quinta-feira, 15 de maio de 2025

Agente da PF espionou delegado responsável pela posse de Lula

Wladimir Soares, denunciado por atuar no plano golpista, repassou informações sigilosas sobre a segurança presidencial ao núcleo ligado a Bolsonaro

Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

O agente da Polícia Federal Wladimir Soares, denunciado por participação em um plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também espionou um colega de corporação que atuava na operação de segurança da cerimônia em 2022, informa o g1. A informação consta na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (13).

Segundo a acusação, Wladimir enviou uma foto do delegado Cleyber Malta Lopes, então coordenador da operação de segurança da PF para a posse presidencial, ao assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro, Sérgio Rocha Cordeiro. A PGR afirma que Cordeiro era o elo direto de Wladimir com o núcleo palaciano da tentativa de golpe.

Além de vigiar o delegado Cleyber, o agente federal também repassou ao mesmo assessor dados e localização do sargento reformado Misael Melo da Silva, que integrava a equipe de segurança de Lula. As informações, de caráter sigiloso, teriam sido obtidas por Wladimir por meio de outros policiais da força tática envolvidos na operação.

A denúncia reforça que essas ações faziam parte do chamado “planejamento operacional Punhal verde amarelo”, nome atribuído ao plano golpista que previa até mesmo o assassinato do presidente eleito. Uma perícia da Polícia Federal em aparelhos eletrônicos de Wladimir revelou áudios em que ele menciona a existência de um grupo armado pronto para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com disposição para usar força letal. “A gente ia matar meio mundo”, afirmou o agente em uma das gravações.

Outro áudio mostra Wladimir lamentando o recuo de Jair Bolsonaro, que, segundo ele, não autorizou ações mais incisivas para impedir a posse. “Ele deu para trás”, diz.

O material periciado também revela conversas entre Wladimir e o delegado Flávio Rodrigues Calil Daher, da Superintendência da PF no Distrito Federal. Em 22 de dezembro, o agente envia um áudio a Calil dizendo:

“Professor Calil, meu irmão, boa noite. Meu filho, se por um acaso um desses ministros do STF forem ser presos, principalmente Alexandre de Moraes, pode saber que o senhor vai ser convocado para estar numa equipe desta. E o senhor estando numa equipe dessa, eu gostaria muito de estar na sua equipe, viu? Para fazer sua segurança.” O delegado responde: “Grande Wladmir! Estaremos eu e você!”

De acordo com a PGR, Wladimir confirmou que atuou na segurança da posse presidencial de 2022, sendo um dos responsáveis pela segurança fixa nos hotéis onde estavam hospedadas autoridades. No mesmo período, ele teria sido convidado para integrar uma equipe disposta a atuar na permanência de Jair Bolsonaro no poder.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

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