Para Fabio Kanczuk, do ASA, salto da moeda americana reflete aumento da chance de vitória de Lula em 2026
As recentes tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países vêm contribuindo para a valorização global do dólar. No entanto, no caso do Brasil — penalizado com uma tarifa de 50% por motivos políticos e ideológicos — a reação dos mercados teria extrapolado os fundamentos econômicos.
Segundo o economista Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central e atual diretor de macroeconomia do ASA Investments, a valorização cambial também está sendo lida como um indicativo do fortalecimento político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com reflexos na disputa eleitoral de 2026.
A análise foi apresentada nesta terça-feira (15) durante uma videoconferência. De acordo com Kanczuk, a oscilação do dólar tem funcionado como um "termômetro eleitoral" para o mercado financeiro. “O salto do dólar de R$ 5,45 para R$ 5,55 foi interpretado como um aumento de 10 pontos percentuais na probabilidade de reeleição do Lula — de 45% para 55%. Então é isso que o mercado e as pessoas estão enxergando. É consenso de analista”, afirmou.
O economista explicou que a moeda norte-americana não está reagindo apenas a dados de atividade ou indicadores externos. “O dólar vai mexer porque mexe no discurso político da situação, que ficou melhor. Aumentou a probabilidade de reeleição do Lula. E é isso que está fazendo o dólar andar — não é o econômico”, completou.
Efeitos limitados no PIB e inflação
Apesar do impacto simbólico das tarifas impostas por Trump, Kanczuk avalia que seus efeitos diretos sobre a economia brasileira são limitados. Ele estima que a redução no Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar entre 0,3% e 0,4%, já que os Estados Unidos representam menos de 2% do PIB brasileiro por meio das exportações. A estimativa é semelhante à da XP Investimentos.
Em relação à inflação, o efeito também seria pequeno. Isso porque a desaceleração afetaria principalmente a demanda externa, com reflexos indiretos no mercado doméstico. Como exemplo, ele mencionou o setor de suco de laranja, que pode perder lucratividade e reduzir empregos. “No fim, temos um pouco menos de PIB e um pouco mais de inflação”, resumiu.
(Com informações do InfoMoney)
Nenhum comentário:
Postar um comentário