quarta-feira, 13 de agosto de 2025

PF encontra anotações de espionagem política em agenda de Augusto Heleno

Anotações citam nomes como o ex-deputado Vicente Cândido, o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha

            Augusto Heleno (Foto: Ton Molina/STF)

A Polícia Federal encontrou anotações que indicam monitoramento político e possível espionagem ilegal por parte do governo Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato. Os registros foram localizados na agenda pessoal do general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e apontam, entre outros nTrama golpistaomes, o do ex-deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) como alvo da chamada “Abin paralela”. A informação foi divulgada pela CNN Brasil, que teve acesso ao conteúdo do documento.

Nas anotações manuscritas, Cândido é descrito como o “novo Vaccari”, em referência a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso na Operação Lava Jato. Em um dos trechos, lê-se: “Falar com PR [presidente]. Vicente Cândido é o novo Vaccari. ABIN está de olho nele”. A citação sugere envolvimento direto da presidência nas ações de vigilância, embora não haja detalhes sobre a data exata dos registros.

Além de Cândido, aparecem também os nomes do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e do deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). Expressões enigmáticas como “bunker em São Paulo” e “braço em Brasília” também foram anotadas, sem maiores esclarecimentos.

Outra parte da agenda revela suposta aproximação entre o então procurador-geral da República, Augusto Aras, e a Abin, além de menções a uma possível ação da Polícia Federal: “a PF [Polícia Federal está] preparando uma sacanagem grande”. A investigação da PF ainda identificou preocupação com o período eleitoral. Um fluxograma encontrado nas páginas seguintes da agenda expõe riscos à imagem do governo, mencionando tensões sociais e uma possível atuação de manifestantes chilenos no Brasil. Também consta uma seção intitulada “Observação das Eleições”, onde pessoas e instituições ligadas ao PT são listadas como opositoras à reeleição de Bolsonaro, descrito como “amigo de Trump”.

Entre as entidades citadas estão o Washington Brazil Office (WBO), a Associação Juízes para a Democracia, a Transparência Eleitoral e o Grupo de Puebla. Todas são conhecidas por seu envolvimento no debate democrático e jurídico na América Latina.

Apesar da gravidade do conteúdo e do fato de Augusto Heleno ser o superior hierárquico da Abin, a PF decidiu não indiciá-lo no inquérito que apura o uso do órgão para fins políticos.

Augusto Heleno, no entanto, responde criminalmente em outra frente. Ele é um dos réus no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente em 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) classifica Heleno como parte do “núcleo crucial” do plano golpista, junto a outras sete pessoas.

De acordo com a denúncia, Heleno teria atuado ao lado de Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin, com o objetivo de sustentar a narrativa de fraude eleitoral. A PGR afirma que os dois compartilhavam documentos com orientações para que o então presidente Bolsonaro desobedecesse decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

“As anotações previam a prisão em flagrante da autoridade policial que se dispusesse a cumprir as decisões judiciais que a organização criminosa qualificasse como manifestamente ilegais”, destacou a Procuradoria na acusação formal.

A denúncia sustenta ainda que Heleno tinha “pleno domínio sobre as ações clandestinas” da Abin paralela, e que os documentos apreendidos confirmam o alinhamento ideológico entre ele e Ramagem. Ambos são acusados por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

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