terça-feira, 8 de julho de 2025

Justiça dos EUA intima Moraes por 'censura' em ação movida por big techs

Plataformas digitais querem que decisões do ministro do STF sobre redes sociais sejam consideradas inválidas em território estadunidense

    Alexandre de Moraes (Foto: Fellipe Sampaio/STF)

A Justiça dos Estados Unidos intimou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a responder formalmente a uma ação judicial apresentada pela Trump Media — empresa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — e pela plataforma de vídeos Rumble. As informações são do Infomoney.

As duas companhias acusam o magistrado brasileiro de censura, argumentando que ele violou a Primeira Emenda da Constituição americana ao determinar o bloqueio de contas em redes sociais no Brasil. A ação, protocolada na segunda-feira (7), solicita que a Corte norte-americana considere as decisões de Moraes sem validade nos Estados Unidos.

Segundo o texto da intimação, Moraes dispõe de 21 dias para apresentar uma defesa ou protocolar uma moção para contestar o processo. Caso não o faça nesse prazo, o tribunal poderá tomar uma decisão à revelia, aceitando automaticamente as reivindicações das empresas.

Ainda conforme a reportagem, os autores da ação alegam que as ordens expedidas por Moraes interferem na liberdade de expressão protegida em solo dos EUA, ao impedir o acesso a conteúdos políticos legítimos. Entre os afetados pelas medidas do STF, está o jornalista Allan dos Santos, aliado da extrema-direita brasileira e investigado por disseminação de fake news. Ele é considerado foragido da Justiça brasileira.

As empresas requerem que a Justiça dos EUA reconheça que as ordens de Moraes são “inexequíveis” no país, por violarem princípios constitucionais locais. A ofensiva jurídica ocorre após a suspensão das atividades da Rumble no Brasil, determinada em fevereiro deste ano, quando a plataforma descumpriu decisões do STF de bloquear os perfis de Allan dos Santos, interromper repasses financeiros e designar um representante legal com poderes no país.

Sem atender às determinações, a Rumble teve suas operações interrompidas temporariamente em território brasileiro. A empresa justificou que seus advogados não possuíam poderes legais para representar a companhia no Brasil e, posteriormente, renunciaram ao mandato.

Diante do impasse, a empresa decidiu acionar a Justiça americana em busca de proteção jurídica, sustentando que as exigências impostas pelo Supremo brasileiro configurariam censura, à luz da legislação dos Estados Unidos.

O episódio amplia o conflito entre o Judiciário brasileiro e plataformas digitais estrangeiras, sobretudo aquelas ligadas a grupos conservadores. O caso também serve de combustível para a retórica de perseguição adotada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro — narrativa que tem sido endossada pelo presidente Donald Trump, que nesta semana se manifestou publicamente em defesa do ex-mandatário, réu no STF por tentativa de golpe de Estado.

Fonte: Brasil 247 com Infomoney

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