
Em um rompimento claro com o núcleo mais íntimo do bolsonarismo, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente, afirmou nesta terça-feira (15) que não aceita a interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos assuntos internos do Brasil, referindo-se às tarifas de 50% impostas como retaliação pelo tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso que é interno nosso. Há uma injustiça sendo praticada contra o presidente Bolsonaro? Há uma injustiça sendo praticada, mas compete a nós brasileiros resolvermos isso”, declarou Mourão durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
As declarações do ex-vice-presidente aprofundam o isolamento político de Bolsonaro e seus filhos, o deputado licenciado Eduardo (PL-SP) e o senador Flávio (PL-RJ), no cenário da crise tarifária.
Enquanto inicialmente governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG), apoiaram as críticas de Trump ao governo do presidente Lula (PT), muitos agora admitem os impactos econômicos da medida e buscam soluções diplomáticas.
Veja o momento da fala de Mourão:
Mourão classificou a abordagem de Trump como abandono do “soft power” (poder suave) em favor da coerção econômica, destacando que as tarifas também prejudicarão os consumidores americanos. “O poder bruto da coerção e do dinheiro está sendo usado de forma que afeta ambos os países”, avaliou o senador.
A postura de Mourão contrasta com a estratégia da família Bolsonaro, que tem defendido a anistia como única solução para a crise. Eduardo Bolsonaro, atualmente nos EUA, foi um dos articuladores das medidas de Trump, que em carta citou explicitamente a situação do ex-presidente brasileiro: “Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”.
O senador gaúcho também se manifestou sobre o pedido de condenação de Bolsonaro pela PGR, entregue na segunda-feira (14). Em suas redes sociais, Mourão classificou o processo como “claramente político” e com o objetivo de “tirar o ex-presidente do contexto político nacional”.
Fonte: DCM
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