Foco à frente do bloco será a integração regional, finalização do acordo com União Europeia e fortalecimento da Tarifa Externa Comum
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul na próxima quinta-feira (3), em Buenos Aires. O encontro marcará o encerramento da presidência pro tempore da Argentina e a transferência do comando rotativo do bloco para o Brasil.
A participação nacional reforça o compromisso do governo com o fortalecimento da integração regional e com a agenda econômica e social do Mercosul. A informação foi dada pela embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores,
“Não preciso ressaltar a importância que o Brasil atribuiu ao Mercosul no nosso objetivo maior de promover a integração regional, que é um objetivo constitucional, histórico e atual do presidente Lula e da diplomacia brasileira”, afirmou a secretária.
Entre as prioridades do Brasil à frente do bloco está a conclusão do acordo com a União Europeia. “Temos a expectativa de assinar mesmo o acordo com a União Europeia, que está finalizado, passando por traduções para 27 línguas, e tem de passar pelas instâncias europeias. Vocês todos acompanharam o esforço do presidente Lula, junto ao presidente Emmanuel Macron recentemente, e ele sempre está trabalhando para que esse acordo importantíssimo seja finalmente concluído”, disse Padovan.
Ela destacou que a atuação conjunta dos países do bloco fortalece sua posição em negociações internacionais. “O Mercosul também é importante para os nossos países se posicionarem globalmente. Sozinhos, negociações com grandes blocos seriam mais fragilizadas. Juntos somos mais fortes para nos colocarmos globalmente.”
Durante a presidência brasileira, o Mercosul pretende priorizar o fortalecimento da Tarifa Externa Comum, a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do bloco e o avanço em medidas que consolidem a união aduaneira. Também será discutida a incorporação de novos códigos à Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec).
Outro ponto de destaque será o lançamento do “Mercosul verde”, com ações voltadas à cooperação para tornar o comércio mais sustentável. “É promover a cooperação para que não só o nosso comércio seja mais sustentável, mas também que mostremos ao mundo as nossas credenciais verdes: temos uma matriz energética renovável e nossa agricultura é sustentável”, pontuou a embaixadora.
O Brasil também deve liderar o lançamento da segunda fase do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM 2), que financia projetos para reduzir desigualdades entre os países do bloco. “A versão 1 despendeu cerca de US$ 1 bilhão em projetos importantes, como a Costaneira no Paraguai. A gente anda por ela e é um orgulho ver que o Mercosul é capaz de ajudar em obras tão fundamentais”, destacou Padovan. O país tem ainda oito novos projetos nacionais em fase de lançamento no âmbito do FOCEM 1.
Outras áreas de atenção serão a cooperação em segurança pública e o fortalecimento dos mecanismos de financiamento de infraestrutura e desenvolvimento regional.
Na área social, o Brasil quer impulsionar o trabalho do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), sediado na Argentina, e do Instituto Social do Mercosul (ISM), com sede no Paraguai. “Gostaríamos de ver esses institutos mais vigorosos. Trabalharemos para ajudá-los a cumprirem a sua função importantíssima de preparar corpos técnicos, de fazer estudos, de difundir dados e elementos e de promover efetivamente temas fundamentais, como são direitos humanos e o tema da justiça e cuidado social”, declarou a embaixadora.
Padovan também mencionou o fortalecimento da participação dos países associados, com destaque para o Panamá, e o incentivo às relações comerciais por meio do Fórum Empresarial, com atenção especial às pequenas e médias empresas, setor que, segundo ela, enfrenta mais barreiras no comércio internacional e tem forte participação feminina.
No comércio entre os países do bloco, o intercâmbio somou US$ 17,5 bilhões entre janeiro e maio de 2025. O Brasil exportou US$ 10,2 bilhões e importou US$ 7,2 bilhões, registrando um superávit de US$ 3 bilhões. Entre os principais itens importados estão veículos automotores para transporte de mercadorias e passageiros, trigo e centeio não moídos, e energia elétrica. As exportações brasileiras se concentram em veículos de passageiros e de mercadorias, peças e acessórios automotivos, produtos da indústria de transformação e minério de ferro.
Fonte: Brasil 247
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