domingo, 20 de julho de 2025

Após ação da PF, Centrão amplia isolamento e abandona Bolsonaro

 

Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

A operação da Polícia Federal realizada na última sexta-feira (18), que incluiu mandados de busca e apreensão e a imposição do uso de tornozeleira eletrônica, colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma nova frente de desgaste político. A medida, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ampliou seu isolamento e aprofundou a pressão sobre o centrão, que cobra uma definição sobre os rumos para as eleições presidenciais de 2026.

O episódio ocorre em meio a um ambiente já conturbado. Dias antes, a taxação sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump havia gerado forte repercussão no país. O tema provocou embates dentro do próprio campo conservador, especialmente entre o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Com o agravamento da situação jurídica do ex-presidente, líderes partidários passaram a defender abertamente que ele desista de se colocar como candidato, ainda que inelegível, e se torne um articulador em prol de uma candidatura única à direita. Tarcísio de Freitas surge como um dos nomes mais cotados para receber esse apoio.

Dirigentes de siglas como União Brasil, Progressistas e uma ala do MDB próxima à direita veem Bolsonaro cada vez mais fragilizado. A avaliação é de que, enfraquecido pelas investigações, ele já não consegue centralizar o debate político, abrindo espaço para que partidos do Centrão tenham mais peso nas negociações sobre o futuro da oposição.

Bolsonaro é conduzido pela PF para colocar a tornozeleira eletrônica. Foto: Wilton Jr/ Estadão
Nesse cenário, Tarcísio tenta se equilibrar. Após inicialmente culpar o governo Lula pelo aumento das tarifas, ajustou o discurso diante da rejeição da medida e se aproximou do setor empresarial, reunindo-se com representantes dos Estados Unidos. A movimentação gerou atritos com Eduardo Bolsonaro, mas, em um gesto de aproximação com o bolsonarismo, o governador paulista defendeu o ex-presidente em publicação recente.

Bolsonaro, por sua vez, reuniu aliados em Brasília, entre eles Ciro Nogueira (Progressistas) e Antônio Rueda (União Brasil), para tentar se desvincular do desgaste provocado pelo tarifaço. O ex-presidente pediu que líderes partidários reforcem que ele não tem relação com a decisão de Trump. Ele também manifestou preocupação com declarações de Eduardo, que, segundo parlamentares, atrapalham as articulações para 2026.

Enquanto isso, a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro segue sem perspectiva de avanço no Congresso. Ainda assim, partidos do Centrão evitam lançar um candidato sem o aval de Bolsonaro, apostando em uma construção que leve a um apoio dele a Tarcísio. A indefinição, porém, pode comprometer os planos eleitorais da direita caso se prolongue.

Fonte: DCM

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