sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Trump usa navios de guerra para intimidar e ameaçar a América Latina, avalia o governo Lula

Percepção é de que Trump tenta emparedar governos que adotam postura independente em relação à Casa Branca

      Lula e Donald Trump (Foto: ABR | Reuters)

O envio de navios de guerra norte-americanos para a costa da Venezuela é visto pelo governo brasileiro como uma tentativa explícita de intimidação da América Latina. Segundo integrantes do Executivo ouvidos pela CNN Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, busca transmitir um recado direto aos países da região: se necessário, estaria disposto a recorrer ao uso da força para conter governos que adotem políticas contrárias aos interesses ideológicos ou econômicos de Washington. Entre as nações mencionadas estão Brasil, Colômbia, México e Panamá.

O Brasil, que tem resistido a iniciativas de interferência externa, figura entre os alvos dessa ofensiva política. Colômbia e México, liderados por governos de esquerda, também mantêm atritos importantes com Trump. No caso panamenho, apesar do governo de direita, há forte preocupação na Casa Branca com a presença chinesa em torno do Canal do Panamá e com o fluxo migratório pela região do Darién, considerado uma das principais rotas de entrada rumo à América do Norte.

Fontes do governo brasileiro destacam que, apesar da retórica agressiva, não há expectativa de que a Casa Branca ordene, neste momento, uma ação militar direta contra a Venezuela de Nicolás Maduro. A estratégia estaria mais voltada a demonstrar poder, reforçando a presença estadunidense com fuzileiros navais e embarcações de guerra para manter a região sob influência de Washington. Essa postura é comparada por analistas à antiga Doutrina Monroe, formulada no século 19 para consolidar o controle dos EUA sobre o continente.

Ainda conforme a reportagem, um dos principais articuladores dessa política de pressão é o secretário de Estado Marco Rubio. Filho de exilados cubanos que se opuseram à revolução de Fidel Castro, Rubio mantém histórico de forte hostilidade contra governos progressistas na América Latina e tem desempenhado papel central no endurecimento da diplomacia da Casa Branca.

Na Colômbia, as divergências estão relacionadas ao combate à produção de cocaína e à imigração. O presidente Gustavo Petro, um dos principais líderes da esquerda latino-americana, tem sido vocal em suas críticas a Trump, o que acirrou ainda mais a relação.

No México, governado por Claudia Sheinbaum, o impasse se concentra na crise migratória e no fentanil, droga que se tornou uma das maiores emergências de saúde pública nos EUA. Washington acusa os cartéis mexicanos de controlar a produção e distribuição da substância e critica o governo local pela falta de ação. Trump e Rubio chegaram a ameaçar o uso das Forças Armadas para bombardear instalações ligadas ao narcotráfico no país vizinho. Já o Panamá segue na lista de preocupações de Washington por conta do papel estratégico do canal interoceânico e do aumento da influência chinesa na região.

De acordo com as fontes consultadas pela CNN, todas essas movimentações fazem parte de um pacote maior da Casa Branca para reafirmar que os Estados Unidos não admitirão políticas que tirem a América Latina de sua órbita de influência.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

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