terça-feira, 9 de setembro de 2025

Ministros do STF aguardam retratação de Tarcísio após ataque em discurso no 7 de Setembro

Governador ofendeu toda a Corte ao chamar ão do governador de São Paulo, que Alexandre de Moraes de “tirano”

     Tarcísio de Freitas (Foto: Reprodução Youtube)

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve procurar a corte nos próximos dias para dar explicações sobre seu discurso radicalizado na manifestação do último domingo (7), em São Paulo. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo.

Passadas mais de 24 horas do ato, não houve contato direto entre o governador e os integrantes do tribunal — apenas interlocutores tentaram amenizar os efeitos das declarações. Durante o evento na avenida Paulista, Tarcísio fez seu ataque mais duro contra o STF e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que pode levar Jair Bolsonaro (PL) à prisão. O governador chamou Moraes de “tirano”, defendeu uma anistia “ampla e irrestrita” para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro e afirmou: “Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega”.

⊛ Reações no Supremo

O tom do governador repercutiu fortemente entre os ministros da Suprema Corte. Gilmar Mendes, decano do tribunal, reagiu nas redes sociais ao afirmar que crimes contra o Estado democrático de Direito não podem ser anistiados e reforçou: “No Brasil, não há ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos”. Já o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou em entrevista à coluna de Mônica Bergamo que a comparação com a ditadura é descabida. “Por ora, o que posso dizer é que, tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia”, afirmou. Nos bastidores, três ministros ouvidos pela Folha interpretaram que a radicalização de Tarcísio foi proposital, com cálculo político. A avaliação é de que o governador busca se posicionar como herdeiro natural do bolsonarismo nas eleições de 2026, à espera do aval de Bolsonaro.

⊛ Estratégia política e desconforto entre aliados

Aliados de Tarcísio, também em caráter reservado, disseram que o governador ficou incomodado com a repercussão negativa no Judiciário. Um deles afirmou que o político “subiu mais o tom do que deveria”, ainda que fosse necessário marcar posição em defesa de Bolsonaro. Outro interlocutor avaliou que, embora a fala tenha sido dura, não há rompimento com o Supremo.

Ainda assim, ministros da Corte consideraram a postura um “lamentável alinhamento” com figuras como o pastor Silas Malafaia, conhecido por ataques frontais ao Judiciário. Essa mudança de tom contrasta com o perfil moderado que Tarcísio vinha cultivando e que lhe garantia algum trânsito dentro do tribunal, mesmo sob críticas de alas mais radicais do bolsonarismo, como a do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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