Presidente afirmou que a "crise" provocada por Trump é uma oportunidade única para o país; Lula também prometeu ampliar articulações contra tarifaço
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou duras crítricas, nesta quarta-feira (13), ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a representantes da extrema direita que articularam o tarifaço de 50% do país norte-americano contra produtos brasileiros.
Ao discursar na "4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária", no Palácio do Planalto, Lula, sem mencionar Eduardo Bolsonaro, criticou o parlamentar filho do ex-presidente por "instigar" a taxação.
Lula afirmou que prefere uma saída negociada, mesmo com o Brasil tendo suportado a interferência estrangeira maligna dos EUA. "Um presidente importante como o dos EUA não pode ter esse comportamento com o Brasil. São 200 anos de relações, até já perdoamos a participação deles no golpe de 1964", disse Lula.
Lula voltou a afirmar que, pela lógica apresentada pela Casa Branca para justificar o tarifaço, era o Brasil que deveria taxar os EUA, considerando que o país é deficitário na relação comercial com os norte-americanos.
"Agora, não é possível que, com o crescimento da extrema direita fascista do mundo, ter um presidente do país que é o nosso maior parceiro nas Américas dizendo que iria nos taxar por causa de um falso déficit. Nós que deveríamos taxar eles", disse.
Lula também desafiou os EUA, diante das ameaças contra o Brasil, e prometeu defender a soberania nacional em áreas estratégicas, como a comunicação via plataformas sociais. "Disseram que não podemos regular as big techs, mas vamos, porque quem está no Brasil tem que cumprir nossas leis. Se a empresa estiver no Brasil, será regulada. O outro absurdo é dizer que há uma perseguição contra o ex-presidente e que o Brasil não respeita os direitos humanos. Injusta a justiça foi comigo", afirmou.
Sobre sua prisão política, na época da finada Lava Jato, Lula reiterou as críticas ao período, mas reafirmou que, no caso de Jair Bolsonaro, o processo contra o ex-mandatário ocorre conforme os padrões jurídicos estabelecidos.
"Não tive direito à presunção de inocência. Se esse cidadão está num processo de investigação, ele será julgado não por uma denúncia de vocês ou do governo. O que acontece com ele é que seus próprios pares, como seu ajudante de ordens, o denunciaram. Ele tentou dar o golpe", disse.
Dirigindo-se a Trump, o presidente Lula criticou o comportamento do chefe da Casa Branca e pediu a ele que apresentasse negociadores. Lula também afirmou que o Brasil é mais democrático que os EUA em muitos aspectos, ao criticar um relatório de Washington sobre supostas "violações de direitos humanos" no Brasil.
"Isso não é forma de comportamento, civilidade, é um mau exemplo para a humanidade. Em muitas coisas o Brasil é mais democrático que os EUA. Me deixa pasmo", disse. "Queremos negociar, mas não tem ninguém para conversar", acrescentou.
Lula também acusou Trump de tentar "destruir o multilateralismo" e prometeu ampliar as articulações internacionais com países do BRICS, e além, contra o tarifaço global, exigindo respeito de Trump.
O presidente fez um apelo à população, para que ela enxergue a atual "crise" como um momento histórico de oportunidades únicas para a afirmação do Brasil como um país verdadeiramente soberano.
"Falei com os presidentes da China, Índia, Rússia e falarei com Alemanha, França e México. Não é correto, justo e honesto. Só quero que ele me respeite como presidente do meu país", disse Lula.
"Essa crise é uma provocação à nossa inteligência, à nossa capacidade, nosso sistema financeiro, nosso sistema de crédito, nossa economia solidária. É um desafio para fazer coisas novas", disse. "Toda crise é uma oportunidade para saírmos mais fortes", frisou.
Por fim, dirigindo-se a Trump, Lula deu um recado e destacou a força do Brasil: "o quilo de filé está caro por aí. Por aqui está baixando. Só falta baixar o café. As coisas vão acontecer. O desemprego é o menor da história".
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário