sábado, 6 de setembro de 2025

Centrão rompe com Lula, fortalece Tarcísio e ameaça travar isenção do Imposto de Renda

PP e União Brasil deixam governo, aproximam-se de Tarcísio e podem priorizar anistia a bolsonaristas em vez de votar a isenção do IR
Plenário da Câmara dos Deputados (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstram crescente preocupação com os movimentos do centrão em direção a uma candidatura única da direita para 2026. O temor é de que o fortalecimento do nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos) una parlamentares de centro e bolsonaristas em torno de uma agenda capaz de travar projetos centrais do Executivo. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo.

Entre os principais receios está a possível obstrução da proposta que isenta do pagamento de Imposto de Renda quem recebe até R$ 5.000. A medida, considerada vitrine social do governo, pode ficar em segundo plano caso a Câmara dos Deputados avance antes na votação da anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Nesta semana, Progressistas (PP) e União Brasil formalizaram o rompimento com o governo e determinaram que seus “detentores de mandato” entreguem os cargos que ocupam na Esplanada até 30 de setembro, sob pena de expulsão. O anúncio ocorreu em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), ampliando as tensões políticas em Brasília.

O impacto imediato já pôde ser sentido no Senado, quando parlamentares dessas siglas votaram contra a PEC que altera regras de pagamento de precatórios. Mesmo assim, o texto acabou aprovado pelo número mínimo de votos e liberou um gasto extra de R$ 12,4 bilhões em 2026.

No Palácio do Planalto, a avaliação é que a defesa da anistia tem potencial para se sobrepor a pautas de interesse popular. Para aliados de Lula, ao priorizar esse debate, o centrão ajuda a fortalecer a narrativa bolsonarista e cria um desgaste adicional à imagem do Congresso. “O governo tem um compromisso de defesa das instituições democráticas, do STF. O deputado que votar pela urgência estará optando pela saída do governo”, declarou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).

O próprio presidente Lula também tem intensificado críticas à proposta de anistia. Em encontro com lideranças em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (4), o petista afirmou: “Nós estamos vendo agora os falsos patriotas nos EUA pedindo intervenção do presidente Trump no Brasil. Os caras que fizeram campanha embrulhados na bandeira nacional, dizendo que eram patriotas, agora estão embrulhados na bandeira americana”.

Segundo Lula, o risco de aprovação da anistia exige mobilização popular. “O Congresso tem ajudado o governo, aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema direita tem muita força ainda. Então é uma batalha que tem que ser feita também pelo povo”, disse.

Nos bastidores, auxiliares do Planalto acreditam que a crise pode ser revertida em narrativa política. A estratégia seria confrontar o centrão e os apoiadores de Tarcísio com a contradição de travarem uma medida popular —a isenção do IR para milhões de brasileiros— em nome da defesa de condenados por atos antidemocráticos.

No entanto, a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cresce. Articuladores governistas admitem que ele pode ceder e colocar a anistia em pauta ainda este ano. O esforço do governo, agora, é garantir que o projeto do IR seja votado antes, para preservar capital político e evitar que o tema seja soterrado por disputas eleitorais antecipadas.

No centrão, a estratégia é acelerar o debate da anistia em 2024, de modo a esvaziar o desgaste antes da campanha de 2026. A avaliação é que Tarcísio ou outro nome da direita chegue ao pleito sem precisar se justificar perante os eleitores por apoiar uma medida impopular em meio a um cenário de crise institucional.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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