As recentes tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países vêm contribuindo para a valorização global do dólar. No entanto, no caso do Brasil — penalizado com uma tarifa de 50% por motivos políticos e ideológicos — a reação dos mercados teria extrapolado os fundamentos econômicos.
Segundo o economista Fabio Kanczuk, ex-diretor doBanco Central e atual diretor de macroeconomia do ASA Investments, a valorização cambial também está sendo lida como um indicativo do fortalecimento político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com reflexos na disputa eleitoral de 2026.
A análise foi apresentada nesta terça-feira (15) durante uma videoconferência. De acordo com Kanczuk, a oscilação do dólar tem funcionado como um "termômetro eleitoral" para o mercado financeiro. “O salto do dólar de R$ 5,45 para R$ 5,55 foi interpretado como um aumento de 10 pontos percentuais na probabilidade de reeleição do Lula — de 45% para 55%. Então é isso que o mercado e as pessoas estão enxergando. É consenso de analista”, afirmou.
O economista explicou que a moeda norte-americana não está reagindo apenas a dados de atividade ou indicadores externos. “O dólar vai mexer porque mexe no discurso político da situação, que ficou melhor. Aumentou a probabilidade de reeleição do Lula. E é isso que está fazendo o dólar andar — não é o econômico”, completou.
Efeitos limitados no PIB e inflação
Apesar do impacto simbólico das tarifas impostas por Trump, Kanczuk avalia que seus efeitos diretos sobre a economia brasileira são limitados. Ele estima que a redução no Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar entre 0,3% e 0,4%, já que os Estados Unidos representam menos de 2% do PIB brasileiro por meio das exportações. A estimativa é semelhante à da XP Investimentos.
Em relação à inflação, o efeito também seria pequeno. Isso porque a desaceleração afetaria principalmente a demanda externa, com reflexos indiretos no mercado doméstico. Como exemplo, ele mencionou o setor de suco de laranja, que pode perder lucratividade e reduzir empregos. “No fim, temos um pouco menos de PIB e um pouco mais de inflação”, resumiu.
A deputada federal licenciada Carla Zambelli. Foto: Divulgação
A defesa da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) entregou, nesta terça-feira (15), as chaves do apartamento funcional ocupado pela parlamentar e sua família em Brasília. A devolução ocorreu após o vencimento do prazo oficial em 4 de julho e foi feita à Quarta Secretaria da Câmara pelo advogado Fabio Pagnozzi. Devido ao atraso, a bolsonarista terá de pagar mais de R$ 7 mil em multa.
Ele afirmou que o imóvel, localizado na Asa Sul, foi devolvido em bom estado e que, caso haja cobrança de multa, ela será quitada sem objeções. Zambelli está na Itália desde o fim de maio, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão por envolvimento no ataque hacker ao Conselho Nacional de Justiça.
A deputada também foi considerada inelegível por oito anos. Apesar da fuga, ela mantém o mandato oficialmente ativo, mas está licenciada. A defesa alega que a parlamentar só tomou conhecimento do prazo de entrega do imóvel após uma reportagem revelar a ocupação irregular do local por seus familiares.
A tentativa dos advogados de isentá-la de penalidades baseia-se na alegação de que Zambelli teria feito melhorias no apartamento, além do fato de que o suplente Coronel Tadeu (PL-SP), que assumiu sua vaga, optou por se hospedar em hotel. A Câmara, no entanto, possui regras rígidas sobre a devolução dos imóveis, destinados exclusivamente a parlamentares em exercício.
Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira, depois da China
Trabalhador em frigorífico (Foto: Andres Stapff / Reuters)
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Frigoríficos brasileiros estão avaliando se farão novos embarques de carne bovina para os Estados Unidos depois que o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre o Brasil na semana passada, disse Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira de Carne Bovina (Abiec), à Reuters nesta terça-feira.
Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil, depois da China, que é a maior importadora da commodity do país sul-americano, segundo dados comerciais.
"Novos embarques estão sob análise do setor privado por conta da alta da tarifa", disse Perosa nesta terça-feira.
