quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Exército Brasileiro mantém contrato com fintech suspeita de atuar para o PCC e analisa rescisão

Contrato firmado com a BK Bank envolve fornecimento de máquinas de cartão. Instituição é alvo de investigações da Polícia Federal

       Militares do Exército Brasil (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O Exército Brasileiro firmou um contrato com a fintech BK Instituição de Pagamento S.A., mais conhecida como BK Bank, que está sendo investigada por suspeitas de atuar como banco paralelo do PCC (Primeiro Comando da Capital), informa a Folha de S. Paulo. O acordo, assinado em 4 de agosto, tem duração de um ano e valor de R$ 18 mil, com o objetivo de fornecer máquinas de cartão de crédito e débito para a Biblioteca do Exército, que comercializa livros por meio de seu site, lojas físicas e feiras. No entanto, a relação entre a instituição militar e a fintech começou a ser questionada após a BK Bank se tornar um dos principais alvos de investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, no dia 28 de agosto, relacionadas a uma possível infiltração do PCC no setor de combustíveis e no sistema financeiro.

O Exército divulgou uma nota afirmando que abriu um processo administrativo para investigar um possível descumprimento contratual por parte da fintech, após tomar conhecimento das operações de investigação e ser informada pela própria BK Bank sobre o bloqueio das contas e a impossibilidade de cumprir o contrato. O Exército esclareceu que, inicialmente, o processo de contratação da empresa foi realizado por meio de um pregão eletrônico, mas foi alterado para uma dispensa eletrônica, a pedido da Consultoria-Geral da União, devido ao baixo valor do contrato. Segundo a instituição militar, a BK Bank apresentou toda a documentação exigida e fez a proposta mais vantajosa entre as pesquisadas.

Em uma nota, a BK Bank, representada pelo escritório Fernando José da Costa Advogados, manifestou surpresa com a inclusão da empresa nas investigações e afirmou que está colaborando integralmente com as autoridades. A fintech também reforçou que é "devidamente autorizada, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil" e que conduz suas atividades com "total transparência", seguindo rigorosos padrões de compliance. No entanto, a investigação revelou que a BK Bank tem sido acusada de movimentar quantias expressivas de recursos não rastreáveis, com transações suspeitas envolvendo a circulação de valores provenientes de atividades ilícitas, como a venda clandestina de metanol desviado.

Desde 2019, a fintech tem firmado contratos com diversas instituições públicas, totalizando R$ 555 milhões em acordos com órgãos do Estado. Entre os contratos suspensos, destacam-se o dos Correios, no valor de R$ 56,8 milhões, e o do Serpro, empresa vinculada ao Ministério da Fazenda, com um contrato de R$ 271,9 mil. Além disso, a BK Bank possui contratos em vigor com a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. A Receita Federal, em seus levantamentos, apontou que a fintech atuaria como um "banco paralelo" para o PCC e teria movimentado cerca de R$ 46 bilhões de 2020 a 2024, sem rastreamento adequado.

A BK Bank é investigada como peça central em um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, relacionado ao desvio de metanol e à adulteração de combustíveis. A instituição financeira é acusada de usar um mecanismo conhecido como "contas-bolsão", por meio do qual concentra depósitos de múltiplos clientes em uma única conta, dificultando a rastreabilidade do dinheiro envolvido.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário