terça-feira, 1 de julho de 2025

Lula cita inconformismo com Selic a 15% e isenta Galípolo: “esse aumento já estava dado”

Presidente critica juros altos, diz que inflação está controlada e defende novo diretor do BC: “Galípolo está comendo o prato que recebeu”

Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e Gabriel Galípolo (Foto: Ricardo Stuckert / PR I Edilson Rodrigues / Agência Senado)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, nesta terça-feira (1º), o patamar da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15%, e deixou claro seu descontentamento com a política monetária conduzida pelo Banco Central. No entanto, poupou o novo diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo, de qualquer responsabilidade pelo cenário atual, ao afirmar que ele apenas herdou decisões anteriores. As declarações foram feitas durante o lançamento do Plano Safra 2025, em Brasília.

Vocês não pensem que eu me conformo com a taxa de juros a 15%”, disse Lula, expressando frustração com o impacto da Selic sobre o crédito, o consumo e os investimentos. Ainda assim, minimizou a participação de Galípolo nas últimas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom): “Mas esse aumento já estava dado. Na verdade, o Galípolo está comendo o prato que recebeu. Não teve nem tempo de trocar de comida. Mas certamente vai trocar”, afirmou.

☆ “Inflação está controlada e dólar começou a cair” - Lula aproveitou o momento para destacar sinais positivos da economia, reforçando que não há justificativa para a manutenção de juros tão elevados. “O dólar começou a abaixar, a inflação está controlada”, declarou, reforçando o argumento do governo de que a atual política monetária é excessivamente restritiva e desconectada da realidade econômica do país.

As críticas à condução do Banco Central não são novas no discurso do presidente, que desde o início do mandato tem questionado a autonomia da instituição, especialmente sob a presidência de Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro. A nomeação de Galípolo para o colegiado do Copom, no entanto, é vista como uma aposta do governo em mudar gradualmente a orientação do banco.

☆ Pressão política e expectativas futuras - A fala de Lula insere-se num contexto de pressão crescente sobre o Banco Central por parte do governo e de setores produtivos, que vêm apontando os juros altos como um entrave à retomada do crescimento. Ao reforçar que Galípolo ainda não teve tempo de imprimir sua marca, o presidente sinaliza que espera mudanças na condução da política monetária a partir das próximas reuniões do Copom.

A crítica à taxa Selic, portanto, se manteve firme, mas veio acompanhada de um gesto político ao novo integrante do BC, que ainda busca construir pontes entre o governo e o mercado. A expectativa de Lula é clara: uma redução gradual, mas consistente, dos juros no curto prazo.

Fonte: Brasil 247

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