O anúncio das tarifas afetou o setor bovino do Brasil na semana passada e na segunda-feira, com as empresas reduzindo drasticamente as compras de animais devido à incerteza relacionada ao anúncio das tarifas, disse Alcides Torres, consultor de mercado de carne bovina da Scot Consultoria.
"O mercado esfriou", disse Torres.
O Brasil responde por aproximadamente 23% das importações de carne bovina dos EUA, segundo cálculos da Genial Investimentos.
A Minerva obtém cerca de 5% de sua receita líquida com as vendas de carne bovina para os EUA, informou a empresa após o presidente Donald Trump anunciar a imposição da nova tarifa a partir de 1º de agosto.
A empresa não comentou de imediato sobre a situação de seus embarques de carne bovina para os EUA.
A recente escassez de gado nos EUA aumentou a demanda do país pelo produto brasileiro, mostram dados comerciais. Segundo analistas, a nova tarifa pode tornar a carne bovina mais cara para o consumidor norte-americano.
O pagamento começará no dia 24 de julho, com depósitos diários para cerca de 100 mil beneficiários, diretamente na conta informada
Prédio do INSS (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já soma 339 mil aposentados e pensionistas que aderiram ao acordo de ressarcimento para recuperar valores descontados indevidamente. O pagamento começará no dia 24 de julho, com depósitos diários para cerca de 100 mil beneficiários, diretamente na conta informada.
Nos três primeiros dias úteis da operação, receberão aqueles que já formalizaram a adesão até o momento. O montante será pago integralmente, com correção pelo IPCA.
Segundo o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, trata-se de um “acordo histórico” que garante que os aposentados afetados pelos descontos indevidos recebam o dinheiro de volta de forma simples, rápida e segura. “Quanto antes aderirem, antes recebem. O Governo Federal não vai deixar nenhum aposentado para trás”, afirmou.
O presidente do INSS, Gilberto Waller, destacou que a alta adesão reforça a urgência da medida: “Já temos 339 mil adesões, o que mostra a necessidade de uma resposta rápida para reparar os danos causados aos aposentados e pensionistas.”
O INSS estima que cerca de 2,5 milhões de pedidos podem aderir ao acordo. A adesão, no entanto, é permitida apenas para aposentados e pensionistas que contestaram os descontos e não receberam retorno das entidades após 15 dias úteis.
A decisão se baseia em um episódio de quebra de decoro parlamentar após Janones insultar o deputado Nikolas Ferreira durante um discurso no plenário
Deputados André Janones e Nikolas Ferreira (Foto: Agencia Camara)
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (15), a suspensão do mandato do deputado André Janones (Avante-MG) por três meses, informao portal UOL. A decisão, tomada por ampla maioria (15 votos a favor e três contra), se baseia em um episódio de quebra de decoro parlamentar ocorrido no último dia 9, quando Janones insultou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante um discurso no plenário.
A punição, que começa a valer a partir de quarta-feira (16), não prevê a substituição do parlamentar por suplente — o que significa que Janones ficará formalmente afastado de suas funções, enquanto sua equipe parlamentar também deixará de receber salários durante o período de suspensão. O deputado tem direito a recorrer da decisão ao plenário da Casa no prazo de 24 horas, e já indicou que pretende fazê-lo.
O estopim da decisão foi o momento em que Janones, em meio a um discurso de Nikolas Ferreira, gritou palavras como "capacho" e "vira-lata", além de xingamentos considerados de cunho homofóbico. A sessão precisou ser interrompida após um princípio de tumulto, e a Polícia Legislativa interveio para conter os ânimos. Posteriormente, Janones defendeu-se de forma irônica, dizendo que se referia a Nikolas como “Nikole” por respeitar como o deputado “se identifica”, numa referência ao discurso transfóbico que o parlamentar do PL fez no Dia da Mulher em 2023, ao usar uma peruca para zombar da população trans.
Apesar do episódio e da tentativa de justificar os ataques como ironia política, o relator do caso, deputado Fausto Santos Jr. (União-AM), recomendou a suspensão por três meses — prazo inferior aos seis meses inicialmente previstos, mas equivalente à punição aplicada em maio ao deputado bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES).
