Lula se reuniu neste domingo com o vice-presidente Geraldo Alckmin para finalizar os termos do decreto de retaliação
Presidente Lula (Foto: Reprodução)
Em meio à crescente tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou um tom irônico e bem-humorado ao comentar a decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
“Eu vou levar essa jabuticaba pra você, Trump, e você vai perceber que o cara que come jabuticaba de manhã, num país que só ele dá jabuticaba, não precisa de briga tarifária, precisa de muita união e muita relação diplomática”, declarou Lula em um vídeo publicado neste domingo (13) pela primeira-dama Janja da Silva nas redes sociais.
A fala ocorreu em meio às articulações do governo brasileiro para formular uma resposta à medida norte-americana, que afeta produtos de setores estratégicos como café, suco de laranja, carne bovina e petróleo.
Ainda neste domingo, Lula se reuniu em Brasília com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para finalizar os termos do decreto de retaliação. Segundo Alckmin, o documento deve ser publicado até terça-feira (15), estabelecendo medidas de reciprocidade contra os Estados Unidos.
No sábado (12), Lula já havia se manifestado publicamente sobre a questão, subindo o tom ao defender a soberania brasileira. "A Justiça brasileira precisa ser respeitada. Somos um país grande, soberano, e de tradições diplomáticas históricas com todos os países. O Brasil vai adotar as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas", escreveu o presidente nas redes sociais.
Durante compromisso no Espírito Santo, na sexta-feira (11), Lula também afirmou que o Brasil responderá à ofensiva tarifária com base na Lei da Reciprocidade, dispositivo que autoriza a aplicação de medidas comerciais equivalentes contra países que prejudiquem o comércio nacional.
A decisão unilateral de Trump tem gerado reações em diferentes setores da política e da economia brasileira. O agronegócio, diretamente afetado, já pressionava o governo federal por uma resposta firme. Economistas e empresários, por sua vez, alertam para os impactos negativos da tarifa também para o consumidor norte-americano, como apontado pelo próprio Alckmin: "Essa medida prejudica não só o Brasil, mas também o consumidor americano."
A frase com a jabuticaba, fruta tipicamente brasileira e frequentemente usada como metáfora para situações que só ocorrem no Brasil, foi interpretada como um recado irônico, mas diplomático, de Lula a Trump. O gesto, ao mesmo tempo simbólico e provocativo, reforça o tom de resistência que o governo brasileiro pretende adotar nas negociações.
Enquanto isso, a expectativa é de que o decreto de retaliação brasileira traga medidas duras, mas alinhadas às regras internacionais do comércio, numa tentativa de pressionar Washington a rever sua decisão sem escalar o conflito a níveis mais graves.
Fonte: Brasil 247