Lula, presidente do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Datafolha divulgou há pouco a íntegra dos relatórios da avaliação do governo e do presidente, e da pesquisa eleitoral para 2026.
Entre os dados estratificados, o que mais chama atenção é a queda expressiva da aprovação do governo entre famílias de classe média.
Por outro lado, o presidente Lula conseguiu se recuperar entre eleitores de baixa renda, que formam a maioria do eleitorado.
Entre eleitores com renda familiar até 2 salários, o presidente Lula aumentou sua aprovação de 50% em abril para 53% em junho.
Esse eleitorado forma a maioria da população, e ter melhorado seu desempenho é um sinal positivo de que a melhora da economia, em especial a queda na inflação dos alimentos, já começou a fazer efeito.
A oscilação do prestígio de Lula costuma seguir uma lógica interessante, de baixo para cima.
Conforme a economia melhora, o humor das famílias de baixa renda vai contaminando o humor médio da opinião pública, fazendo a classe média, que geralmente tem uma visão mais negativa da política, ter uma visão melhor do governo.
Ou pelo menos, tem sido assim nos últimos governos de Lula. Vamos ver se essa teoria se confirma nas próximas pesquisas.
Entre eleitores com renda familiar entre 2 a 5 salários, a aprovação de Lula caiu seis pontos, de 46% para 40%.
40% não é uma aprovação tão ruim, de qualquer forma.
Vale observar ainda que, em outras pesquisas recentes, o presidente Lula tinha se recuperado de maneira expressiva justamente entre famílias de classe média. Na Quaest, por exemplo, o presidente Lula aumentou sua aprovação de 36% para 43% entre famílias com renda de 2 a 5 salários, na última pesquinha de junho.
Entre eleitores com renda de 5 a 10 salários, houve também forte queda na aprovação, de 42% para 34%, confirmando uma tendência a uma polarização de cunho classista, que tem sido tradicional na política brasileira.
O Datafolha também divulgou o relatório completo da pesquisa de intenção de votos para 2026. Os cenários apontam para uma divisão do país praticamente meio a meio. Não houve mudanças expressivas no total, com Lula à frente no primeiro turno, e empatando ou vencendo em todos os cenários de segundo turno
Na análise estratificada de cenários de segundo, o que chama atenção é o que já vimos na avaliação do presidente: resilência entre eleitores mais pobres, mas perda de votos entre famílias de classe média.
Um ponto que gostaria de destacar é uma recuperação sólida de Lula entre eleitores jovens, de 16 a 24 anos, entre os quais pontuou 48%, contra 42% para Tarcísio. É sempre promissor liderar entre os jovens.
Íntegras das avaliações do Datafolha, de abril e junho.
Abaixo, o texto divulgado há pouco no portal do Datafolha:
Estável, governo tem avaliação positiva de 28%, e 40% o avaliam negativamente
Petista volta a perder apoio na classe média, mas mostra resistência entre mais pobres e no Nordeste
16.jun.2025 às 11h59
A avaliação positiva do governo Lula (PT) oscilou de 29% para 28% entre abril e junho, apontando para um cenário estável após a mínima atingida em fevereiro deste ano (24%). Esse é o índice dos que consideram a gestão do petista ótima ou boa, que segue abaixo do índice dos que a avaliam como ruim ou péssima, que oscilou de 38% em abril para 40% atualmente. Em fevereiro, a avaliação negativa era de 41%. Há ainda 31% que avaliam o governo como regular (eram 32% em abril e também em fevereiro), e 1% que não opinou.
O petista tem avaliação positiva acima da média nos segmentos mais velhos (34% na faixa de 45 a 59 anos e 36% entre quem tem 60 anos ou mais), entre brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (42%), na região Nordeste (37%) e entre católicos (33%). Entre seus eleitores no 2º turno da eleição de 2022, Lula tem seu governo considerado ótimo ou bom por 56%, 35% o veem como regular, e para 8% é ruim ou péssimo.
Entre os homens, 43% avaliam a gestão Lula como ruim ou péssima, índice superior ao registrado entre mulheres (37%). Outros segmentos em que se destaca a percepção negativa sobre o governo são a faixa de 25 a 34 anos (47%), entre brasileiros que estudaram até o ensino superior (48%), nos estratos com renda familiar superior a 2 salários (47% na faixa de 2 a 5 salários, 53% na faixa de 5 a 10 salários e 59% na faixa superior a 10 salários), entre pessoas brancas (46%), na parcela de evangélicos (50%) e na região Sul (49%).
