Pesquisa mostra que os brasileiros não confiam no STF, no governo e, principalmente, no Congresso. Polícias, militares e igrejas inspiram maior confiança
Uma ampla pesquisa do instituto Ipespe, realizada com apoio da AGU, da Febraban e da consultoria BRZ, revela uma contradição marcante no sentimento da população brasileira em relação ao regime democrático: embora a maioria valorize a democracia como o melhor sistema de governo, predomina a insatisfação com seu funcionamento no país. O levantamento foi feito entre os dias 30 de novembro e 5 de dezembro de 2024, com 3 mil entrevistas por telefone e pela internet, e tem margem de erro de 1,8 ponto percentual.
◉ Apoio à democracia é alto, mas confiança nas instituições é baixa - De acordo com os dados, 81% dos brasileiros concordam que a democracia, ainda que com falhas, é a melhor forma de governo, e 67% afirmam preferi-la a qualquer outro regime. Apesar disso, 55% da população se dizem insatisfeitos com a maneira como a democracia funciona atualmente no Brasil. Apenas 42% estão satisfeitos, revelando um descompasso entre a adesão ao ideal democrático e a percepção sobre sua aplicação prática.
Entre os motivos dessa insatisfação, está a desconfiança generalizada em relação aos três Poderes da República. O Congresso Nacional aparece como a instituição menos confiável: apenas 17% dizem confiar nos parlamentares. O Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo federal também enfrentam altos índices de desconfiança, com 55% e 56% da população, respectivamente, declarando não confiar nessas instituições.
◉ Polícias, Forças Armadas e igrejas desfrutam de maior credibilidade - Em contraste, instituições com atuação mais próxima da população inspiram maior confiança. As polícias têm a confiança de 52% dos entrevistados, enquanto 58% confiam nas Forças Armadas e 55% nas igrejas.
O Ministério Público Federal, juízes e a Justiça Eleitoral obtêm índices medianos de confiança, variando entre 43% e 47%. Já partidos políticos e redes sociais ocupam as últimas posições no ranking, com 13% e 18% de confiança, respectivamente.
◉ Percepção de ameaça e desejo de mudanças - A pesquisa também revela que 70% dos brasileiros acreditam que a democracia no Brasil está ameaçada. Além disso, 59% dos entrevistados reconhecem que o país passou por risco de golpe de Estado, em referência a episódios como os ataques de 8 de janeiro de 2023.
◉ O que precisa mudar: educação, saúde e combate à desigualdade - Questionados sobre as áreas em que a desigualdade precisa ser enfrentada com mais urgência, 30% dos brasileiros apontaram a educação, seguida pela saúde (21%) e pelo combate à criminalidade e à violência (13%). Esses dados ajudam a dimensionar as prioridades da população e os caminhos desejados para um aperfeiçoamento do regime democrático.
Por fim, o estudo mostra que 67% acreditam que o Brasil já percorreu parte do caminho rumo à democracia ideal, o que revela um certo otimismo quanto ao futuro, apesar das críticas ao presente. Quando projetam os próximos anos, 36% acham que a democracia irá melhorar, contra 24% que acreditam que permanecerá igual e 36% que acham que ela irá piorar.
Fonte: Brasil 247
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