domingo, 27 de julho de 2025

PGR pede manutenção da prisão de ex-assessor de Bolsonaro por tentativa de interferência em delação

Para o procurador-geral da República, Marcelo Câmara representa risco à investigação ao tentar influenciar depoimentos de Mauro Cid
     Marcelo Câmara. Foto: Reprodução

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que mantenha a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. A solicitação foi feita em resposta a um recurso da defesa de Câmara que tenta reverter sua prisão, decretada no mês passado. As informações são da CNN Brasil.

Câmara está preso por suspeita de tentar interferir na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A acusação surgiu a partir de uma petição enviada ao STF por seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, na qual relatou ter mantido conversas com um perfil de Instagram que ele atribui a Mauro Cid. Nos diálogos, Kuntz sugere que Cid omita o nome de Câmara em seus depoimentos e até propõe trocar de advogado para contratá-lo.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa... pede para ele falar sobre o Câmara… vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", descreveu Gonet na manifestação ao STF.

Para o procurador-geral, as mensagens indicam não só conhecimento prévio de Câmara sobre as conversas, mas também um claro intento de se beneficiar delas. “Os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo”, afirmou.

Gonet sustenta que há elementos de prova suficientes para manter a prisão do coronel, uma vez que sua conduta representa ameaça à instrução criminal e ao cumprimento da lei penal. “A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal”, argumentou o chefe do Ministério Público.

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos. Até o momento, o advogado Eduardo Kuntz, responsável pela petição que desencadeou a nova prisão, não respondeu aos contatos da reportagem. O espaço segue aberto para sua manifestação.

Câmara já havia sido preso entre janeiro e maio do ano passado após a Polícia Federal detectar que monitorava os passos do ministro do STF Alexandre de Moraes. À época, foi solto mediante medidas cautelares. No entanto, o novo episódio, revelado pela própria defesa, levou à sua reclusão novamente por decisão do STF.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

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