Navios transportando 4.500 militares, incluindo 2.200 fuzileiros navais devem chegar à costa da Venezuela ainda neste domingo
Os Estados Unidos determinaram o deslocamento de um esquadrão anfíbio para o sul do Caribe, em mais um movimento do presidente Donald Trump contra cartéis de drogas latino-americanos. A informação foi revelada por duas fontes à agência Reuters nesta quarta-feira (14). De acordo com as fontes ouvidas pela agência, que pediram anonimato, três navios — USS San Antonio, USS Iowa Jima e USS Fort Lauderdale — devem chegar à costa da Venezuela ainda neste domingo. Juntas, as embarcações transportam cerca de 4.500 militares, incluindo 2.200 fuzileiros navais.
O envio da frota se insere na estratégia de Trump de endurecer o combate ao narcotráfico e reforçar a segurança na fronteira sul. Em fevereiro, Washington classificou o Cartel de Sinaloa, no México, e o grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua como organizações terroristas internacionais. No mesmo período, dobrou para US$ 50 milhões a recompensa pela captura do presidente venezuelano Nicolás Maduro.
A missão específica do esquadrão não foi detalhada pelas fontes, mas o governo norte-americano afirma que as operações recentes são parte da repressão a “organizações narcoterroristas”. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, os EUA estão dispostos a utilizar “toda a força” contra o regime de Maduro, embora analistas avaliem que a presença naval tenha sobretudo caráter dissuasório.
De Caracas, a resposta foi imediata. Maduro anunciou uma mobilização em larga escala da Milícia Bolivariana, criada ainda no governo de Hugo Chávez como apoio às Forças Armadas. Segundo o presidente venezuelano, mais de 4,5 milhões de voluntários serão ativados em um plano especial de defesa nacional.
“Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de voluntários, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas”, declarou Maduro. O líder ainda ressaltou: “Nenhum império tocará a terra sagrada da Venezuela, nenhum império no mundo pode tocar a terra sagrada da América do Sul”.
Além disso, Maduro detalhou que a defesa incluirá a mobilização de milícias camponesas e operárias, com armamento fornecido a trabalhadores em fábricas e centros produtivos. O governo venezuelano classifica a medida como uma resposta às “ameaças” de Washington.
Para o professor Vitelio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, ouvido pelo g1, o envio da frota representa uma mensagem de intimidação, não necessariamente uma operação para derrubar Maduro.
“O que os EUA estão fazendo é emitir um sinal de força e um meio de coerção com capacidade para ataques pontuais, se autorizados, e não uma arquitetura completa de mudança de regime”, explicou. Segundo ele, Caracas também explora politicamente a crise, buscando consolidar apoio interno ao elevar os custos de uma possível ação militar estadunidense.
A movimentação de navios norte-americanos e a reação venezuelana aumentam os riscos para a navegação no Caribe e no Atlântico próximo. Especialistas destacam que operações anfíbias com fuzileiros oferecem flexibilidade para evacuações, missões de precisão e projeção de força, mas dependem de objetivos políticos claros.
Até o momento, a análise predominante é de que a presença militar funciona como instrumento de pressão, tanto contra atividades ilícitas na região quanto contra o governo Maduro, elevando a tensão geopolítica em uma das áreas mais estratégicas do continente.
Fonte: Brasil 247 com informações do G1
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