Racha se aprofunda com críticas a Eduardo Bolsonaro, prisão de Carla Zambelli e isolamento de Tarcísio de Freitas, além das tarifas impostas pelos EUA
Ex-presidente Jair Bolsonaro chega para colocação de tornozeleira eletrônica em Brasília 18/07/2025 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Adriano Machado)
A direita brasileira enfrenta uma onda de desarticulação política que se intensificou nas últimas semanas e, segundo a Coluna do Estadão, do Jornal O Estado de S. Paulo, governadores, deputados e senadores que orbitam o bolsonarismo avaliam individualmente os impactos de cada movimento político sobre suas próprias trajetórias rumo às eleições de 2026. O cenário de fragmentação ganhou contornos mais nítidos com atitudes consideradas personalistas de dois dos nomes mais conhecidos do grupo: os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP).
Uma das evidências mais recentes deste descompasso foi o cancelamento de uma reunião entre governadores de direita e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que trataria do aumento de tarifas imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mesmo relutando em endossar o governo Lula, que surfou na popularidade do embate com Washington, os governadores não puderam ignorar os prejuízos econômicos nos estados que governam.
A ausência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um ato bolsonarista neste domingo (3), ainda que justificada por motivos médicos, também foi interpretada como um esforço para se distanciar de desgastes políticos. Líderes do campo conservador apontam que Eduardo Bolsonaro parece mais empenhado em se alinhar a Trump e em manter sua presença nos EUA do que em liderar uma articulação política no Brasil.
Eduardo gerou desconforto até entre seus aliados ao declarar que torcia contra a missão de senadores brasileiros que buscavam aliviar as tarifas impostas por Trump. O ex-comentarista da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, aliado próximo de Eduardo, já havia antecipado o tom hostil em entrevista anterior, afirmando que os parlamentares iriam "quebrar a cara".
O filho de Jair Bolsonaro passou a atacar figuras da própria direita. Primeiro, voltou suas críticas ao governador Tarcísio, que buscava negociar com os EUA pressionado por empresários paulistas. Depois, mirou no deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), considerado o principal ativo do bolsonarismo nas redes sociais.
Já Carla Zambelli protagonizou um dos episódios mais constrangedores para o grupo desde 2022, quando sua perseguição armada a um homem nas vésperas do segundo turno foi apontada como fator de desgaste para Bolsonaro. Agora, ao contrário de outros bolsonaristas que conseguiram evitar a prisão, como o senador Marcos do Val, Zambelli não teve o mesmo êxito. Sua tentativa de fugir para a Itália foi vista por aliados como o golpe final nos réus do 8 de janeiro.
Ainda de acordo com a reportagem, em meio a este desmanche político, Tarcísio vive o dilema mais delicado. Considerado uma opção viável à Presidência em 2026 por setores do empresariado e do agronegócio, viu este entusiasmo arrefecer após se alinhar, no início da crise tarifária, de forma considerada excessiva ao bolsonarismo. Foi necessário recalibrar o discurso, buscar diálogo com empresários e até anunciar medidas de apoio antes do próprio governo federal.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), chegou a responsabilizar Eduardo Bolsonaro pelo "problema para a direita" causado com a articulação das tarifas. Em resposta, Eduardo atacou Zema, chamando-o de representante da "turminha da elite financeira".
Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem evitado confronto direto com Eduardo, preferindo direcionar suas críticas ao governo Lula pela forma como tem conduzido a crise com os EUA. No Paraná, Ratinho Júnior (PSD) reuniu-se com empresários em São Paulo, buscando atrair investimentos e se posicionar como uma possível alternativa conservadora para a sucessão presidencial.
Diante do esfacelamento do bloco político de direita, cada liderança tenta assegurar sua sobrevivência. Tarcísio, no entanto, buscou minimizar a divisão. Durante participação na Expert XP 2025, ele declarou que não acredita em uma ruptura entre os conservadores em 2026.
"A união faz a força. A boa notícia é que temos um grupo que tem o caminho para o Brasil que passa pela reforma administrativa e pela desvinculação das receitas. O projeto nacional está acima de todas as vaidades. O Brasil merece isso, é um país que está vocacionado para dar certo e pode explorar os seus diferenciais competitivos", afirmou.
Fonte: Brasil 247 com informações da Coluna do Estadão
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