sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

PF aponta articulações políticas e financeiras que ligam Weverton Rocha a fraudes no INSS

Investigação detalha vínculos de senador com suspeitos de fraudes em descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS

       Weverton Rocha (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

A Polícia Federal avançou na apuração de um esquema de descontos associativos fraudulentos aplicados a aposentadorias e pensões do INSS e identificou uma complexa rede de relações políticas, empresariais e funcionais em torno do senador Weverton Rocha (PDT-MA). As investigações indicam que o parlamentar teria se beneficiado de recursos desviados e exercido papel central na sustentação política de personagens-chave do grupo investigado.

As informações constam de decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação policial. No documento, o magistrado afirma que os principais investigados mantinham vínculos estreitos com agentes políticos, em especial um senador da República, apontado como peça fundamental para dar respaldo institucional à operação criminosa.

Segundo a Polícia Federal, Weverton Rocha é descrito como “liderança e sustentáculo das atividades empresariais e financeiras” de Antônio Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, considerado figura central no esquema. A representação policial sustenta que o senador teria atuado como “beneficiário final (‘sócio oculto’) de operações financeiras estruturadas pela organização criminosa”, com recebimento de recursos ou vantagens por meio de interpostas pessoas, incluindo assessores parlamentares.

Na decisão, André Mendonça destaca que essa estrutura ampliava a capacidade de influência e de blindagem institucional do grupo. “A Polícia Federal destaca, ainda, que os principais investigados mantinham vínculos estreitos com agentes políticos, especialmente um Senador da República, que figuraria como ‘sustentáculo político’ da operação criminosa”, afirmou o ministro.

Um dos nomes citados no entorno do senador é o empresário Gustavo Marques Gaspar, que atuou como assessor de Weverton entre 2019 e 2023. Descrito pela PF como braço direito do parlamentar nos bastidores, Gaspar é apontado como integrante do “núcleo político-institucional” da organização criminosa, com participação relevante em práticas de lavagem de dinheiro, ocultação patrimonial e articulação política.

De acordo com a investigação, Gaspar foi nomeado assistente parlamentar sênior na liderança do PDT pelo próprio Weverton, quando o senador comandava a bancada do partido. A PF sustenta que ele possuía “capacidade de articulação institucional e inserção em ambientes decisórios de relevo político”, o que teria ampliado seu potencial de atuação no esquema ilícito. A decisão judicial menciona ainda registros de pagamento de propina no valor de R$ 100 mil em favor de “Gasparzinho”, identificados em planilhas apreendidas na residência de Antônio Camilo Antunes, referência que os investigadores associam a Gustavo Gaspar.

As apurações também indicam que Gaspar esteve no gabinete do então secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal, acompanhado do “Careca do INSS”. Adroaldo foi exonerado do cargo após ser alvo da operação e é outro personagem com histórico de ligação com Weverton Rocha, tendo atuado como assessor do senador entre 2019 e 2023 antes de ocupar cargos de direção no ministério, chegando ao posto de número dois da pasta.

A Polícia Federal descreve ainda movimentações financeiras consideradas suspeitas envolvendo Adroaldo Portal, seu filho Eduardo Portal e uma chefe de gabinete no Ministério da Previdência que também já foi assessora de Weverton. Eduardo Portal exerce a função de ajudante parlamentar intermediário no gabinete do senador desde junho de 2023.

Em nota, Weverton Rocha afirmou que “recebeu com surpresa a busca na sua residência” e declarou que irá colaborar com as investigações para o esclarecimento dos fatos. “Confio plenamente nas instituições e no Estado Democrático de Direito, reafirmando meu respeito ao trabalho da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal. Ressalto que a decisão da Corte é clara ao reconhecer a ausência de provas que me vinculem a práticas ilícitas ou ao recebimento de recursos irregulares. Relações profissionais de terceiros não podem ser usadas para me imputar responsabilidade sem fatos concretos”, disse o senador.

Apesar de reconhecer a existência de “fortes indícios” de envolvimento do parlamentar no esquema, o ministro André Mendonça negou o pedido de prisão preventiva de Weverton Rocha, avaliando que a medida teria “efeitos drásticos”. Na decisão, ele ressaltou que o Ministério Público Federal se manifestou contra a prisão, ao considerar que “o panorama probatório apresentado é assentado em inferências ainda não consolidadas”.

O MPF afirmou que, até o momento, não foi demonstrado vínculo direto entre o senador e a execução das condutas ilícitas nem o recebimento de valores irregulares. “O simples fato de ex-assessores terem sido destinatários de valores não autoriza, automaticamente, a extensão de responsabilidade ao titular do mandato sem base fática robusta que o vincule”, pontuou o órgão, destacando que os elementos disponíveis ainda são frágeis para sustentar uma acusação formal.

Fonte: Brasil 247

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