Aliados dizem que ex-mandatário “se agarrou” à taxação como última chance, já prevendo pedido de prisão por tentativa de golpe
Aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL) veem na taxação imposta por Donald Trump uma tentativa desesperada do ex-presidente de escapar de sua iminente condenação por tentativa de golpe de Estado. Segundo a coluna da jornalista Jussara Soares, da CNN Brasil, Bolsonaro avaliou que o tarifaço de 50% anunciado por Trump contra produtos brasileiros poderia servir como uma espécie de “tábua de salvação”, especialmente às vésperas da apresentação das alegações finais do procurador-geral da República, Paulo Gonet — o que de fato ocorreu no final da noite desta segunda-feira (14).
Mesmo ciente do desgaste político que a medida poderia provocar, Bolsonaro preferiu atrelar a defesa da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro à reversão da taxação, ignorando alertas de que essa estratégia causaria forte reação do agronegócio e de setores produtivos que compõem sua base de apoio.
Conforme fontes ouvidas pela reportagem sob condição de anonimato, Bolsonaro já dava como certa a manifestação da PGR pedindo sua condenação. Para essas pessoas, ele também não tem dúvidas de que será preso em breve. O julgamento do chamado "núcleo crucial" da tentativa de golpe está previsto para ocorrer já em setembro.
Diante desse cenário, interlocutores descrevem o ex-mandatário como alguém em “desespero” e “sem saída”, vendo na taxação anunciada por Trump — a quem costuma se referir como “o homem mais importante do mundo” — uma última oportunidade de se livrar da condenação.
A medida foi formalizada por Trump em uma carta dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), divulgada em 9 de julho nas redes sociais. Apenas cinco dias depois, Paulo Gonet reforçou em sua peça final que Bolsonaro teve papel central na trama golpista, com atos que começaram em 2021 e culminaram nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Ao anunciar o tarifaço, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mencionou diretamente o julgamento de Bolsonaro, classificando-o como uma “vergonha internacional” e parte de uma “caça às bruxas”. A embaixada dos Estados Unidos no Brasil endossou o discurso, publicando dois posicionamentos: um no dia da carta e outro nesta segunda-feira (11), nos quais defende Bolsonaro com veemência.
“Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal de Moraes e ao governo Lula, em resposta aos ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio dos EUA. Esses ataques são vergonhosos e desrespeitam as tradições democráticas do Brasil. As declarações do presidente Trump são claras. Estamos acompanhando de perto a situação”, afirmou o perfil oficial da embaixada nas redes.
A vinculação entre o tarifaço e a anistia divide o entorno bolsonarista. Um grupo avalia que Bolsonaro, ao condicionar o fim da sobretaxa à absolvição dos envolvidos na tentativa de golpe, reforça a narrativa do governo Lula e da esquerda de que ele atua exclusivamente em benefício próprio.
Outra ala, no entanto, encabeçada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), defende abertamente que o tarifaço só deve ser revogado após a concessão de uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.
Ainda conforme a reportagem, do lado do governo brasileiro, a avaliação é de que qualquer tentativa de incluir as questões judiciais de Bolsonaro nas negociações comerciais com os Estados Unidos representa uma “capitulação inaceitável”. Segundo fontes ouvidas pela CNN, essa postura equivaleria a uma “rendição”, que implicaria “descer a rampa do Planalto”.
A leitura do governo é clara: a taxação anunciada por Trump no último dia 9 teve como objetivo exclusivo favorecer Bolsonaro e forçar um recuo institucional em relação ao processo por tentativa de golpe de Estado.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil
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