quarta-feira, 14 de maio de 2025

Economistas ouvidos pelo BC apontam que guerra comercial vai aliviar inflação no Brasil

63% dos analistas ouvidos pelo Banco Central dizem que o impacto líquido das tarifas será desinflacionário

Sede do Banco Central, em Brasília 22/02/2022 REUTERS/Adriano Machado (Foto: ADRIANO MACHADO)

A maioria dos economistas ouvidos pelo Banco Central avaliou que a guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos tende a aliviar a inflação no Brasil. O resultado do questionário, realizado às vésperas da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), foi divulgado nesta quarta-feira (14) pela autoridade monetária. As informações são da Folha de S. Paulo.

De acordo com o levantamento, realizado no dia 25 de abril com 127 analistas do mercado financeiro, 63% dos entrevistados afirmaram que o impacto líquido das tarifas será desinflacionário para o Brasil. Outros 23% veem o efeito como neutro, enquanto 14% acreditam que as medidas adotadas pelos EUA pressionarão os preços no país.

O questionário serviu como subsídio para a decisão mais recente do Copom sobre a taxa básica de juros (Selic), atualmente fixada em 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.

O contexto internacional citado pelos economistas refere-se à tarifa linear de 10% imposta em 2 de abril pelos Estados Unidos sobre exportações de diversos países, incluindo o Brasil, e às taxas de 25% sobre aço e alumínio, já em vigor anteriormente. A medida foi anunciada durante a gestão do ex-presidente Donald Trump e provocou reações diplomáticas de vários governos.

No caso brasileiro, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou tratativas com Washington ainda antes da entrada em vigor das novas tarifas. As negociações têm sido lideradas pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, com interlocução em níveis técnico e ministerial.

Apesar das avaliações do mercado, o próprio Copom adotou cautela ao analisar os possíveis efeitos da guerra comercial. Em sua ata mais recente, o comitê apontou que “o cenário então se apresenta com incerteza muito maior, o que já tem provocado mudanças nas decisões de investimento e consumo”.

O colegiado reconhece que a economia brasileira parece “menos afetada pelas recentes tarifas do que outros países”, mas alerta que o país não está imune ao ambiente internacional adverso. O Copom incluiu, entre os riscos de baixa para a inflação, uma eventual queda nos preços das commodities, que agora se torna incerta após o acordo entre EUA e China para reduzir parte das tarifas.

Ainda segundo a ata, os efeitos do tarifaço norte-americano, a reação das empresas e países atingidos, o impacto nas cadeias globais de produção e o comportamento dos consumidores estão entre os vetores que aumentam a complexidade do cenário econômico atual.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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