A representação contra ele foi apresentada diretamente pela Mesa Diretora da Câmara, sob a liderança do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já havia sinalizado que não toleraria mais episódios de desrespeito em plenário.
Acusações cruzadas e boletim de ocorrência
Em paralelo à decisão do Conselho de Ética, Janones move uma queixa-crime contra os deputados Sargento Gonçalves (PL-RN) e Giovani Cherini (PL-RS), acusando-os de agressões físicas e verbais durante o mesmo episódio. Segundo o boletim de ocorrência registrado na 1ª Delegacia de Polícia do DF, o deputado do Avante teria sido cercado por cerca de 20 parlamentares e agredido com chutes, socos e toques em suas partes íntimas.
A investigação, que está sendo conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal, apura os crimes de injúria, agressão e importunação sexual.
Juíza afirma que não há provas de irregularidades em viagens de familiares do presidente e arquiva processo sem julgamento do mérito
Brasília (DF), 08/07/2025 - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A Justiça Federal em Brasília decidiu, nesta terça-feira (15), arquivar uma ação popular movida pelo deputado estadual Carmelo Melo (PL-CE) contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sob a alegação de suposto uso irregular de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) por familiares do chefe do Executivo. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Segundo o parlamentar, os filhos do presidente, Fábio Luís e Luís Cláudio, além da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, teriam viajado em aviões oficiais da FAB sem ocupar cargos públicos ou estarem envolvidos em compromissos de caráter oficial, o que violaria princípios constitucionais da administração pública, como a moralidade e a impessoalidade.
No entanto, a juíza Iolete Maria Fialho de Oliveira, responsável por analisar o pedido, decidiu rejeitar a ação já na fase inicial. De acordo com a magistrada, os argumentos apresentados por Carmelo Melo “se baseiam apenas em reportagens jornalísticas”, sem qualquer comprovação material ou documento oficial que apontasse para eventuais desvios ou prejuízos aos cofres públicos.
Ainda conforme a reportagem, a magistrada também ressaltou que os atos administrativos gozam de “presunção de legalidade” e que, no caso em questão, essa presunção não foi superada. “Não se pode admitir a continuação de uma ação popular sem a mínima demonstração de irregularidade ou dano ao erário”, escreveu a juíza. Com a decisão, o processo foi encerrado sem que o mérito das acusações fosse analisado. Ainda cabe recurso às instâncias superiores.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
O presidente dos EUA Donald Trump. Foto: Divulgação
A U.S. Chamber of Commerce, maior associação empresarial dos Estados Unidos, e a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) divulgaram nesta terça-feira (15) um comunicado conjunto pedindo ao presidente Donald Trump que suspenda a tarifa de 50% anunciada contra produtos brasileiros.
As entidades alertam que a medida, prevista para entrar em vigor em agosto, pode causar “danos graves” à relação econômica entre os dois países e estabelecer “um precedente preocupante”. No texto, as organizações destacam que o Brasil é um dos dez principais destinos das exportações americanas, com cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços enviados anualmente.
Segundo os dados divulgados, mais de 6.500 pequenas empresas dos EUA seriam diretamente impactadas pela tarifa, além de outras 3.900 companhias americanas que mantêm investimentos no Brasil. O aumento nos custos afetaria cadeias produtivas essenciais, reduzindo a competitividade de setores estratégicos e encarecendo produtos para os consumidores norte-americanos.
Produtos importados do Brasil para os EUA. Foto: Divulgação
As entidades também criticam o uso de sanções econômicas como instrumento de retaliação política. “Impor tais medidas em resposta a tensões políticas mais amplas corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos”, afirmam no comunicado.
Elas reforçam que a imposição da tarifa afetaria itens vitais para a indústria e a população dos EUA, ampliando os custos para famílias e comprometendo o desempenho de empresas locais.
Como solução, a U.S. Chamber of Commerce e a Amcham defendem a abertura imediata de um canal de negociação de alto nível entre os governos de Brasil e Estados Unidos, com diálogo direto entre os presidentes. Desde que Trump assumiu seu novo mandato, em janeiro, não houve contato direto com o presidente Lula.