O ensaio de recuperação na avaliação do petista, observado entre fevereiro e abril, foi frustrado em junho pela queda na percepção positiva do governo em segmentos que há três meses haviam potencializado o movimento de alta, notadamente brasileiros com ensino superior e nas faixas de renda mais elevadas. Entre fevereiro e abril, o índice de ótimo ou bom da gestão Lula havia subido de 18% para 31% entre quem estudou até o ensino superior, e agora houve recuo para 25%. No estrato com renda familiar de 5 a 10 salários, houve avanço de 18% para 31% na avaliação positiva entre fevereiro e abril, e queda para 19% em junho. Movimento parecido ocorreu entre os mais ricos, com renda familiar superior a 10 salários, com alta de 18% para 31% entre fevereiro e abril e queda para 20% em junho.
O petista manteve a resiliência em segmentos como a população com renda familiar de até 2 salários, no qual a avaliação positiva era de 29% em fevereiro, 30% em abril e 32% no início de junho, e no Nordeste, onde seu governo era visto como ótimo ou bom por 33% em fevereiro, 38% em abril e 37% no levantamento atual. Esses são os dois principais exemplos de segmentos amplos da população em que o governo do petista tinha índices de avaliação positiva acima da média até dezembro do ano passado, e nos quais enfrentou quedas significativas nos primeiros meses de 2025. Agora, vê uma avaliação estável, com oscilações positivas quando se compara o momento atual a fevereiro deste ano.
O trabalho de Lula como presidente tem a aprovação de 46% dos brasileiros, ante 48% na pesquisa anterior, de abril. A desaprovação é de 50% (eram 49% em abril), e 3% não opinaram. Há um empate entre aprovação e desaprovação quando se observam os limites da margem de erro da pesquisa, que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, porém é maior a probabilidade de a taxa de desaprovação estar acima aprovação.
Entre os homens, a desaprovação é de 53%, acima do registrado entre as mulheres (48%). O índice negativo também fica acima da média entre brasileiros e 25 a 34 anos (56%), na parcela com ensino superior (57%), nas faixas com renda mensal acima de 2 salários (57% na fatia de 2 a 5 salários, 65% entre quem tem renda superior a 5 salários), na região Sul (60%) e no grupo de evangélicos (64%).
36% VEEM AÇÕES DE JANJA COMO PREJUDICIAIS AO GOVERNO, E PARA 40% PRIMEIRA-DAMA NÃO AJUDA NEM ATRAPALHA
Uma parcela de 36% dos brasileiros com 16 anos ou mais avalia que as ações da primeira-dama Janja mais atrapalham do que ajudam o desempenho do governo Lula, e 14% o pensam o contrário, que suas ações mais ajudam do que atrapalham a gestão do petista. Há ainda 40% que avaliam que as ações da primeira-dama não ajudam nem atrapalham no desempenho do governo, e 10% não têm opinião sobre o tema.
Entre quem aprova o desempenho do governo Lula, 49% veem o papel de Janja como neutro, 26%, como postivo, e 13%, como negativo. Na metade da população que desaprova a atual gestão, 57% consideram a atuação da primeira-dama prejudicial ao desempenho do governo, e para 32% ela nem ajuda nem atrapalha, além de 4% que atribuem a ela uma influência positiva.
Na parcela masculina da população, 42% acreditam que as ações de Janja mais atrapalham do que ajudam no desempenho do governo Lula, índice que cai para 30% entre mulheres. Na parcela com ensino superior, 49% atribuem à primeira-dama uma influência negativa sobre a gestão do petista, taxa superior à registrada entre brasileiros com escolaridade média (34%) e entre quem estudou até o ensino fundamental (26%).
NA COMPARAÇÃO ENTRE GOVERNOS, INFLAÇÃO E SEGURANÇA DESTACAM BOLSONARO ANTE LULA
Petista se sai ligeiramente melhor em educação, moradia e geração de empregos em contraste com antecessor.
Os brasileiros compararam o governo atual, do presidente Lula (PT), ao anterior, de Jair Bolsonaro (PL), em oito áreas, e combate à inflação e segurança são aquelas em que o petista se sai pior em relação ao antecessor.
Para metade da população (50%), Lula está se saindo pior do que Bolsonaro no combate à inflação, e 29% avaliam que o petista tem se saído melhor que o antecessor nesta área. Os demais avaliam o desempenho dos governos iguais nessa área (17%) ou não opinaram (4%). Entre quem votou em Lula no 2º turno de 2022, 16% avaliam que seu desempenho no combate à alta de preços é pior do que na gestão anterior, e para 22% é igual. No grupo de eleitores de Bolsonaro, 4% consideram que o governo atual é melhor do que o anterior no combate à inflação, e para 8% os governos se igualam nesta área. Na parcela com renda de até 2 salários, 43% consideram que Lula tem se saído pior do que Bolsonaro no combate à inflação, para 33% seu desempenho é melhor, e há 20% que veem desempenhos iguais. Nas demais faixas de renda, a comparação desfavorável ao petista se acentua: na faixa de 2 a 5 salários, 56% veem seu desempenho pior, índice que vai a 64% na faixa de 5 a 10 salários e alcança 68% entre quem tem renda superior a 10 salários.
