Jornalista compara estadia do ex-presidente na embaixada húngara ao asilo político concedido à ex-primeira-dama do Peru
A decisão do governo brasileiro de conceder asilo político à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, tem provocado reação por parte da oposição. Ela e seu marido, Ollanta Humala, ex-presidente peruano, foram condenados à prisão em um processo que classificam como prática de lawfare – uso do sistema judiciário para perseguir adversários políticos.
O jornalista Leonardo Sakamoto lembrou, em artigo publicado no Uol neste sábado (19), que o discurso critico da base bolsonarista é contraditório já que Jair Bolsonaro se refugiou na embaixada da Hungria, muito antes de ser indiciado por tentativa de golpe de Estado.
“Para a discussão sobre o uso do asilo no caso de Bolsonaro, as razões importam pouco, na minha avaliação. Porque o ex-presidente já havia mostrado que, se tiver que fugir, vai dar um jeito, não importa como. Em entrevista a Raquel Landim, também do UOL, ele disse, em novembro do ano passado: ‘Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá’”, destacou Sakamoto.
E acrescenta: “E ele foi. Diante da apreensão de seu passaporte em 8 de fevereiro do ano passado, em meio a uma operação da PF sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente dormiu na embaixada da Hungria, governada pela extrema direita de Viktor Orbán, entre 12 e 14 de fevereiro.”
Segundo o jornalista, “o ‘mito’ se muquiou com medo de um desdobramento da operação da Polícia Federal o levar para o xilindró” e classificou a estadia de Bolsonaro como um “pocket asilo” ou um “test drive de fuga”, uma vez que terreno de embaixada conta, por convenções internacionais, com imunidade.