Comércio intraempresa cresceu 131% em favor dos EUA e envolve setores estratégicos como energia, tecnologia, saúde e indústria de transformação
Exportações brasileiras para os EUA caíram pela metade desde 2001 (Foto: Divulgação/Porto de Santos)
33,7 de todo o fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos em 2024 foi realizado entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. É o que revela estudo divulgado nesta sexta-feira (25) pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). De acordo com a entidade, essas transações, feitas entre filiais, subsidiárias ou matrizes de grandes multinacionais, alcançaram um volume de US$ 31 bilhões no ano.
Do total movimentado, US$ 15,9 bilhões corresponderam a importações brasileiras de produtos oriundos dos Estados Unidos, enquanto as exportações do Brasil ao país somaram US$ 15,1 bilhões. A Amcham destaca que a interdependência produtiva entre as duas economias é mais evidente em segmentos considerados estratégicos: tecnologia, energia, saúde e indústria de transformação.
“Esse número mostra o quanto as empresas dos dois países estão conectadas. As trocas entre partes relacionadas revelam cadeias de valor integradas e investimentos cruzados que fortalecem as economias do Brasil e dos Estados Unidos. Em vez de barreiras, é essencial aprofundar a cooperação”, declarou Fabrizio Panzini, diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil.
◆ Superávit americano e aumento da participação intraempresa
O estudo revela ainda que, assim como no comércio bilateral total, os Estados Unidos registraram superávit nas transações realizadas entre empresas de um mesmo grupo. Entre 2023 e 2024, esse superávit cresceu 131,2%, impulsionado pela intensificação do envio de mercadorias de filiais e matrizes norte-americanas situadas no Brasil para os EUA.
Segundo a Amcham, a participação das exportações de empresas norte-americanas para suas filiais brasileiras aumentou de 35,5% em 2021 para 38,9% em 2024. Já as importações dos EUA a partir de suas filiais brasileiras também cresceram no mesmo período: passaram de 34,7% para 35,3%, saltando de US$ 11 bilhões para US$ 15,1 bilhões.
Os produtos mais comercializados nessa dinâmica foram equipamentos de transporte, itens da indústria química e petroquímica, máquinas e equipamentos, além de bens do setor eletroeletrônico.
◆ Tensão comercial às vésperas de decisão de Trump
A publicação do levantamento acontece em meio à expectativa em torno da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fixou o prazo de 1º de agosto para possível imposição de tarifas de até 50% sobre produtos importados do Brasil.
A medida, se concretizada, poderá impactar diretamente esse tipo de comércio intraempresa e representar um revés na crescente integração produtiva entre os dois países.
Fonte: Brasil 247
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