Na segurança, 46% avaliam que o governo Lula tem desempenho pior do que o de Bolsonaro, e para 29% ele é melhor. Há 22% que consideram os governos iguais quando se trata de segurança, e 3% não opinaram. Na parcela que votou em Lula no 2º turno de 2022, 13% acreditam que ele tem se saído pior do que Bolsonaro na área da segurança, e para 28% seu desempenho se igual ao do antecessor. Entre eleitores de Bolsonaro na última disputa presidencial, 6% avaliam que o petista tem saído melhor na segurança, e para 11% o desempenho é igual.
O desempenho do governo Lula na área da saúde é percebido como pior do que na gestão Bolsonaro por 40%, no mesmo patamar dos que o veem como melhor (38%). Para 20%, eles são iguais. Entre quem votou no petista em 2022, 10% avaliam que seu governo tem se saído pior do que o antecessor na área da saúde, e para 19% eles são iguais. Na parcela que optou por Bolsonaro, 9% apontam o desempenho de Lula na saúde como superior, e para 15% o governo atual e o anterior se igualam nesta área.
No combate à pobreza, 41% avaliam que Lula faz um trabalho melhor do que Bolsonaro, e 40% pensam o contrário, que o desempenho do petista é pior nesta área. Para 17%, eles são iguais quando o tema é combater a pobreza, e 3% não opinaram. Entre eleitores de Lula no 2º turno de 2022, 8% avaliam seu desempenho no enfrentamento à pobreza como pior do que no governo anterior, e para 15% ele é igual. No grupo que votou em Bolsonaro, 11% acreditam que Lula tem um desempenho melhor do que o antecessor e oponente nesta área, e para 15% eles se igualam.
Também há uma divisão na percepção sobre os governos Lula e Bolsonaro no meio ambiente, com 38% atribuindo ao governo atual um desempenho melhor do que o antecessor, e 37%, um desempenho pior. Para 20%, eles tiveram desempenhos iguais, e 4% não opinaram. No conjunto das regiões Norte e Centro-Oeste, 43% avaliam que Lula tem se saído pior do que Bolsonaro na área do meio ambiente, ante 35% que o consideram melhor, além de 18% que igualam as ações dos dois governos. Entre os mais jovens, na parcela de 16 a 24 anos, 37% dizem que o governo Lula é melhor do que o governo de Bolsonaro na temática ambiental, índice similar ao dos que os consideram iguais (33%), e há 25% que veem a gestão petista como pior do que a anterior. Na faixa posterior, de 25 a 34 anos, a tendência é oposta: 43% avaliam que o atual governo é pior do que ao anterior no meio ambiente, ante 30% que o veem como melhor e 22% que os consideram iguais. Entre quem tem de 35 a 44 anos, 42% consideram o desempenho do atual governo pior, 38%, melhor, e 18%, igual. Na faixa de 45 a 59 anos, 42% avaliam que o atual governo se sai melhor na área ambiental, ante 37% que avaliam que têm desempenho pior, e 17% eles são iguais. Entre os mais velhos essa tendência se mantém: 42% veem o governo Lula como melhor, 38%, como pior, e 14%, como igual ao anterior.
A comparação na educação mostra que 42% veem o desempenho de Lula como melhor do que o de seu antecessor nesta área, e para 38% ele tem se saído pior do que Bolsonaro. Há 18% que consideram os dois governos iguais, e 3% preferiram não opinar. Na parcela que votou em Lula no 2º turno de 2022, 8% avaliam que seu governo tem desempenho pior do que anterior quando se trata de educação, e para 15% ambos se igualam nesta área. Entre eleitores de Bolsonaro, 11% acreditam que o petista supera o antecessor na educação, e para 17% seus desempenhos são iguais.
Quando se trata da geração de empregos, 43% consideram o governo Lula melhor do que o antecessor, 36% o veem como pior, e para 18% eles são iguais, com 3% sem opinião. Na faixa de renda de até 2 salários, 47% avaliam que o petista têm se saído melhor do que Bolsonaro na criação de empregos, e para 30% ele tem se saído pior, com 19% atribuindo desempenhos iguais a eles nesta área. Entre quem tem renda de 2 a 5 salários, 42% dizem que o desempenho de Lula é melhor, 40%, que é pior, e 16%, que é igual ao do antecessor na geração de empregos. No segmento com renda de 5 a 10 salários, 47% veem o atual governo é pior do que anterior nesta área, para 29% é melhor, e 21% consideram igual. Entre os mais ricos, com renda superior a 10 salários, a taxa dos que veem Lula como pior na geração de empregos é de 50%, ante 33% que consideram melhor e 16% que o igualam a Bolsonaro.
Na área de moradia e habitação, 40% atribuem ao governo Lula um desempenho melhor do que no governo Bolsonaro, e para 33% ele é pior. Os demais veem os governos com desempenhos iguais nessa área (22%) ou não opinaram (4%).
Fonte: DCM