Aliados avaliam que disputa presidencial ficou mais difícil e governador de SP deve concorrer à reeleição em 2026
Após o impacto negativo causado pelo anúncio das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, a possibilidade de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disputar a reeleição em 2026 passou a ser considerada mais provável nos bastidores da política paulista. A informação foi divulgada pelo portal UOL.
O episódio do chamado “tarifaço”, oficializado no último dia 30, minou a imagem de Tarcísio como potencial candidato à Presidência. Segundo integrantes da base aliada e da oposição, a reação do governador ao caso — que incluiu críticas ao presidente Lula (PT) e silêncio sobre o envolvimento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na pressão internacional — gerou desgaste e reforçou a percepção de que ele estaria mais inclinado a buscar um segundo mandato no estado.
“Tarcísio está focado no trabalho dele, que é o estado de SP. Naturalmente, isso envolve a reeleição”, afirmou Guilherme Afif Domingos, secretário extraordinário de Projetos Estratégicos do governo paulista. Um deputado estadual próximo ao governador foi mais direto: “Ele é candidato à reeleição”.
A ligação com o bolsonarismo também passou a ser vista como um fator de risco. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro e ainda carrega forte associação com o ex-presidente. A tensão aumentou com as críticas públicas de Eduardo Bolsonaro, que, desde os Estados Unidos, acusou o governador de "subserviência servil às elites" por tentar negociar a revogação das tarifas.
Para o cientista político Fabrício Amorim, da PUC-SP, o atual cenário favorece uma candidatura de Tarcísio à reeleição. Ele destaca que o controle da máquina estadual, a rejeição à esquerda em São Paulo e a falta de um nome competitivo na oposição fortalecem essa possibilidade. “Levando em conta o atual contexto político pós-tarifaço, uma candidatura de Tarcísio de Freitas à reeleição ao governo do Estado seria uma saída honrosa, já que o cargo de governador por mais quatro anos valorizaria seu capital político, tornando-o nome natural para a disputa da presidência da República em 2030”, avalia.
Segundo Amorim, a relação com Eduardo Bolsonaro tende a permanecer conflituosa. “O deputado vê o governador como uma ameaça a seu próprio crescimento político. Daí, as críticas que Eduardo dispara e que deve continuar disparando enquanto Tarcísio tiver capital político relevante para disputas eleitorais.”
Desde o agravamento da crise, Tarcísio intensificou sua presença em cidades do interior paulista e ampliou o número de encontros com prefeitos. Somente em 2025, até 25 de julho, o governador já teve 32 agendas com prefeitos, superando o total de 2024 (26) e também de 2023 (29). De acordo com o governo estadual, “o fortalecimento da relação institucional entre o estado e os municípios é fundamental para que São Paulo siga avançando na direção certa”.
Na mesma linha, Tarcísio tem adotado um discurso de despolitização do problema comercial com os EUA, buscando se distanciar da polarização. “É a hora de deixar a política de lado, ver o interesse nacional, entender a natureza do movimento geopolítico que está em curso para que a gente busque o interesse nacional. Busque o interesse do país, vá para a mesa de negociação, deixando qualquer questão, deixando a ideologia, deixando diferenças de lado”, afirmou em entrevista coletiva em Rio Claro, no dia 22 de julho.
A ausência de Tarcísio no ato em apoio a Bolsonaro na avenida Paulista, no último domingo (3), também chamou a atenção. O governador alegou questões de saúde — ele se submeterá a uma cirurgia — mas lideranças do Republicanos avaliam que o evento servirá como “termômetro” para medir o impacto do apoio público ao ex-presidente e seu peso político real. A depender do resultado, o grau de exposição de Tarcísio ao bolsonarismo poderá ser ajustado nos próximos meses.
Fonte: Brasil 247 com informações do UOL