O presidente Lula (PT), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid. Foto: Reprodução
Arquivos extraídos do celular do tenente-coronel Mauro Cid, apreendido pela Polícia Federal (PF) em 3 de maio de 2023, revelam que o militar preferia o presidente Lula (PT) à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para a presidência em 2026.
Apesar da relação de confiança construída como ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Cid mantinha um convívio tenso com Michelle. Em conversas com diversos interlocutores, obtidas pelo UOL, o militar dispara críticas e ironias sobre a primeira-dama.
O coronel Marcelo Câmara, assessor designado para acompanhar Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, mantinha contato diário com Cid para resolver demandas do ex-presidente. Nesses diálogos, ambos citaram, em tom de ironia, questões envolvendo Michelle.
Em 28 de dezembro daquele ano, Cid compartilhou com Câmara um print de uma conversa com Michelle, na qual ela o acusa de vazar informações contra ela para uma reportagem.
Na mensagem, Michelle diz: “Agiu rápido né”. Cid não respondeu ao comentário, mas a conversa revela que a desconfiança entre os dois era recíproca, já que Michelle indicava que o militar teria abastecido a imprensa com críticas contra ela.

“Prefiro o Lula”
As críticas mais duras de Cid a Michelle, porém, ocorreram em diálogos com o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fabio Wajngarten. Eles discutiram longamente as investigações que atingiam Bolsonaro e o cenário político brasileiro.
Em 27 de janeiro de 2023, Wajngarten enviou a Cid uma notícia de que o PL considerava lançar Michelle como candidata presidencial, caso Bolsonaro se tornasse inelegível — fato confirmado em 30 de junho de 2023, após julgamento no Tribunal Superior Eleitoral. O tenente-coronel respondeu: “Prefiro o Lula”.
Dias depois, Wajngarten encaminhou a Cid mensagens com críticas ao PL sobre o salário que seria pago a Michelle.
Cid respondeu por áudio: “Cara, se dona Michelle tentar entrar pra política, num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela. E Valdemar [Costa Neto, presidente do PL] fala demais também, aquele negócio dos documentos, dos papéis, tá todo enrolado agora”.

Wajngarten, ao comentar sobre as conversas com Cid, afirmou que, na época, “jamais se imaginou a ex-primeira-dama como candidata” e que “os diálogos ocorridos nada mais eram do que análise de notícias que saíam na imprensa”.
Pouco depois, em outro diálogo, Wajngarten compartilhou uma reportagem sobre uma possível candidatura de Michelle ao Senado.
Ele também disse ter perguntado diretamente a Bolsonaro se ele autorizava esse movimento político, alertando-o de que a divulgação geraria notícias negativas à primeira-dama, e afirmou que o ex-capitão o telefonou para tratar do assunto.
Cid, então, reforçou sua opinião, dizendo que Michelle teria informações comprometedoras em sua biografia que prejudicariam uma possível candidatura. “E ela tem muito furo… muita coisa para queimar… inclusive do passado”, afirmou o militar.

Fonte: DCM com informações do UOL
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