terça-feira, 26 de agosto de 2025

O esquema de segurança montado no STF para julgamento de Bolsonaro

Jair Bolsonaro durante julgamento da denúncia da PGR sobre a trama golpista no Supremo, em março. Foto: Antonio Augusto/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) prepara um esquema especial de segurança para o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus no processo da trama golpista, marcado para começar em 2 de setembro. Entre as medidas estão varreduras nas casas dos ministros, restrição de acesso à Praça dos Três Poderes e reforço no policiamento do tribunal, com agentes dentro da sede da Corte.

Cerca de 30 policiais requisitados de outros tribunais já estão em Brasília, integrados ao efetivo da Polícia Judicial. Para abrigar os agentes, o Supremo montou dormitórios improvisados, com beliches, para garantir presença permanente no local. A expectativa é que eles permaneçam no tribunal por pelo menos dois meses, com chance de prorrogação.

A decisão pelo reforço foi motivada pelo aumento das ameaças contra ministros com a proximidade do julgamento e pela possibilidade de condenação de Bolsonaro. O STF considera que a atual Polícia Judicial precisa de ampliação no efetivo permanente e estuda contratar ao menos 40 novos policiais para compor o quadro fixo de segurança.

Outro fator de preocupação é a coincidência do julgamento com as comemorações do 7 de Setembro. A data cairá entre as duas semanas de sessões, e grupos bolsonaristas já convocaram manifestações que podem concorrer com os desfiles cívico-militares. O tribunal avalia que os ataques e pressões contra a Corte podem continuar mesmo após a decisão, prolongando o clima de tensão.

Grades na praça dos Três Poderes, em frente ao STF, em Brasília. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

A segurança teme, sobretudo, ações isoladas, como a de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, que em 2023 se explodiu em frente ao STF. Para evitar dar notoriedade a esse tipo de ação, os agentes passaram a chamar indivíduos desse perfil de “ratos solitários”, em vez de “lobos solitários”.

Por isso, as grades de proteção instaladas ao redor do prédio, retiradas simbolicamente em 2024, foram recolocadas e devem permanecer indefinidamente.

O tribunal também se prepara para a possibilidade de Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, decidir comparecer pessoalmente ao julgamento. Ele confidenciou a aliados o desejo de encarar os ministros que considera adversários. Caso isso aconteça, o esquema de segurança será reforçado ainda mais, diante do potencial de comoção e mobilização política em torno de sua presença.

As sessões do julgamento foram marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. O presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, prevê que a análise do caso dure até duas semanas. A decisão final deve coincidir com a posse de Edson Fachin na presidência do STF, no fim do mês, o que aumenta o peso político do processo.

Fonte: DCM

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