terça-feira, 15 de julho de 2025

Alta do dólar impulsionada por tarifas de Trump eleva percepção de reeleição de Lula, diz economista

Para Fabio Kanczuk, do ASA, salto da moeda americana reflete aumento da chance de vitória de Lula em 2026

      Fábio Kanczuk (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

As recentes tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países vêm contribuindo para a valorização global do dólar. No entanto, no caso do Brasil — penalizado com uma tarifa de 50% por motivos políticos e ideológicos — a reação dos mercados teria extrapolado os fundamentos econômicos.

Segundo o economista Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central e atual diretor de macroeconomia do ASA Investments, a valorização cambial também está sendo lida como um indicativo do fortalecimento político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com reflexos na disputa eleitoral de 2026.

A análise foi apresentada nesta terça-feira (15) durante uma videoconferência. De acordo com Kanczuk, a oscilação do dólar tem funcionado como um "termômetro eleitoral" para o mercado financeiro. “O salto do dólar de R$ 5,45 para R$ 5,55 foi interpretado como um aumento de 10 pontos percentuais na probabilidade de reeleição do Lula — de 45% para 55%. Então é isso que o mercado e as pessoas estão enxergando. É consenso de analista”, afirmou.

O economista explicou que a moeda norte-americana não está reagindo apenas a dados de atividade ou indicadores externos. “O dólar vai mexer porque mexe no discurso político da situação, que ficou melhor. Aumentou a probabilidade de reeleição do Lula. E é isso que está fazendo o dólar andar — não é o econômico”, completou.

Efeitos limitados no PIB e inflação

Apesar do impacto simbólico das tarifas impostas por Trump, Kanczuk avalia que seus efeitos diretos sobre a economia brasileira são limitados. Ele estima que a redução no Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar entre 0,3% e 0,4%, já que os Estados Unidos representam menos de 2% do PIB brasileiro por meio das exportações. A estimativa é semelhante à da XP Investimentos.

Em relação à inflação, o efeito também seria pequeno. Isso porque a desaceleração afetaria principalmente a demanda externa, com reflexos indiretos no mercado doméstico. Como exemplo, ele mencionou o setor de suco de laranja, que pode perder lucratividade e reduzir empregos. “No fim, temos um pouco menos de PIB e um pouco mais de inflação”, resumiu.

(Com informações do InfoMoney)

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