terça-feira, 12 de agosto de 2025

Lula não deverá se encontrar com Donald Trump na ONU, afirma Celso Amorim

Assessor especial da Presidência diz que reunião entre os líderes só ocorrerá se houver “gestos que justifiquem” a aproximação

                       Celso Amorim (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Em meio ao aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, declarou que um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente norte-americano Donald Trump, durante a 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, prevista para setembro, não está previsto na agenda do governo brasileiro. A declaração foi dada em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (11), de acordo com a CNN Brasil.

Segundo Amorim, a tradição da ONU coloca o Brasil como primeiro orador na sessão de abertura e os Estados Unidos como segundo, o que pode gerar uma oportunidade casual de contato, mas não garante uma reunião oficial. “[Lula e Trump] podem se encontrar, podem não se encontrar. Eu acho que o presidente Lula será sempre cortês porque é da natureza dele. Agora, hoje, eu não creio que esteja nos planos pedir um encontro”, afirmou.

Apesar da ausência de previsão formal, Amorim ponderou que o cenário pode mudar caso ocorram sinais claros de disposição para um diálogo mais próximo. “Nada é imutável”, disse, destacando que um gesto concreto poderia abrir caminho para conversas diretas entre os dois presidentes.

O diplomata também reagiu às declarações do vice-secretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, classificando-as como “totalmente inaceitáveis”. Na semana passada, Landau escreveu, sem citar diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que um magistrado teria destruído “o relacionamento historicamente próximo do Brasil com os Estados Unidos”.

A manifestação do Itamaraty veio no último sábado (9), em nota que tratou a declaração como “novo ataque à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde venham”.

Amorim elogiou a postura do Ministério das Relações Exteriores e levantou a possibilidade de que tais declarações façam parte de uma estratégia calculada. “Eu até me pergunto se elas [as declarações] são inaceitáveis de propósito para provocar uma ação mais radical e justificar uma escalada por parte deles”, afirmou.

Questionado sobre o tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros, Amorim ressaltou que “devem existir setores nos EUA que desejam que o Brasil adote alguma medida que pareça um rompimento de relações. Acho que precisamos defender o nosso interesse com energia e força, mas sem escorregar nas cascas de banana que surgem pelo caminho”.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário