Gabriela Pagidis e outros quatro familiares receberam juntos mais de R$ 2,8 milhões da Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), empregou ao longo dos últimos anos quatro parentes da fisioterapeuta Gabriela Batista Pagidis, apontada como funcionária fantasma de seu gabinete. A informação foi revelada por Tácio Lorran, do Metrópoles, nesta quarta-feira (16). Os familiares nomeados foram a mãe, a irmã, a tia e o primo de Gabriela, todos recebendo cargos comissionados desde 2011.
Segundo a apuração, Gabriela Pagidis acumulou sozinha mais de R$ 805,7 mil em salários como assessora parlamentar, sem exercer de fato as atividades no Congresso. Com os demais membros da família, o valor total chega a R$ 2,8 milhões pagos com recursos públicos.
☉ Nomes e valores - Athina Batista Pagidis, mãe de Gabriela, esteve nomeada de fevereiro de 2011 até julho de 2019. Já Barbara Pagidis Alexopoulos, irmã da fisioterapeuta, foi lotada de julho de 2012 a outubro de 2015 e voltou ao cargo entre novembro de 2021 e dezembro de 2024, período em que chegou ao salário mais alto do gabinete. A tia, Adriana Batista Pagidis França, exerceu funções entre setembro de 2017 e dezembro de 2022, enquanto o primo Felipe Pagidis França esteve nomeado de novembro de 2021 a março de 2023.
Veja os valores recebidos por cada um:
- Athina Pagidis: R$ 919.917,83
- Barbara Pagidis: R$ 710.579,65
- Adriana Pagidis: R$ 244.858,89
- Felipe Pagidis: R$ 94.702,19
Todos atuaram como secretários parlamentares, com exceção de Felipe, que ocupou um Cargo de Natureza Especial (CNE). O levantamento identificou ainda alterações frequentes nos salários dos nomeados, com promoções e rebaixamentos dentro de um mesmo ano, comportamento considerado fora do padrão usual da Casa.
☉ Funcionária fantasma com rotina fora da Câmara - A reportagem do Metrópoles acompanhou a rotina de Gabriela Pagidis nos últimos dias. Ela atua como fisioterapeuta em duas clínicas particulares em Brasília: no Instituto Costa Saúde, às segundas e quartas, e no Centro Clínico Bandeirantes, às terças e quintas. Na segunda-feira (14), por volta das 10h30, ela mesma atendeu a equipe do Metrópoles ao chegar à clínica na Asa Norte. Já na sexta-feira anterior (11), foi flagrada indo à academia pela manhã e visitando o Zoológico de Brasília à tarde, período em que deveria cumprir expediente na Câmara.
Gabriela foi nomeada como assessora parlamentar de Hugo Motta em 2015. Antes disso, ocupou o mesmo cargo no gabinete do então deputado Wilson Filho, hoje secretário de Educação da Paraíba. Somando os dois períodos, o salário total recebido por Gabriela como funcionária fantasma chega a R$ 890,5 mil, sem contar a correção pela inflação.
Durante o período em que constava como assessora parlamentar, Gabriela cursava fisioterapia na Universidade de Brasília (UnB), em tempo integral, das 8h às 18h, o que inviabilizaria o cumprimento de carga horária compatível com o cargo público. Além disso, ela concluiu duas pós-graduações no mesmo período.
☉ Câmara não registra presença de quem tem crachá - Por meio da Lei de Acesso à Informação, a reportagem solicitou os registros de entrada de Gabriela na Câmara, além de eventuais crachás e autorizações para uso da garagem. A Casa informou que o controle de frequência é de responsabilidade de cada gabinete, que não há registro de entrada para servidores com crachá e que o acesso ao estacionamento se dá apenas com credenciamento.
☉ Sem explicações do deputado - Procurado, Hugo Motta não comentou a contratação de Gabriela Pagidis nem a nomeação de seus familiares. Sobre a atuação da fisioterapeuta, sua assessoria enviou apenas uma breve nota:
“O presidente Hugo Motta preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários de seu gabinete, incluindo os que atuam de forma remota e são dispensados do ponto dentro das regras estabelecidas pela Câmara".
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles