Integrantes do governo brasileiro dizem que são os americanos que têm evitado contato, o que deve ficar claro para os afetados pelo tarifaço de Trump
Em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue tentando, nos bastidores, reabrir canais de comunicação com Washington. No entanto, segundo o O Globo, a percepção dentro do Palácio do Planalto e do Itamaraty é de que o presidente americano, Donald Trump, não demonstra interesse em retomar o diálogo com Brasília.
Representantes do setor privado avaliam que apenas uma conversa direta entre Lula e Trump poderia destravar a crise. Apesar disso, interlocutores no governo descartam, por ora, um encontro entre os dois líderes, apontando que qualquer tentativa de aproximação só deve ocorrer após o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
✱ Encontro improvável na ONU
No próximo mês, Lula e Trump estarão em Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas. Tradicionalmente, o Brasil abre os discursos, seguido pelos Estados Unidos, mas não há previsão de reunião bilateral. Integrantes do governo brasileiro dizem que são os americanos que têm evitado contato, postura que deverá ficar clara para os setores mais afetados pelo tarifaço imposto por Washington.
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Trump em 9 de julho, é um dos principais pontos de atrito. Na ocasião, o presidente dos EUA citou o ministro do STF Alexandre de Moraes como um dos motivos para a medida. Desde então, autoridades americanas intensificaram críticas ao Judiciário e passaram a questionar a postura do Brasil em relação aos direitos humanos.
✱ Exigência considerada inaceitável
Segundo fontes do Planalto, Trump condiciona a retirada da sobretaxa à revisão do processo contra Bolsonaro no STF, onde o ex-presidente responde por tentativa de golpe de Estado. Para o governo brasileiro, essa exigência é “inaceitável” e representa interferência indevida nos assuntos internos do país.
Desde o anúncio das tarifas, o único diálogo formal ocorreu entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), chegou a agendar uma ligação com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para esta quarta-feira, mas foi informado do cancelamento da reunião.
A crise segue sem solução à vista, e a avaliação no governo é que o distanciamento imposto pela Casa Branca tende a prolongar as perdas comerciais e políticas para o Brasil.
Fonte: Brasil 247
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