quarta-feira, 9 de julho de 2025

Governo se reúne com cúpula do Congresso para tentar resolver crise do IOF

Encontro reservado na residência oficial do presidente da Câmara buscou costurar acordo político antes da audiência de conciliação no STF
Haddadd e líderes se reúnem com presidentes da Câmara e do Senado
Haddadd e líderes se reúnem com presidentes da Câmara e do Senado (Foto: Câmara dos Deputados/Youtube)

Em meio à escalada de tensões entre os Poderes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se na noite desta terça-feira (8) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para tratar da crise envolvendo o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A informação é da CNN Brasil.

O encontro ocorreu na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília, e foi convocado por Hugo Motta diante do impasse gerado pela suspensão do decreto presidencial que elevava as alíquotas do imposto — medida derrubada pelo Congresso e, posteriormente, levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Executivo.

Não houve comunicado à imprensa. Nos bastidores, a avaliação é de que o momento exige prudência e esforço de conciliação para evitar uma crise institucional mais profunda.

No dia 1º de julho, o governo acionou o STF para reverter a decisão do Congresso que anulou o decreto do IOF. A ação foi apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU), sob o argumento de que o Legislativo extrapolou sua competência ao interferir numa medida de competência privativa do Executivo.

Na última sexta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, suspendeu tanto o decreto presidencial quanto o decreto legislativo e convocou uma audiência de conciliação para o dia 15 de julho, às 15h, com o objetivo de buscar um entendimento entre os Poderes.

A crise teve início em maio, quando o governo editou o decreto justificando o aumento do IOF como forma de fortalecer a regulação sobre os mercados de câmbio, crédito e seguros — além de ajudar no cumprimento das metas fiscais. A reação do Congresso foi imediata. Câmara e Senado aprovaram, no mesmo dia, um projeto de decreto legislativo (PDL) que derrubava a medida.

Nos últimos dias, parlamentares têm endurecido o discurso. A CNN apurou que o presidente da Câmara considera que o Congresso não deve ceder na questão do IOF. Já Davi Alcolumbre, ao ser questionado sobre a audiência de conciliação, declarou: “Tem que ir, né?”, sinalizando disposição institucional, mas também certo desconforto com a judicialização do tema.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por levar a disputa ao STF, numa tentativa de garantir a validade do decreto e, com isso, preservar a autonomia do Executivo na gestão de políticas fiscais.

Além da disputa jurídica, o tema tem forte impacto político e social. O Congresso age como defensor das posições do capital financeiro, dos ricos, que querem forçar o governo a cortar gastos fundamentais para a manutenção de programas sociais e promover um arrocho fiscal onerando o povo. Para tentar conter o desgaste, interlocutores do governo defendem a costura de um acordo político que preserve o equilíbrio entre os Poderes e permita uma saída negociada.

Na semana passada, em entrevista à Folha de S.Paulo, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu que o decreto não teve caráter arrecadatório, mas sim regulatório. “O governo tem como provar ao STF que a edição do decreto de aumento do IOF não teve viés arrecadatório”, afirmou.

A audiência de conciliação convocada por Moraes é uma tentativa de restaurar o diálogo institucional e evitar que a disputa sobre o IOF provoque fissuras permanentes na relação entre Executivo e Legislativo.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário