
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou uma renda mensal de R$ 56,8 mil ao Banco de Brasília (BRB) para conseguir um financiamento de R$ 3,1 milhões na compra de uma mansão avaliada em R$ 5,97 milhões, em área nobre de Brasília, em 2021. A maior parte dos rendimentos informados veio de uma franquia de chocolates da qual ele era sócio.
A informação consta em uma ação popular movida pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que questiona a legalidade do financiamento concedido ao senador, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. A parlamentar apontou possível favorecimento político e incompatibilidade entre a renda e o valor do imóvel.
Segundo os documentos apresentados nos autos, Flávio Bolsonaro declarou ao banco uma renda mensal total de R$ 56.833,51, sendo R$ 24.934,81 provenientes do salário como senador, R$ 28.525,83 oriundos de uma franquia de chocolates da qual era sócio e R$ 3.372,87 resultantes de aplicações financeiras.
Apesar da alegação posterior da defesa de que ele também atuava como advogado, nenhum valor relacionado à advocacia foi declarado ao banco. À época, Flávio possuía inscrição válida na OAB no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, mas não havia processos registrados em seu nome.
A renda de sua esposa, Fernanda Bolsonaro, foi estimada em R$ 8.650, segundo dados obtidos pelo Serasa. Juntos, o casal somava R$ 65,4 mil mensais — valor que, corrigido pela inflação, equivale a cerca de R$ 85 mil atualmente.

Mesmo tendo deixado a gestão da franquia de chocolates em fevereiro de 2021, dias após assinar o contrato de compra da mansão, Flávio afirmou ter usado os recursos da empresa como entrada no imóvel. O BRB defendeu que o contrato seguiu os mesmos critérios adotados para qualquer cliente e que não houve tratamento privilegiado.