Presidente defende multilateralismo, condena guerras comerciais e destaca papel dos BRICS e da Amazônia na construção de uma nova ordem global mais justa
Durante discurso de encerramento da visita oficial à China nesta terça-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os laços entre os dois países são mais importantes do que nunca diante do cenário global de incertezas e instabilidades. “A relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária”, declarou. A fala foi divulgada pela assessoria da Presidência da República e destaca uma série de temas estratégicos para o governo brasileiro, como o fortalecimento do multilateralismo, o combate à fome, a defesa do comércio justo e a busca por soluções diplomáticas para conflitos armados.
Aliança contra o unilateralismo e por reformas globais - Segundo Lula, a parceria firmada com o governo chinês desde novembro do ano passado, pautada por uma “comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta sustentável”, oferece uma alternativa às crescentes rivalidades ideológicas. “Há anos a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a se unirem contra o unilateralismo e o protecionismo”, afirmou.
Para o presidente, é urgente defender uma ordem internacional baseada na cooperação. “A defesa intransigente do multilateralismo é uma tarefa urgente e necessária”, disse ele, ao destacar os prejuízos causados por disputas econômicas entre potências. “Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis, em todos os países”, criticou.
Comércio justo e ONU reformada - Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, segundo o próprio brasileiro, compartilham a defesa de um comércio internacional regulado e justo, “baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio”. Ainda segundo o chefe de Estado, apenas com uma reforma profunda das instituições multilaterais será possível garantir estabilidade, justiça e paz. “Somente uma ONU reformada poderá cumprir os ideais de paz, direitos humanos e progresso social consagrados em 1945 na Carta de São Francisco. O Conselho de Segurança deve refletir a diversidade contemporânea”, argumentou.
Conflitos armados e a necessidade de paz - O presidente brasileiro também condenou a persistência de guerras e defendeu saídas políticas e diplomáticas para os principais conflitos do planeta. Ele mencionou, de forma direta, a guerra na Ucrânia e o massacre na Faixa de Gaza. “Superar a insensatez dos conflitos armados também é pré-condição para o desenvolvimento. Os entendimentos comuns entre Brasil e China para uma resolução política para a crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”, disse.
Sobre o Oriente Médio, Lula foi enfático: “A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com o Estado de Israel”.
Combate à fome e crise climática - Na parte final de sua fala, Lula destacou a importância de enfrentar a pobreza e as mudanças climáticas em colaboração com a China. Ele elogiou os avanços chineses no combate à miséria e disse que a experiência deve inspirar uma ação global. “A fome e a pobreza em pleno século XXI são inaceitáveis. A China, de forma admirável, conseguiu tirar 800 milhões de pessoas da pobreza em apenas 40 anos”, afirmou.
O presidente também ressaltou o papel dos dois países no combate às emergências ambientais. “China e Brasil também trabalham juntos para enfrentar uma crise climática. Vamos atuar em prol das metas ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa.”
Fonte: Brasil 247