Donald Trump em conversa com jornalistas na Casa Branca. Foto: Jonathan Ernst/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender publicamente o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (15), classificando mais uma vez as investigações contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF) como uma “caça às bruxas”. As declarações ocorrem após o anúncio das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, medida que deve entrar em vigor em 1º de agosto.
Questionado por jornalistas sobre o pedido de condenação apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Trump afirmou: “O presidente Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo do Brasil. Ele lutou muito pelo povo do Brasil”. O republicano acrescentou: “Eu acredito que é uma caça às bruxas e não deveria estar acontecendo”.
Embora tenha feito a defesa do ex-presidente brasileiro, Trump afirmou que não considera Bolsonaro um aliado próximo: “Não é que… olha, ele não é como um amigo meu, ele é alguém que eu conheço. E eu o conheço como um representante de milhões de pessoas. Os brasileiros são ótimas pessoas”.
As declarações foram dadas após Trump ser questionado sobre o andamento do processo que investiga Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Na segunda-feira (14), a PGR pediu formalmente a condenação do ex-presidente, alegando que ele liderou uma “organização criminosa” para desestabilizar a democracia.
Na carta publicada nas redes sociais de Trump, destinada ao presidente Lula (PT) na última quarta-feira (9), o republicano associou o tarifaço a questões políticas, afirmando, sem apresentar provas, que a decisão foi tomada “em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
A justificativa, no entanto, é contestada por especialistas. Dados comerciais mostram que, desde 2009, os EUA têm superávit na balança comercial com o Brasil, exportando mais do que importando. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticaram a medida, afirmando que não há motivos econômicos para tamanha taxação e que a decisão pode prejudicar empregos no Brasil.
Hamilton Mourão durante fala no Senado. Foto: reprodução
Em um rompimento claro com o núcleo mais íntimo do bolsonarismo, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente, afirmou nesta terça-feira (15) que não aceita a interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos assuntos internos do Brasil, referindo-se às tarifas de 50% impostas como retaliação pelo tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso que é interno nosso. Há uma injustiça sendo praticada contra o presidente Bolsonaro? Há uma injustiça sendo praticada, mas compete a nós brasileiros resolvermos isso”, declarou Mourão durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
As declarações do ex-vice-presidente aprofundam o isolamento político de Bolsonaro e seus filhos, o deputado licenciado Eduardo (PL-SP) e o senador Flávio (PL-RJ), no cenário da crise tarifária.
Enquanto inicialmente governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG), apoiaram as críticas de Trump ao governo do presidente Lula (PT), muitos agora admitem os impactos econômicos da medida e buscam soluções diplomáticas.
Veja o momento da fala de Mourão:
Mourão classificou a abordagem de Trump como abandono do “soft power” (poder suave) em favor da coerção econômica, destacando que as tarifas também prejudicarão os consumidores americanos. “O poder bruto da coerção e do dinheiro está sendo usado de forma que afeta ambos os países”, avaliou o senador.
A postura de Mourão contrasta com a estratégia da família Bolsonaro, que tem defendido a anistia como única solução para a crise. Eduardo Bolsonaro, atualmente nos EUA, foi um dos articuladores das medidas de Trump, que em carta citou explicitamente a situação do ex-presidente brasileiro: “Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”.
O senador gaúcho também se manifestou sobre o pedido de condenação de Bolsonaro pela PGR, entregue na segunda-feira (14). Em suas redes sociais, Mourão classificou o processo como “claramente político” e com o objetivo de “tirar o ex-presidente do contexto político nacional”.
Os réus, incluindo a Meta, empresa dona do Instagram, receberam 48 horas para retirar os conteúdos ofensivos sob pena de multa diária de R$ 5 mil, podendo chegar a R$ 300 mil. Caso descumpram, também estarão sujeitos a outras sanções penais.
