda de comércio entre os outros países. Eu não sou obrigado a comprar dólar para fazer relação comercial com a Venezuela, com a Bolívia, com a Suécia, com a China. A gente pode fazer nas nossas moedas”, reiterou Lula, sinalizando que o projeto de desdolarização do comércio sul-global está mais vivo do que nunca.

Sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula também ironizou a submissão do bolsonarismo a Trump. “Tem gente que se diz patriota, mas se ajoelha diante dos interesses estrangeiros. Nós vamos defender o Brasil com firmeza e dignidade”, afirmou. A declaração vem na esteira de críticas públicas de analistas e formadores de opinião que apontam a incoerência do discurso nacionalista de setores da direita brasileira frente à ofensiva do governo Trump contra o Brasil.

A resposta do governo brasileiro foi bem recebida por entidades industriais, agronegócio e especialistas em relações internacionais, que consideram fundamental a atuação multilateral e a união com países afetados para conter a escalada protecionista. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a retaliação americana prejudica a competitividade do setor exportador e viola princípios básicos do comércio internacional.

Movimentos sociais, sindicatos e organizações progressistas também se manifestaram em apoio à posição do governo. Em diversas cidades, entidades realizaram atos em defesa da soberania nacional e da integração regional como forma de resistência ao imperialismo econômico. A medida de Trump contra o Brasil é percebida por amplos setores como um ato de guerra comercial e agressão direta ao direito do povo brasileiro ao desenvolvimento.

O governo brasileiro sinaliza que pretende levar a questão às últimas consequências no plano diplomático e jurídico, mas também reforça a urgência de uma nova ordem econômica internacional. “Se o multilateralismo não funcionar, teremos que reforçar alianças entre os países do Sul, com base na igualdade, no respeito mútuo e na soberania”, disse uma fonte do Palácio do Planalto.

Ao fim da entrevista, Lula voltou a defender o diálogo e criticou o estilo confrontacional de Trump. “Se o presidente americano tem divergências, ele deve levar a questão a um fórum internacional, para discutir o tema civilizadamente”, concluiu.

Com essa postura, o governo brasileiro reafirma sua disposição de enfrentar pressões externas sem abrir mão dos interesses nacionais, buscando fortalecer tanto os mecanismos institucionais como os laços com países que compartilham os mesmos desafios — em nome de um comércio mais justo e de uma ordem multipolar baseada no respeito e na cooperação.

Em sintonia com o apoio da sociedade, o governo Lula se mantém firme e manda a mensagem de que o Brasil não se curvará às pressões econômicas dos EUA. externas. A aposta recai sobre a justiça internacional e a opção pela reciprocidade, reiterando uma postura de defesa da soberania e confiança no jogo diplomático.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico

Com aval de Trump, Flávio Bolsonaro volta a atacar o STF e defende anistia

Declaração surge após Donald Trump aplicar tarifas ao Brasil e atacar a soberania do Judiciário brasileiro no caso da tentativa de golpe

       Flávio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro voltou a defender a anistia aos envolvidos nos atos golpistas, em meio à pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Judiciário brasileiro e a ameaça de tarifas unilaterais do republicano.

"O primeiro passo que a gente tem que discutir é, sim, uma anistia ampla, geral e irrestrita. Porque hoje o Congresso só não aprova essa grande anistia, e isso é um sentimento da maioria esmagadora do Congresso, porque há uma pressão de alguns ministros do Supremo", afirmou o senador em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (10).

A declaração surge após, em carta a Lula publicada em sua rede social, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar que adotará uma tarifa comercial unilateral de 50% sobre as importações de todos os produtos brasileiros a partir de primeiro de agosto.

A guerra tarifária dos EUA contra o Brasil é uma tentativa de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e livrar Jair Bolsonaro do julgamento pela tentativa de golpe de Estado.

Fonte: Brasil 247

Tarifaço de Trump fragiliza Bolsonaro, fortalece Lula e vira arma contra Tarcísio para 2026

"O projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!”, diz o novo mote do Palácio do Planalto

Lula, Tarcísio de Freitas e o Porto de Santos (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Amanda Perobelli | Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP)

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a nova medida adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode representar um divisor de águas no cenário político nacional. De acordo com o jornal O Globo, a sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros anunciada por Trump é vista pelo Palácio do Planalto como uma oportunidade estratégica para enfraquecer a retórica “patriótica” de Jair Bolsonaro (PL) — admirador declarado do mandatário norte-americano — e minar a força do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na corrida presidencial de 2026.

