sábado, 17 de maio de 2025

Corrupção no patrocínio do Corinthians: PF aponta desvio de R$ 1 milhão para empresa ligada ao PCC

Investigação revela que valores do contrato com a Vai de Bet foram desviados por empresas de fachada

Presidente do Corinthians Augusto Melo, de amarelo, com jogadores do clube em anúncio do patrocínio da Vai de Bet (Foto: Divulgação/Agência Corinthians)

A Polícia Federal concluiu que parte dos valores pagos pelo Corinthians à intermediária Rede Social Media, no âmbito do contrato de patrocínio com a casa de apostas Vai de Bet, foi desviada para empresas de fachada ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A investigação, que durou quase um ano, revelou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo diversas empresas e pessoas físicas, incluindo uma empregada doméstica que desconhecia a existência da empresa em seu nome. O clube é considerado vítima no caso, mas o presidente Augusto Melo enfrenta um processo de impeachment, com votação marcada para o dia 26 de maio.

Em janeiro de 2024, o Corinthians anunciou um contrato de patrocínio com a Vai de Bet no valor de R$ 360 milhões. A intermediação do acordo foi realizada pela empresa Rede Social Media Design Ltda, pertencente a Alex Cassundé, que havia atuado na campanha presidencial de Augusto Melo. O clube realizou dois depósitos de R$ 700 mil para a intermediária em março daquele ano.

A investigação revelou que a Rede Social Media repassou parte desses valores para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, uma empresa de fachada registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, uma empregada doméstica de Peruíbe que desconhecia a existência da empresa. Outras empresas envolvidas no esquema incluem a Wave Intermediações e Tecnologia Ltda e a Victory Trading Intermediação de Negócios, Cobranças e Tecnologia Ltda. Os recursos desviados totalizam R$ 1.074.150,00 e foram destinados à UJ Football Talent Intermediação, apontada como braço do PCC no futebol.

O delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo inquérito, afirmou que "o Sport Club Corinthians Paulista foi lesado" e que o clube é vítima de um furto qualificado praticado por uma associação criminosa envolvida com a lavagem de dinheiro. Em nota oficial, o Corinthians declarou que "não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do clube".

Apesar de o clube ser considerado vítima, as suspeitas sobre a conduta dos dirigentes permanecem. O presidente Augusto Melo prestou depoimento em abril e corre o risco de ser indiciado. Em coletiva realizada nesta sexta-feira (16), Melo negou qualquer possibilidade de renunciar ao cargo, mesmo que seja indiciado no caso. Ao lado de seu advogado, Ricardo Cury, o presidente afirmou estar tranquilo quanto à possibilidade de indiciamento e destacou que confiou nos processos internos ao aprovar o contrato com a Vai de Bet.

A UJ Football Talent, apontada como destinatária final dos recursos desviados, negou qualquer envolvimento com atividades ilícitas. Em nota oficial, a empresa afirmou que "não tem conhecimento sobre qualquer movimentação envolvendo empresas ditas como 'fantasmas' e tampouco tem responsabilidade ou ingerência sobre a origem dos recursos que foram eventualmente repassados por terceiros". A Lion Soccer Sports, empresa ligada a Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, também negou qualquer relação com a UJ Football Talent.

O processo de impeachment de Augusto Melo, iniciado em agosto de 2024, será retomado no dia 26 de maio, após a conclusão do inquérito policial. A votação ocorrerá em meio a um ambiente político conturbado no clube, com diversas demissões e um escândalo envolvendo atletas da base. O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., afirmou que a votação será realizada após o término das investigações.

O caso também chamou a atenção do Senado Federal, que instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades no contrato de patrocínio entre o Corinthians e a Vai de Bet. A CPI busca esclarecer a possível infiltração do PCC no clube e a participação de empresas de fachada no esquema de lavagem de dinheiro.

A investigação revelou um esquema complexo de desvio de recursos envolvendo diversas empresas de fachada e pessoas físicas, com o objetivo de lavar dinheiro para o PCC. O Corinthians, embora considerado vítima, enfrenta uma crise institucional, com seu presidente sob investigação e um processo de impeachment em andamento.

Fonte: Brasil 247

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