Relatório da Polícia Federal aponta operações financeiras de Eduardo e Carlos Bolsonaro que chamaram atenção do Coaf por indícios de lavagem de dinheiro
Um relatório da Polícia Federal (PF), elaborado a partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelou movimentações financeiras milionárias realizadas pelos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). A apuração foi divulgada pelo portal Metrópoles, que teve acesso ao documento oficial.
De acordo com os dados, Eduardo Bolsonaro recebeu cerca de R$ 4,1 milhões em créditos entre setembro de 2023 e junho de 2025, enquanto Carlos Bolsonaro movimentou aproximadamente R$ 4,8 milhões em apenas um ano. As transações foram classificadas pelo Coaf como “suspeitas de configurarem indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais” e, por isso, encaminhadas à Polícia Federal.
◈ Detalhes das movimentações de Eduardo Bolsonaro
O relatório aponta que Eduardo Bolsonaro teve três períodos distintos de movimentações vultosas:
- De 15/03/2023 a 21/02/2024: R$ 1.081.731,51 em créditos e R$ 1.501.047,57 em débitos
- De 01/09/2023 a 22/08/2024: R$ 1.361.402,62 em créditos e R$ 1.381.314,26 em débitos
- De 23/08/2024 a 05/06/2025: R$ 2.799.694,77 em créditos e R$ 2.761.023,77 em débitos
Somados, os valores de créditos recebidos por Eduardo chegaram a cerca de R$ 4,1 milhões em menos de dois anos. Parte relevante desses recursos teve origem em sua própria empresa, a Eduardo B Cursos LTDA, da qual ele é sócio junto com a esposa, Heloisa Wolf Bolsonaro. O relatório também registra transferências vindas de seu pai, Jair Bolsonaro, além de pessoas físicas não identificadas.
◈ Operações de Carlos Bolsonaro sob investigação
No caso de Carlos Bolsonaro, o documento indica que ele movimentou R$ 4.859.014,37 em créditos e R$ 4.868.533,15 em débitos entre setembro de 2023 e agosto de 2024. Do total, cerca de R$ 1,7 milhão corresponde a operações entre contas de mesma titularidade, distribuídas em 24 transações. Outro dado relevante é a entrada de R$ 700 mil provenientes de um empresário do setor automotivo.
Apesar de constar no inquérito, Carlos não foi formalmente indiciado. O relatório, no entanto, reforça que suas movimentações seguem sob escrutínio das autoridades financeiras.
◈ Contexto político e investigações
As informações integram o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro no processo que investiga abolição violenta do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo da Ação Penal nº 2668, relativa à suposta tentativa de golpe em 2022.
O avanço da investigação coloca novamente a família Bolsonaro no centro de suspeitas de irregularidades financeiras e conexões com práticas ilícitas. A PF deverá aprofundar a análise dos relatórios bancários, em especial das transferências realizadas entre membros da família e terceiros, para identificar eventuais crimes de lavagem de dinheiro.
Fonte: Brasil 247
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