Jurista defende punição exemplar para os responsáveis pelos ataques à democracia e propõe legislação para retirada da cidadania de traidores do país
Em entrevista à TV 247, o jurista Pedro Serrano fez duras críticas à atuação da família Bolsonaro e à interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no processo de responsabilização judicial de Jair Bolsonaro. Segundo ele, o apoio de Trump ao ex-presidente brasileiro tem como objetivo garantir privilégios inconstitucionais e afronta diretamente a soberania nacional.
"Acho uma insanidade o que o Trump fez", declarou Serrano, referindo-se ao posicionamento do mandatário norte-americano, que, reeleito em 2025, tenta blindar Bolsonaro de investigações no Brasil. “O que ele quer é um Bolsonaro aristocrata, que não se submeta à lei dos comuns, que somos nós”, completou o jurista.Segundo Serrano, a postura de Bolsonaro e de seus aliados configura "traição à pátria". Ele criticou veementemente os atos que sucederam as eleições de 2022, incluindo a depredação da Praça dos Três Poderes, os ataques ao prédio da Polícia Federal, os bloqueios de rodovias e o incentivo à instabilidade institucional. “Essa gente teve um comportamento de trair os interesses do país”, afirmou.
Proposta de cassação de cidadania
Diante da gravidade dos fatos, Serrano sugeriu que o Congresso Nacional e o presidente Lula debatam a criação de uma legislação específica para lidar com crimes de traição ao país. “Não era o caso de apenas tornar inelegível. Deveria haver uma legislação para retirar a cidadania de gente que haja assim”, defendeu.Ele foi além: “Não é um problema só de perder direitos políticos. Agora é muito pior que isso. Tem que perder a cidadania, o direito de ser brasileiro. O brasileiro não pode agir com tamanha deslealdade com o seu próprio povo”. Serrano propôs ainda que essa perda de cidadania fosse acompanhada de retirada do território nacional: “Não tem que frequentar o país mais, não tem que estar aqui quem faz isso”.
Reação à crise e distanciamento dos EUA
Para o jurista, a crise institucional gerada por Bolsonaro e seus apoiadores deve provocar uma reorientação na política externa brasileira. “O que o Brasil tem que fazer como Estado é aproveitar essa crise para se distanciar dos Estados Unidos, para criar mais vínculo com a China e outros países”, afirmou, classificando o governo Trump como “acelerado” e uma ameaça à estabilidade internacional.Citando o economista e Prêmio Nobel Paul Krugman, Serrano observou que os Estados Unidos “já não são mais funcionalmente uma democracia” e criticou o fato de Trump colocar os interesses pessoais e ideológicos acima da legalidade: “Olha o que ele está fazendo com o Brasil, porque quer que um cidadão brasileiro não seja processado, um cidadão amigo dele. Isso é motivo para impeachment, inclusive nos Estados Unidos”.
Crime contra a democracia
Pedro Serrano encerrou sua análise com um alerta sobre a gravidade da situação: “Tem que ficar claro: houve traição à pátria no sentido filosófico e político. Não há delito mais grave que o cidadão possa cometer”. Ele lembrou que a Constituição brasileira prevê até pena de morte no caso de deserção em guerra, e que Bolsonaro age “como imperador do país, como alguém que quer estar acima da lei”.Por fim, reiterou: “Se é para trair a pátria, que perca a cidadania e seja expulso do território nacional. Não tenha mais convivência com o nosso povo”. Assista:
Fonte: Brasil 247
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