Foragida da Justiça brasileira, deputada afirma sofrer perseguição e busca abrigo político na Europa após condenação
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), atualmente considerada foragida da Justiça brasileira, publicou um vídeo nesta semana em que afirma viver como “exilada política” na Itália. No registro, gravado em local fechado e usando boné, a parlamentar agradece o apoio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que recentemente apelou às autoridades italianas em favor da deputada. As informações são da Folha de S. Paulo.
“Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a [primeira-ministra da Itália] Giorgia Meloni, para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil”, declarou Zambelli no vídeo.
O senador Flávio Bolsonaro, por sua vez, defendeu publicamente a deputada e pediu que o governo italiano a acolha. “Quero pedir às autoridades italianas, publicamente, que abram as portas do governo para essa perseguida política, porque ela foi para lá por saber que não enfrentaria um processo justo e imparcial — já está pré-condenada”, disse o senador, em entrevista ao mesmo portal.
Zambelli também afirmou que o gesto do senador fortalece sua tentativa de obter proteção no exterior: “Tudo isso que vem acontecendo só vem facilitar o nosso entendimento aqui, porque se não estivesse acontecendo tudo isso, com a sanção, com uma série de coisas, realmente não daria para entender o que está acontecendo comigo.”
Em maio, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou a deputada a dez anos de prisão pelos crimes de falsidade ideológica e invasão de sistema informático. Além da pena privativa de liberdade, os ministros decidiram, de forma unânime, pela perda de seu mandato parlamentar.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli arquitetou a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde foram inseridas decisões forjadas — entre elas, um mandado de prisão supostamente expedido pelo ministro Alexandre de Moraes contra ele mesmo, com a frase “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”.
O hacker Walter Delgatti Neto, envolvido na ação, foi condenado a oito anos e três meses de prisão. Moraes também determinou que Delgatti e Zambelli paguem solidariamente R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos, além de fixar multas individuais de aproximadamente R$ 2,1 milhões para Zambelli e R$ 520 mil para o hacker.
Após a divulgação de sua viagem ao exterior, em junho, Moraes acolheu pedido da PGR e determinou a inclusão do nome da deputada na lista de difusão vermelha da Interpol, o que permite sua prisão internacional com fins de extradição.
Além da condenação já proferida, Carla Zambelli responde a outra ação penal no STF. Ela é ré por porte ilegal de arma e constrangimento armado, acusada de perseguir um homem com uma pistola em São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, após a formação de maioria pela condenação.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo