
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retirou do ar, nesta quarta-feira (20), um relatório de auditoria que mostrava como o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) a aplicar mais de 30 mil descontos irregulares em aposentadorias e pensões. Com informações do G1.
O documento havia sido publicado pela manhã no site oficial da autarquia, mas foi removido poucas horas depois, no mesmo dia em que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS iniciou seus trabalhos, com derrota do governo Lula (PT) na escolha da presidência e da relatoria.
A decisão partiu do presidente do órgão, Gilberto Waller Júnior, após reportagem da revista Piauí expor o conteúdo do relatório.
Segundo o INSS, o documento não estava concluído e teria sido publicado por uma “falha de procedimento”, não possuindo “validade institucional”. Já a Contag afirmou que não pode comentar o caso porque ele corre em sigilo, mas ressaltou que já havia denunciado descontos indevidos e práticas abusivas à autarquia em duas ocasiões.
◈ Contag
A Contag, considerada uma das maiores entidades sindicais do Brasil, tem grande influência em diferentes ministérios da gestão Lula (PT). Nos últimos anos, a organização esteve entre as que mais realizaram descontos em benefícios previdenciários.
A oposição tenta associar a proximidade da entidade com o PT ao escândalo do INSS para responsabilizar o governo atual. No entanto, o relatório de auditoria revela que a Contag também exerceu influência sobre a autarquia durante o governo Bolsonaro.
A Auditoria-Geral do INSS, responsável pela apuração, destacou que o desbloqueio em lote de 30.211 benefícios foi autorizado em 28 de setembro de 2022 pelo então presidente do órgão, Guilherme Serrano, em pleno período eleitoral.
A medida beneficiou diretamente a Contag, sem que fosse exigida a comprovação da autorização dos aposentados, descumprindo as normas da instituição.
◈ “Fui enganado”
O relatório mostra ainda que muitos beneficiários relataram não ter autorizado os descontos. Entre outubro de 2022 e maio de 2025, mais de 4 mil aposentados contestaram as cobranças, e cerca de 65% declararam que nunca haviam dado permissão.
Em um dos relatos, um segurado afirmou: “Fui enganado. O presidente do sindicato em nenhum momento me informou sobre esses descontos. Simplesmente pediu para eu assinar alguns documentos, mas não me informou do que se tratava ou que teria algum desconto em meu benefício.”
Outra aposentada disse: “Fui enganada. Me aposentei pelo sindicato e eles não me falaram que iam fazer isso.”
Os auditores concluíram que “os controles instituídos pelo INSS para assegurar a conformidade dos procedimentos, como o serviço de desbloqueio oferecido nos canais remotos e unidades de atendimento, foram desconsiderados na execução do desbloqueio em lote. Isso comprometeu a rastreabilidade, transparência e efetividade das salvaguardas operacionais, agravando os impactos identificados.”
Fonte: DCM com informações do G1
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