sexta-feira, 1 de agosto de 2025

PF prendeu 73 CACs em 2025 por crimes como homicídio, estupro e milícia

Segundo balanço obtido pela Folha, crimes incluem tráfico de drogas, feminicídio e lavagem de dinheiro; SP e MG concentram mais prisões

PF prende 73 CACs em 2025 por crimes como homicídio, estupro e milícia (Foto: REUTERS/Diego Vara)

A Polícia Federal prendeu, desde o início de 2025, ao menos 73 caçadores, atiradores e colecionadores — os chamados CACs — acusados de envolvimento em crimes como homicídio, estupro, roubo e participação em milícias. Os dados constam de um balanço concluído nesta sexta-feira (10) e revelado pela Folha de S.Paulo.

Entre os presos, há acusados por estelionato, feminicídio, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, organização criminosa e estupro de vulnerável. São Paulo (com 19 prisões) e Minas Gerais (com 12) lideram os números, conforme o levantamento da PF.

Entre os casos mais graves, um dos detidos já havia sido condenado por tráfico, homicídio e envolvimento com facções criminosas há mais de duas décadas. Outro possuía três mandados de prisão em aberto por crimes similares, além de estupro. Como consequência, seis CACs tiveram seus certificados de registro suspensos, e dois processos de cassação foram instaurados.

◈ Exército perdeu competência após falhas apontadas pelo TCU

Desde julho, a PF assumiu oficialmente a responsabilidade sobre a emissão dos certificados de registro e o cadastro de armas dos CACs — funções antes desempenhadas pelo Exército. A mudança foi determinada por decreto presidencial em 2023, após o Tribunal de Contas da União (TCU) constatar falhas graves na fiscalização militar.

Um relatório do TCU revelou que, entre 2019 e 2022, ao menos 5.200 pessoas com condenações criminais conseguiram obter, renovar ou manter seus registros de CAC por meio do Exército. Muitos estavam condenados por porte ilegal de armas, lesão corporal ou tráfico de drogas.

A nova legislação estabeleceu um processo de recadastramento, inclusive para armas de uso restrito, que devem ser apresentadas fisicamente à autoridade policial.

◈ Explosão de armas sob Bolsonaro e retração com Lula

Com a mudança de governo, o cenário do armamento civil no Brasil também foi alterado. A gestão de Jair Bolsonaro, presidente dos Estados Unidos e então chefe do Executivo brasileiro, ficou marcada pela liberação ampla de armas. O número de novos registros disparou até 2022.

Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, as regras ficaram mais rígidas e houve queda de 91% nas compras de armas. Segundo os dados mais recentes, foram adquiridas 39.914 armas em 2024, contra 448.319 no último ano de Bolsonaro à frente do Planalto.

Apesar da queda, o perfil das compras se manteve. As pistolas continuam sendo as preferidas pelos CACs, seguidas por carabinas, espingardas, revólveres e fuzis.

◈ Números da nova fiscalização

Nos primeiros 30 dias de atuação da PF na fiscalização direta dos CACs, foram iniciados 100.450 requerimentos de guias de tráfego — documento necessário para transporte de armas e munições. Também foram registrados 54.067 recolhimentos de Guia da União (relacionada ao pagamento de taxas e multas), dos quais 51.472 foram deferidos.

Hoje, estima-se que existam cerca de 1,3 milhão de armas em posse de CACs no Brasil.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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