A medida, anunciada em carta oficial assinada por Trump e enviada ao governo brasileiro, gerou uma reação imediata do entorno de Lula. No Planalto, surgiu o slogan: “o projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!”, rapidamente vocalizado pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). A ministra já vinha alertando para o que classificou como uma “conspiração” contra o país, referindo-se à visita do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos — que, segundo Lula, teria atuado diretamente para convencer Trump a adotar medidas econômicas retaliatórias.

O seu Tarcísio pode tirar, mas não vale tentar esconder o chapeuzinho do Trump, não. Pode ficar mostrando para a gente saber quem você é. Está cheio de lobo com pele de carneiro”, declarou Lula, em entrevista à Record, relembrando o uso do boné com o slogan “Make America Great Again” por parte do governador paulista.

⊛ Trunfo político e reação estratégica - No Planalto, a sobretaxa é interpretada como uma oportunidade inédita para contrastar a atuação de Lula com a de seus adversários da extrema direita. A estratégia é evidenciar o empenho do presidente em proteger o setor produtivo nacional, em contraposição ao alinhamento automático de Bolsonaro e seus aliados com interesses estrangeiros — mesmo quando esses resultam em prejuízos diretos ao Brasil.

A avaliação interna é de que o impacto econômico das tarifas, que entram em vigor em 1º de agosto, será monitorado com lupa. O PT pretende quantificar e divulgar as perdas de setores produtivos para reforçar o discurso de que Bolsonaro e sua família agem contra a soberania brasileira. O caso também será explorado como munição contra Tarcísio de Freitas, apontado como o nome mais viável da direita para 2026, sobretudo após sua reação classificada como “ambígua” dentro do governo.

⊛ Centrão analisa cenário com cautela - Lideranças de centro-direita como PP, MDB e PSDB, relata o jornal O Globo, avaliam que a crise provocada pelo tarifaço tem potencial para abalar as bases do bolsonarismo. Embora reconheçam que ainda há “um longo caminho” até as eleições de 2026, parlamentares desses partidos admitem que o impacto da sobretaxa pode reposicionar o debate público sobre soberania, patriotismo e interesses nacionais. Para eles, a ofensiva de Trump, supostamente articulada por Eduardo Bolsonaro, pode se tornar um divisor de águas.

A queda de influência de Jair Bolsonaro no ambiente digital e os crescentes embates judiciais que enfrenta contribuem, segundo essas lideranças, para abrir espaço à emergência de um novo nome no campo da centro-direita. Tarcísio de Freitas, embora ainda favorito nesse grupo, foi criticado pela tibieza com que tratou a taxação, que ele classificou apenas como "deletéria".

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

VÍDEO: Ato da esquerda na Paulista tem mais público que o de Bolsonaro, diz USP

 

Manifestantes erguem cartaz contra Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL) durante protesto na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Reprodução

O ato organizado por movimentos de esquerda na Avenida Paulista, em São Paulo, na última quinta-feira (10), reuniu mais pessoas do que a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 29 de junho, segundo levantamento da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da USP, o protesto liderado por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda alcançou o pico de 15,1 mil pessoas às 19h30. Já a manifestação “Justiça Já”, organizada por Bolsonaro, atraiu 12,4 mil pessoas no seu horário de maior público.

Segundo o relatório, essa foi a primeira vez, em um intervalo próximo, que um ato da esquerda superou, em número de participantes, uma manifestação da direita na mesma região. A contagem foi feita com o auxílio de fotos aéreas capturadas por drones e analisadas com software, em parceria com a ONG More in Common.


O protesto desta quinta-feira teve como principais pautas a crítica à taxação imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre exportações brasileiras e a defesa de mais impostos para bilionários e grandes fortunas.

Após mobilizarem as redes sociais com a campanha por “justiça tributária”, os organizadores — entre eles as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) — convocaram o ato para defender a taxação de bilionários, bancos e bets, apelidados de “BBB”.

Durante a manifestação, um boneco do presidente Donald Trump foi queimado em protesto. Os participantes também criticaram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por ter apoiado uma postagem do republicano em defesa de Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Trump mencionou o processo judicial como justificativa para o tarifaço aplicado ao Brasil.



Em resposta, manifestantes gritaram frases como “Cala a boca, Tarcísio” e chamaram o governador de “vira-lata”.

Além da defesa da taxação dos super-ricos, outras demandas incluíram o fim da jornada de trabalho 6×1 e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil — proposta atualmente em análise na Câmara dos Deputados.

O ato começou por volta das 18h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), e ocupou as duas faixas da Avenida Paulista.

Fonte: DCM