Apesar das falas terem sido originalmente veiculadas no YouTube, a ação incluiu a Meta devido ao potencial de disseminação do conteúdo em suas plataformas. No entanto, ainda é possível encontrar o vídeo no X. Veja:
O caso ganhou destaque quando Teônia Mikaelly, durante discussão que comparava Michelle à atual primeira-dama Janja Lula da Silva, fez declarações consideradas difamatórias: “Ela vive uma postura de uma mulher que é dama, dona da família. Ela incorporou o personagem que ela não vive”, iniciou. “Todo mundo sabe que ela é ex-garota de programa e que a família inteira tem passagem pela polícia”.
A primeira decisão judicial, do juiz Leonardo Maciel Foster da 1ª Vara Cível de Brasília, havia negado a remoção imediata dos vídeos com base no argumento da liberdade de expressão, princípio frequentemente defendido por setores da extrema-direita.
No recurso, a defesa de Michelle argumentou que os vídeos já haviam alcançado quase 2 milhões de visualizações e continuavam sendo impulsionados por algoritmos, causando danos contínuos à imagem da ex-primeira dama.
Ao analisar o recurso, o desembargador Ciarlini considerou que as falas ultrapassaram os limites da liberdade de expressão, caracterizando-se como misóginas e sexistas. “Aparentemente têm o objetivo de agredir e atingir a esfera jurídica incólume da demandante”, afirmou na decisão que acolheu o pedido de Michelle.
Passado de Michelle
Enquanto as atividades de Michelle antes do casamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguem discretas, é possível constatar que Teônia não estava completamente errada ao falar dos familiares da ex-primeira-dama.
Em 2019, a Veja revelou que Dona Aparecida, avó da ex-primeira-dama, foi presa em 1997 por tráfico de drogas, quando era conhecida como “Tia”. Na ocasião, foi flagrada com 169 porções de merla (subproduto da cocaína) a apenas 3 km do Palácio do Planalto.
O histórico familiar inclui ainda a mãe de Michelle, Maria das Graças, que em 1988 (quando Michelle tinha 6 anos) foi investigada por possuir dois registros civis. Já o tio preferido da ex-primeira-dama, João Batista Firmo Ferreira, foi preso em maio de 2018 acusado de integrar milícia na Sol Nascente.
Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação
A crise interna na direita brasileira ganhou novo capítulo nesta terça-feira (15), quando o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou uma crítica direta ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em seu perfil no X (antigo Twitter).
Na publicação, Eduardo escreveu: “Prezado governador Tarcísio, se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio, estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. Mas como, para você, a subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda”.
A declaração ocorreu após o deputado se dizer “desrespeitado” com a atuação de Tarcísio de não apoiar o tarifaço de Donald Trump ao Brasil.
Tarcísio, por sua vez, reagiu com tom diplomático. À CNN, afirmou: “Sem problemas. Neste momento, estou olhando para São Paulo, para o seu setor industrial, para sua indústria aeronáutica, de máquinas e equipamentos, para o nosso agronegócio, para nossos empreendedores e trabalhadores”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem mantido uma postura de neutralidade pública diante do embate entre seu filho e o governador de São Paulo, sobre as tarifas comerciais impostas por Trump. Porém nos bastidores ele tem demonstrado apoio à atuação de Eduardo nos Estados Unidos, destacando a relevância de sua iniciativa para aumentar a pressão sobre o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal.
Na primeira semana de funcionamento do Hospital Torao Tokuda, em área da Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (ACEA), foram realizadas um total de 110 cirurgias eletivas (não emergenciais). O resultado foi obtido no período de 7 a 14 de julho - em seis dias úteis - em diversas especialidades, atendendo pacientes idosos e também crianças.
A informação foi dada pelo gerente administrativo do Instituto Santa Clara – que assumiu a gestão do hospital -, Diego Domingues, ao diretor da 16ª Regional de Saúde de Apucarana, Lucas Leugi. “No primeiro dia, com a presença do secretário de estado da saúde, Beto Preto, foram concluídas 26 cirurgias pelo Programa Opera Paraná e, nos cinco dias seguintes, mais 84 cirurgias”, informa Leugi.
