quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Lula acena aos evangélicos e diz que vai transformar música gospel em patrimônio brasileiro

Pesquisa Quaest revelou que segmento evangélico ainda é aquele em que o presidente apresenta maior dificuldade eleitoral

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a 13ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos. Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) – Brasília (DF) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em reunião ministerial realizada nesta quarta-feira (17), a última de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou uma aproximação com o segmento evangélico ao anunciar a intenção do governo de transformar a música gospel em patrimônio cultural brasileiro. A declaração foi feita no contexto de um balanço político e econômico do ano, em meio à preparação do governo para o cenário eleitoral de 2026.

No discurso, Lula fez uma avaliação positiva do momento vivido pelo país, destacando avanços econômicos, institucionais e legislativos alcançados ao longo do ano.

Segundo o presidente, o governo conseguiu aprovar pautas consideradas estratégicas mesmo sem uma base parlamentar ampla. “Tudo aquilo que os analistas políticos achavam impossível acontecer num governo que tinha menos de 120 deputados numa Câmara de 513 e 14 ou 15 senadores num Senado de 81, aconteceu”, afirmou. Para Lula, os resultados foram fruto da articulação política e do diálogo constante com o Congresso Nacional.

O presidente também ressaltou a aprovação de medidas que classificou como sagradas”, entre elas a política tributária e mudanças no Imposto de Renda. “Aconteceu pela persistência de cada um de vocês, pela capacidade de conversa, de argumentação”, disse aos ministros, ao enfatizar a importância do diálogo como método de governo.

Ao mencionar conversas com líderes internacionais, Lula citou um diálogo com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para reforçar a defesa da diplomacia. “Eu falei para o Trump: fica mais barato conversar e menos sofrido do que guerra. Se a gente acreditar no poder do argumento, no poder da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países”, declarou.

Apesar do cenário que classificou como amplamente favorável, Lula reconheceu dificuldades na percepção pública dos avanços do governo. Segundo ele, a polarização política tem impacto direto nas pesquisas de opinião. “Existe uma polarização no país. É como se fosse Corinthians e Palmeiras, Ceará e Fortaleza, Grêmio e Internacional, Atlético Mineiro e Cruzeiro, Flamengo e Vasco”, comparou, ao afirmar que mudanças de posição tendem a ocorrer apenas em momentos decisivos, como as eleições.

O presidente afirmou que 2026 será decisivo para o debate político nacional. “O ano eleitoral vai ser o ano da verdade. Nós temos que criar a ideia da ‘hora da verdade’, para mostrar quem é quem nesse país”, disse, defendendo que o governo precisa comunicar melhor as transformações ocorridas em áreas como economia, educação, saúde e políticas de inclusão social.

Lula também reforçou o papel dos ministros e dos partidos aliados no processo eleitoral. “Cada ministro e cada partido vai ter que estar no processo eleitoral e vai ter que definir de que lado está. Será inexorável as pessoas definirem o discurso que vão fazer”, afirmou.

Ao final do discurso, o presidente destacou o que chamou de superação da invisibilidade social no país. “Nós acabamos com a invisibilidade do povo pobre desse país”, declarou. Em seguida, anunciou a iniciativa voltada ao segmento evangélico: “A última novidade, na semana que vem, é que nós vamos transformar a música gospel em patrimônio brasileiro. Vamos fazer um reconhecimento”.

Em tom descontraído, Lula ainda se dirigiu ao advogado-geral da União, Jorge Messias, ao comentar a futura medida. “Você pode estar preparado porque além de ser ministro da Suprema Corte, você vai poder cantar música gospel dentro do Palácio do Planalto”, disse, encerrando a fala com referência direta ao anúncio que dialoga com um dos grupos sociais apontados por pesquisas como o de maior resistência eleitoral ao presidente.

Fonte: Brasil 247

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