Nem dentro do PL de Jair Bolsonaro há consenso sobre uma anistia “ampla e irrestrita” aos golpistas
Deputado federal Eduardo Bolsonaro durante entrevista à Reuters em Washington (Foto: REUTERS/Jessica Koscielniak)
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a tensionar os debates internos do PL sobre a proposta de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Em postagem nas redes sociais, o parlamentar reagiu à reportagem da CNN Brasil que revelou que uma ala do PL defende a exclusão de Jair Bolsonaro (PL) da medida.
A movimentação ocorre após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), sinalizar a construção de um texto que não incluiria Bolsonaro. A ideia seria destravar a proposta em meio ao julgamento do primeiro núcleo envolvido na tentativa de golpe, convencendo Bolsonaro a abrir mão do benefício para aliviar a situação dos demais condenados.
◈ Eduardo Bolsonaro eleva o tom
Na publicação, Eduardo Bolsonaro não poupou críticas e acusou setores políticos de tentarem manipular a pauta da anistia para pressionar seu pai.
“Deixa eu falar logo com todas as letras, para que vocês entendam bem. Eu sei que vocês querem tirar meu pai da anistia para poder chantagear ele e força-lo a escolher o candidato que vocês querem emplacar. Qualquer anistia que não seja ampla e irrestrita não será aceita”, escreveu.
O deputado ainda afirmou que vai levar o tema à base parlamentar do PL e alertou para possíveis consequências internacionais: “A anistia será ampla e irrestrita ou não contará com o apoio da direita e não terá efeito de diminuir as sanções internacionais. Esses planinhos escusos de vocês não irão prosperar. Vocês estão brincando com coisa séria e vão acabar sendo vistos como colaboradores dos violadores de direitos humanos”, concluiu.
◈ Discrepâncias dentro do PL
Apesar de Jair Bolsonaro ter indicado em momentos anteriores que não precisaria ser contemplado pela anistia, a atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior reforça a pressão contrária. Em carta ao governo dos Estados Unidos, o parlamentar apresentou a anistia como essencial para pacificar o país e suspender sanções internacionais.
Para integrantes do PL, convencer Jair Bolsonaro pode ser viável, mas reverter a articulação internacional conduzida por Eduardo seria mais difícil. Investigações já identificaram conversas entre pai e filho sobre o tema.
◈ Articulações nos bastidores
Enquanto isso, as negociações avançam no Centrão, em reuniões noturnas que contam com a participação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governo federal acompanha de perto as movimentações, enquanto parte do PL insiste que a proposta precisa ser aprovada pelo Congresso, mesmo sem contemplar Jair Bolsonaro.
O impasse escancara o racha dentro do partido e expõe a dificuldade em construir consenso sobre uma das pautas mais delicadas e controversas no cenário político atual.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil
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