domingo, 4 de maio de 2025

Traição está instalada na base de apoio ao governo Lula

Insatisfação com ministérios e aposta em Tarcísio como alternativa à esquerda minam coesão dos partidos do centrão na coalizão do Planalto

Presidente Lula durante reunião com ministros e integrantes do governo (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O anúncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que é “candidatíssimo” à reeleição em 2026, feito em jantar com deputados em abril, ainda não conseguiu conter insatisfações em sua base de apoio. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada neste domingo (4), os cinco partidos de centro e direita que integram a coalizão do governo — União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos — seguem instáveis, não garantem apoio à candidatura do petista e, em boa parte, flertam com a possibilidade de apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como alternativa à esquerda.

Embora essas legendas controlem 11 ministérios e reúnam cerca de 240 deputados — quase metade da Câmara —, o Planalto sofre para garantir fidelidade. A reforma ministerial prometida no ano passado emperrou e o apoio político não avançou. Uma cena que ilustra a fragilidade da articulação ocorreu com Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), anunciado como ministro das Comunicações, mas que recuou diante de pressões internas, mesmo após aceitar o convite.

Para parlamentares ouvidos pela Folha, há pouco incentivo para grandes mudanças até 2026. A avaliação é que, mesmo críticos, os partidos devem permanecer próximos do governo ao menos até o fim do mandato, garantindo acesso à máquina pública. Ao mesmo tempo, o PT não tem força no Congresso para dispensar essas alianças, mesmo que sejam instáveis e pouco confiáveis.

Entre as siglas, o União Brasil se destaca como símbolo do vaivém. Com três ministérios e dividido entre alas fisiológicas, bolsonaristas e independentes, o partido caminha com o PP para formar uma federação. A união foi anunciada em clima oposicionista, com pouca presença de governistas, reforçando a ideia de afastamento do governo Lula.

O PSD, comandado por Gilberto Kassab — secretário de Tarcísio e defensor de sua eventual candidatura presidencial —, também mantém postura ambígua, apesar de ocupar três ministérios. O MDB, que abriga quadros próximos de Lula como Helder Barbalho e Renan Calheiros, segue rachado, com alas no Sul e Sudeste alinhadas à oposição. O PP e o Republicanos, embora contemplados com cargos importantes como a Caixa e o Ministério do Esporte, mantêm líderes como Arthur Lira e Ciro Nogueira atuando nos bastidores contra os interesses do governo.

Diante desse cenário, a candidatura de Tarcísio tem ganhado força como possibilidade de unificar forças conservadoras em 2026. Ainda há incertezas — como a eventual inelegibilidade de Jair Bolsonaro e a popularidade de Lula nos próximos meses.

Fonte: Brasil 247 com reportagem da Folha de S. Paulo

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