O diretor da RS reafirma que, a partir de agora, com a ampliação da capacidade do Opera Paraná na região, o atendimento será mais célere, reduzindo gradativamente as filas de espera dos pacientes. “Um expressivo número de pessoas que já passaram consultas e exames pré-operatórios devem ser atendidas, levando em conta que o hospital da Acea terá uma capacidade inicial para realizar cerca de 450 cirurgias ao mês", avalia Lucas Leugi.
O secretário de estado da saúde, Beto Preto, que esteve presente no início das primeiras cirurgias no “Torao Tokuda”, lembra que até agora o investimento foi de aproximadamente R$ 20 milhões em reformas, adequações, equipamentos e mobiliário, pelo Instituto Santa Clara. “O hospital, que foi contratado pelo Governo do Estado, por meio da Sesa, irá atender pacientes da macrorregião de Apucarana”, enfatiza Beto Preto, acrescentando que já está formatada uma boa parceria com todos os municípios na área da 16ª Regional de Saúde.
Manifestantes protestam contra o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto seguram uma bandeira do Brasil. Foto: Divulgação
Cada vez entendo melhor a máxima de Napoleão, de que nunca se deve interromper o inimigo quando ele estiver cometendo um erro.
Na política, como na guerra, as vitórias são conquistadas não apenas por nossos acertos, mas também pelos erros dos adversários.
O apoio servil da família Bolsonaro e seus vassalos na extrema direita, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, às agressões arbitrárias, injustificadas, prepotentes, de Donald Trump ao Brasil, repercutiu muito mal na opinião pública.
Todos aqueles que apoiaram, de maneira explícita ou tácita (se calando, por exemplo), essa tentativa grotesca de humilhar o Brasil, de subjugar nossas instituições e nossa democracia, cometeram um suicídio político.
O ataque desprezível de Donald Trump à nossa soberania provocou um verdadeiro terremoto na política brasileira, com reflexos imediatos na aprovação do governo e nas perspectivas eleitorais de 2026. As placas tectônicas se movimentaram, e não foi em favor da direita entreguista, corrupta e subserviente.
Segundo pesquisa Atlas/Bloomberg divulgada hoje, o percentual de brasileiros que passou a apoiar a política externa do governo Lula saltou de 50% em novembro de 2023 (última vez em que a Atlas fez essa pergunta, e já era um ótimo número) para um patamar recorde de 60%!
Gráfico de aprovação do Governo Lula. Foto: Divulgação
☆ O despertar do sentimento nacional
Um nervo foi tocado no Brasil.
Os ataques de Trump à soberania nacional despertaram um sentimento patriótico que há muito não se via. A pesquisa Atlas/Bloomberg confirma o que já era fácil observar nas redes sociais: uma onda gigante de indignação contra Donald Trump e contra os políticos que não reagiram imediatamente com uma postura firme em defesa da soberania nacional.
A reação negativa foi especialmente forte contra Tarcísio de Freitas, que tentou justificar a violência de Trump contra o Brasil, e culpar o presidente Lula pelos caprichos autoritários de um chefe de Estado metido a dono do mundo.
Segundo a Atlas/Bloomberg, a aprovação de Lula subiu de 47,3% para 50%, enquanto sua desaprovação caiu de 51,8% para 50,3%. Uma melhora total de 4 pontos em favor de Lula.
Analistas experientes costumam dizer que uma aprovação superior a 50% gera possibilidade de vitória no primeiro turno em eleições presidenciais.
Importante destacar, no entanto, que a aprovação do presidente já vinha crescendo antes mesmo desses ataques de Trump, provavelmente em função do arrefecimento da inflação de alimentos, um fator que, aparentemente, tem uma correlação direta com a aprovação de Lula entre as famílias de baixa renda.
Aprovação do Presidente Lula. Foto: Divulgação
☆ A força da política externa
A pesquisa mostra que 61,1% dos brasileiros consideram que Lula representa o Brasil melhor do que Bolsonaro no plano internacional, contra apenas 38,8% que pensam o contrário.
Outro dado muito emblemático: pela primeira vez mais brasileiros (38%) preferem o Brasil mais próximo dos Brics do que dos Estados Unidos (31%).
A imagem da China também melhorou: se em maio de 2025, apenas 4% responderam que o Brasil deveria se aproximar mais da China, hoje esse número triplicou para 12%.
