A ex-presidente da Argentina compara sua prisão com a perseguição sofrida por Lula na Lava-Jato
A ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, aproveitou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sua residência em Buenos Aires, nesta quinta-feira (3), para denunciar o que chamou de perseguição política e "deriva autoritária" no país. Cristina cumpre prisão domiciliar após ser condenada por corrupção, mas continua atuando politicamente e mantém apoio de uma parcela expressiva do peronismo.
O encontro entre os dois líderes ocorreu durante a passagem de Lula pela capital argentina, onde participou da cúpula do Mercosul e assumiu a presidência rotativa do bloco. A visita à residência de Cristina foi autorizada pela Justiça local, a pedido da defesa da ex-presidente. Lula chegou ao local por volta das 12h30, escoltado por seguranças e recebido com aplausos por apoiadores da ex-mandatária.
Em uma publicação feita após o encontro, Cristina deu o tom político da visita e fez duras críticas ao Judiciário argentino e ao governo do presidente Javier Milei. "Hoje recebemos o companheiro Lula na minha casa, onde estou sob detenção domiciliar por decisão de um Poder Judiciário que há muito tempo deixou de disfarçar sua subordinação política e se transformou em um partido político a serviço do poder econômico."
Cristina comparou sua situação à de Lula, que também foi preso em decorrência da operação Lava Jato e depois inocentado. "Lula também foi perseguido, também sofreu lawfare até ser preso, também tentaram calá-lo. Não conseguiram. Ele voltou com o voto do povo brasileiro e de cabeça erguida. Por isso, hoje sua visita foi muito mais que um gesto pessoal: foi um ato político de solidariedade", disse.
"Os olhos do mundo estão atentos para como a Argentina vive uma autêntica deriva autoritária nas mãos do governo de Milei; no que podemos identificar como terrorismo de Estado de baixa intensidade", completou
Cristina também denunciou prisões de manifestantes opositores, destacando ações da ministra da Segurança, Patricia Bullrich. "Ontem mesmo, pudemos ver como Bullrich mandou prender várias companheiras. Todas elas… mulheres, jovens e militantes. Ela o fez a pedido de José Luis Espert, para quem seus opositores só merecem ‘cadeia ou bala’, assim como vimos no dia 18 de junho, quando identificaram e hostilizaram pessoas que marchavam rumo à Praça de Maio", criticou.
A ex-presidente encerrou sua mensagem com um alerta sobre o risco de desmonte institucional. "Custou muito para construirmos a democracia argentina para que agora, passo a passo, a desmontem. No entanto, essa mesma democracia hoje está sendo esvaziada por dentro por um governo que se diz ‘libertário’… mas que só dá liberdade aos mais ricos", concluiu.
Fonte: Brasil 247
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