Pesquisa mostra empate entre os que defendem a prisão e os que querem o ex-presidente livre, enquanto Trump pressiona com sanções contra o Brasil
A nova pesquisa do Datafolha, divulgada pela Folha de S.Paulo, revela que a sociedade brasileira está profundamente dividida sobre o destino de Jair Bolsonaro (PL) diante do julgamento que apura sua participação na trama golpista de 2022. Segundo o levantamento, 48% dos entrevistados defendem que o ex-presidente seja preso, enquanto 46% querem que ele permaneça em liberdade. No entanto, a percepção predominante é de que Bolsonaro escapará da cadeia: 51% dos brasileiros acreditam que ele não será preso.
O levantamento foi realizado na terça (29) e na quarta-feira (30), com 2.044 entrevistados, e possui margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em comparação à pesquisa de abril, houve uma inversão dentro do limite da margem de erro: antes, 52% defendiam a prisão de Bolsonaro e 42% eram contrários. Agora, há um empate virtual, refletindo uma mudança momentânea de ânimos.
◈ Contexto internacional e pressão dos EUA
A divulgação da pesquisa ocorre em meio à crise diplomática entre Estados Unidos e Brasil. O presidente americano Donald Trump, em seu segundo mandato desde 2025, encampou o discurso de que Bolsonaro é vítima de perseguição política. O republicano chegou a usar esse argumento para justificar tarifas mais altas sobre produtos brasileiros, aumentando a tensão bilateral.
A ofensiva de Trump é sustentada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se mudou para os Estados Unidos para liderar uma campanha em favor da anistia do pai. Paralelamente, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator do processo, tornou-se alvo direto do presidente americano. Moraes teve o visto americano revogado e, recentemente, foi incluído em uma lista de sanções dos EUA que congela bens de estrangeiros acusados de violar direitos humanos — uma norma originalmente desenhada para ditadores e criminosos internacionais. A medida deve ser contestada na Justiça por ilegalidade.
◈ Julgamento e acusação no Brasil
Bolsonaro será julgado no Supremo Tribunal Federal sob acusação de ter fomentado uma conspiração para se manter no poder após ser derrotado pelo presidente Lula (PT) no segundo turno de 2022. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, a articulação envolveu políticos e militares, mas fracassou e desaguou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Se condenado, o ex-presidente pode enfrentar uma pena que varia de 12 a 43 anos de prisão. Bolsonaro nega todas as acusações e mantém o discurso de perseguição política, que encontrou eco junto à base bolsonarista e na articulação internacional liderada por Trump.
◈ Quem quer ver Bolsonaro preso
A pesquisa Datafolha também mostrou divisões regionais e sociais. Os que mais defendem a prisão do ex-presidente são eleitores que ganham até dois salários mínimos, nordestinos e apoiadores do PT. Já o apoio à inocência de Bolsonaro é maior entre evangélicos, moradores do Sul e integrantes da classe média mais baixa que se identificam com o bolsonarismo.
Apesar das tensões políticas e internacionais, a expectativa majoritária segue a de que o julgamento em setembro não levará à prisão do ex-presidente, reforçando a percepção de impunidade que persiste em parte da opinião pública.
Fonte: Brasil 247
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