Esse é um tipo de sentimento muito forte e resiliente, porque vai além da economia, e além desse moralismo de goela tão típico do senso comum antipolítica.
Será complicado para mídia conservadora e liberal, partidos de direita, e influencers da Faria, desconstruírem um sentimento patriótico que vem emergindo das entranhas da consciência popular.
Gráfico sobre Lula ou Bolsonaro representarem o Brasil. Foto: Divulgação
☆ A rejeição às tarifas e a Trump
A imagem pessoal de Donald Trump entre os brasileiros se deteriorou de maneira dramática: 63,2% agora têm uma imagem negativa do ex-presidente americano, contra apenas 31,9% que mantêm uma visão positiva. Esses números mostram que Trump não tem capital político no Brasil para sustentar suas investidas contra o país.
Pelo contrário, suas ações apenas fortalecem a rejeição popular e consolidam o apoio à postura firme do governo Lula.
O impacto econômico das tarifas de Trump também preocupa os brasileiros: 63,5% consideram que as medidas terão alto ou muito alto impacto na economia nacional.
Essa rejeição a Trump não é artificial, pueril, ou estética: metade dos brasileiros entendem que as justificativas usadas pelo presidente americano para impor tarifas ao Brasil podem ser consideradas uma “ameaça à soberania brasileira”.
Gráfico de opiniões sobre as tarifas de Donald Trump. Foto: Divulgação
☆ A capacidade de negociação
Mesmo assim, há um otimismo cauteloso sobre a capacidade de negociação do Brasil. Quando questionados se acreditam que o governo federal será capaz de negociar e chegar a um acordo com os Estados Unidos para reduzir as tarifas, 47,9% dos brasileiros responderam que sim, contra 38,8% que não acreditam nessa possibilidade.
Entre os eleitores de Lula, o otimismo é ainda maior: 78,6% acreditam na capacidade de negociação do governo, enquanto apenas 3,9% são pessimistas.
☆ As consequências eleitorais
As consequências políticas desse episódio pode ir além dos números de aprovação presidencial. Ao fim da ditadura militar, a direita enfrentou muita dificuldade por ter se associado à ditadura e, portanto, à imagem de inimiga da democracia. O que pode acontecer hoje é algo semelhante. Caso permaneça amarrada a esse bolsonarismo desesperado e suicida, a direita brasileira pode pespegar em si a pecha de inimiga de nossa soberania. O que talvez seja um estigma ainda pior.
Trump e seus aliados brasileiros cometeram um erro estratégico monumental ao subestimar o sentimento patriótico do povo brasileiro.
A tentativa de Tarcísio de Freitas, e de outros líderes da direita, de minimizar as agressões de Trump ou de culpar o governo brasileiro pela escalada comercial se mostrou um tiro no pé. A população brasileira, independentemente de suas preferências partidárias, não aceita passivamente ataques à soberania nacional, além de considerar as tarifas de Trump como totalmente injustificadas.
Gráfico de opinião sobre a justiça da taxação de Donald Trump. Foto: Divulgação
Para o governo Lula, esse episódio representa uma oportunidade única de consolidar sua liderança tanto no plano interno quanto no cenário internacional. A alta aprovação à sua política externa oferece uma base sólida para construir um discurso poderoso em defesa da soberania brasileira, que poderá ser uma alavanca simbólica muito eficaz nas eleições do ano que vem, inclusive para o legislativo.
A família Bolsonaro arrastou a sua base para uma posição de apoio a Donald Trump, exatamente no momento em que a maioria do país reage com profunda indignação aos ataques que o presidente americano passou a fazer às nossas instituições democráticas.
A direita se vê diante, portanto, de um dilema insolúvel.
Por um lado, manter o alinhamento com Trump significa abandonar definitivamente qualquer pretensão patriótica e assumir publicamente o papel de submissa a interesses estrangeiros. Romper com Trump, por outro, significaria acusar a família Bolsonaro de traição ao país, e perder uma boa parte desse eleitorado altamente radicalizado, beirando o fanatismo, que se junta ao redor do ex-presidente.