domingo, 3 de agosto de 2025

Lula diz que Brasil 'assusta quem se acha dono do mundo' e afirma ter 'limite de briga' com os EUA

Presidente destaca avanços da política externa brasileira e defende relação diplomática equilibrada com os Estados Unidos

    Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil vem incomodando potências globais ao adotar uma postura altiva e ativa na política externa e que sua gestão tem limites no confronto com os Estados Unidos. A declaração foi feita em evento do PT neste domingo (3) .

“É muito difícil para um partido de esquerda, como nós defendemos vários princípios, quando a gente vai anunciar uma coisa boa, as pessoas estão sempre cobrando aquilo que falta”, disse Lula. Segundo ele, há uma cobrança constante por posições mais radicais, o que, para um governo, não é viável. “O governo tem que fazer o que pode fazer".

Ao comentar a atual tensão envolvendo a taxação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, Lula foi direto: “Eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que devo falar. Eu tenho que falar o que eu acho que é possível falar. Acho que temos que fazer o que é necessário".

O presidente citou uma frase que, segundo ele, orienta sua visão de política externa: “A coisa que me norteia é a frase do Chico Buarque: eu gosto do PT porque não fala fino com os Estados Unidos e não fala grosso com a Bolívia. A gente fala em igualdade de condições com os dois. Essa que é a lógica da política".

Lula também destacou os avanços do Brasil no cenário internacional desde o início de seu terceiro mandato, ressaltando a abertura de novos mercados e o reconhecimento crescente do país. “Sabe quantos mercados abrimos em apenas dois anos e meio? 398 novos mercados para os produtos brasileiros”, disse.

Para ele, a imagem do Brasil mudou radicalmente. “A nossa volta à Presidência desse país foi como se a gente tivesse aberto um portão grande, onde todo mundo quer conversar com o Brasil e o Brasil quer conversar com todo mundo. E quem viaja o mundo sabe qual é a respeitabilidade do Brasil lá fora".

O presidente citou eventos internacionais organizados pelo país, como a reunião do G20, o encontro do BRICS e a futura Conferência do Clima (COP), para sustentar sua tese de que o protagonismo brasileiro incomoda setores que tradicionalmente dominam a cena geopolítica mundial.

“Isso começa a assustar as pessoas que acham que são donas do mundo. ‘Como que aparece um país que até ontem era tratado como uma republiqueta de bananas querendo falar grosso? Querendo dizer que é preciso criar uma moeda de comércio para não ficar dependendo do dólar? Como aparece um país que fica ousando a desafiar a grande potência?’”, questionou. E concluiu: “Nós não queremos desafiar. Nós apenas queremos dizer: ‘eu quero passar’. É só isso".

Fonte: Brasil 247

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